Eventos, turismo e beleza: como empresas estão apostando na diversificação

O mercado de eventos, turismo e beleza no Brasil está em constante transformação. A mais recente edição do programa Money Report, exibido na BM&C News, trouxe um debate enriquecedor sobre empreendedorismo, inovação e os desafios para empresas desses setores. Os convidados Aldo Leone, CEO da Agaxtur, Hugo Rodrigues, chairman da WMcCann, e Sheila Makeda, fundadora da Makeda Cosméticos, compartilharam suas experiências sobre crescimento de mercado, digitalização e as oportunidades que surgem para quem busca se reinventar.

Aquisição e expansão: eventos como estratégia de crescimento

Aldo Leone revelou um movimento estratégico da Agaxtur, que adquiriu 51% da Uma Diversidade, empresa especializada em eventos. Com essa iniciativa, o grupo amplia sua atuação para além do turismo, integrando soluções de live marketing, convenções e feiras. Segundo Leone, os eventos corporativos têm crescido mais que o próprio setor de viagens, tornando-se essenciais para a relação entre empresas e consumidores no pós-pandemia.

“Os eventos são a única forma de relacionamento entre as pessoas sem considerar o home office. O setor cresce porque é fundamental para criação de conexões e fortalecimento de marcas“, destacou Leone.

Diversificação e novos formatos no mercado publicitário

O chairman da WMcCann, Hugo Rodrigues, comentou sobre a evolução do setor publicitário, que deixou de ser dominado apenas por criativos e passou a envolver um ecossistema diversificado de especialistas. Ele citou a recente aquisição do grupo IPG pelo Omnicom, o que reflete um cