Os 5 Pontos da Arquitetura Moderna que Revolucionaram a Construção Civil

5 pontos modernismo Le Corbusier5 pontos modernismo Le Corbusier

Será que alguma vez foi necessário resumir o Movimento Moderno? Bem, talvez foi preciso, sim, para explicar sua “simplicidade” e convencer as pessoas de que seus princípios têm mais do que lógica, mas coerência com os novos tempos. Foi isso que fez o arquiteto suíço Le Corbusier em 1926 em uma publicação especial.

Le Corbusier traduziu a engenharia e arquitetura moderna em cinco pontos: planta livre, fachada livre, pilotis, terraço jardim e janelas em fita. E isso, por algum motivo, serviu praticamente de guia para vários profissionais por muitas décadas – que encararam as orientações como se fossem uma cartilha de regras -, ainda impactando produções até os dias atuais. Entenda melhor o caso no artigo a seguir, do Engenharia 360!

Explicações dos cinco pontos da construção moderna 

Os cinco pontos da nova construção civil são o resultado de pesquisas realizadas nos anos iniciais da carreira de Le Corbusier. O texto final foi publicado na revista L’Esprit Nouveau. Tais conceitos abordados permitiram tornar os elementos construtivos do projeto independentes uns dos outros, possibilitando maior liberdade de criação, assim foi dito pelos engenheiros e arquitetos na época.

O objetivo de Le Corbusier era adequar melhor as construções das cidades aos novos tempos, às novas necessidades impostas pela modernidade, com um olhar no futuro. Era uma nova perspectiva e ideia para a ocupação dos terrenos.

5 pontos modernismo Le Corbusier
Imagem reproduzida de ResearchGate

1. Planta Livre

O conceito de planta livre se traduz por um modelo de planta baixa que não possui barreiras estruturais significativas, permitindo que possa ser personalizada de acordo com as necessidades e preferências do projetista ou seu cliente. Isso seria possível porque, nesse caso, as paredes não exercem função estrutural; assim, as colunas de sustentação ficam visíveis e independentes. É a situação ideal para lofts, apartamentos e espaços de escritórios.

Vale destacar que, com planta livre, os ambientes parecem maiores e mais claros. O mobiliário é que assume a definição de destinação de cada espaço. Fechamentos podem ser feitos com drywall. E o único desafio é obter privacidade e isolamento acústico por conta da ausência de paredes.

2. Fachada Livre

Mais uma vez, por conta da independência da estrutura, a fachada pode ser projetada sem impedimento – sendo totalmente fechada, com aberturas em diferentes tamanhos ou posições, ou ainda total com pele de vidro.

3. Pilotis

Esse sistema, com coluna substituindo paredes na sustentação, serve para elevar os prédios do chão, permitindo o trânsito por debaixo dos mesmos. Então, o espaço térreo fica mais livre, proporcionando visão ampla e mais espaço físico. Áreas assim podem ser usadas nas residências como zonas de circulação de pessoas e garagens. De todo modo, é um jeito de gerar maior conexão entre o espaço público da rua e o espaço privado do edifício.

4. Terraço jardim

Com terraço jardim, o telhado se transforma em espaços de lazer úteis para os usuários. É uma forma de se “recuperar” o solo ocupado pelo prédio, “transferindo” para cima o que havia embaixo. Por exemplo, muitas plantas, bancos de jardim, áreas de interação social, contemplação e muito mais.

5. Janelas em fita

Por último, a possibilidade também de ter a janela livre, permitindo que, dos interiores, as pessoas tenham relação desimpedida com a paisagem. De quebra, os ambientes ganham mais iluminação. Pode-se brincar com as possibilidades, criando geometrias variadas, como rasgos diferentes e muito vidro.

O exemplar mais notável de Le Corbusier: Ville Savoye

Se quer entender os cinco pontos da construção destacados por Le Corbusier, você precisa conhecer seu projeto para Ville Savoye, em Poissy, do ano de 1932. Essa casa, localizada nos arredores de Paris, é, provavelmente, o melhor exemplo de engenharia moderna.

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Imagem de Alessio antonietti em Wikipédia – https://it.wikipedia.org/wiki/Villa_Savoye#/media/File:Villa_savoye_veduta_.JPG

A planta livre desta habitação demonstra bem a coerente exploração das novas possibilidades oferecidas pelo uso do concreto nas estruturas. Veem-se muitas colunas e paredes levemente curvadas, que ostentam essa liberdade da função de suportar o peso.

É possível que Le Corbusier tenha partido de um sistema regular, mas, durante o desenvolvimento do projeto, tenha sentido o impulso não só de adaptar as paredes às posições das colunas, mas também de deslocar as colunas em relação às paredes para obter a configuração correta.

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Imagem reproduzida de Archi-Monarch
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Imagem reproduzida de WikiArquitectura

Para muitos, a Ville Savoye é uma “máquina branca”, uma “nave espacial” que aterrissou em outro planeta em meio à natureza da França. Talvez esse possa ser, afinal, o resumo da arquitetura do século XX.

A saber, são outros designers expoentes do movimento moderno ao lado de Le Corbusier: Mies van der Rohe, Frank Wright e Oscar Niemeyer.

Exemplos do Modernismo no Brasil

O discurso de Le Corbusier sobre os cinco pontos da nova arquitetura se tornou bem popular. Com o passar das décadas, apesar das novas tecnologias, materiais e necessidades da sociedade, pudemos ver o “passo a passo” sendo repetido em muitos projetos ao redor do mundo, inclusive no Brasil. Confira exemplos:

1. Edifício Copan em São Paulo

Projetado por Oscar Niemeyer com apoio do arquiteto Carlos Alberto Cerqueira Lemos, entre os anos de 1951 e 1966. O prédio é imponente, de linhas curvas, com fachada livre e repleto de janelas, é considerado uma área difícil do Brasil em estrutura de concreto.

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Imagem de Pablo Trincado em Wikipédia – https://pt.wikipedia.org/wiki/Edif%C3%ADcio_Copan#/media/Ficheiro:Edif%C3%ADcio_Copan_-_frente.jpg

2. Museu de Arte da Pampulha (MAP) em Minas Gerais

Outro projeto de Niemeyer inspirado na ideia de fachada livre – esse modelado por planos espelhados. Possui pilotis na entrada.

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Imagem de Rodrigo Denúbila em Wikipédia – https://pt.wikipedia.org/wiki/Museu_de_Arte_da_Pampulha#/media/
Ficheiro:Museu_de_Arte_da_Pampulha_1.jpg

3. Palácio do Alvorada em Brasília

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Imagem de Robotmensch em Wikipédia – https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Pal%C3%A1cio_da_Alvorada,_Presidential_residence,_1957.jpg

4. Palácio Capanema no Rio de Janeiro

Conhecido também como Ministério da Educação e Cultura (MEC). O icônico palácio Capanema possui base em pilotis, fachadas envidraçadas e ainda recebeu terraço jardim desenhado por Burle Marx.

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Imagem de Henrique Liberal em Wikipédia – https://en.wikipedia.org/wiki/Gustavo_Capanema_Palace#/media/
File:Vista_da_fachada_sul_do_Pal%C3%A1cio_Gustavo_Capanema.jpg

5. Congresso Nacional em Brasília

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Imagem de Leandro Ciuffo em Wikipédia – https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Congresso_Nacional_Brasil.jpg

6. Catedral de Brasília

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Imagem de Prandrade em Wikipédia – https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Catedral_Metropolitana_de_Bras%C3%ADlia_2.jpg

7. Casa de Vidro em São Paulo

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Imagem de PCPetrachini em Wikipédia – https://pt.wikipedia.org/wiki/Casa_de_Vidro#/media/Ficheiro:Casa_de_Vidro_13.jpg

8. SESC Pompeia em São Paulo

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Imagem de Thomas Hobbs em Wikipédia – https://pt.wikipedia.org/wiki/Sesc_Pompeia#/media/Ficheiro:SESCPompeia.jpg

9. Museu de Arte de São Paulo (MASP)

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Imagem de Wilfredor em Wikipédia – https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:MASP_Brazil.jpg

10. Museu de Arte do Rio de Janeiro

Para finalizar, trazemos para este texto um exemplo mais atual, o projeto do Museu de Arte do Rio de Janeiro, de Bernardes + Jacobsen Arquitetura, do ano de 2013. Esta obra une, por meio de uma cobertura em linhas fluidas e forma abstrata, três construções de características arquitetônicas distintas. Ela faz parte de um grande plano de intervenção na região central e antiga da cidade.

Na área de pilotis, encontra-se um grande foyer e exposições de esculturas. O fechamento da nova fachada é por perfis de vidro translúcido, tornando visível o sistema estrutural de colunas recuadas e revelando justamente os pilotis.

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Imagem de Mario Roberto Durán Ortiz em Wikipédia – https://pt.wikipedia.org/wiki/Museu_de_Arte_do_Rio#/media/
Ficheiro:Pra%C3%A7a_Mau%C3%A1_11_2015_Rio_708.JPG

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Fontes: Livro Lições de Arquitetura (Herman Hertzberger, 2ª ed. – São Paulo: Martins Fontes, 1999).

Imagem de capa: https://de.wikipedia.org/wiki/Villa_Savoye#/media/Datei:Villa_Savoye_2015.jpg

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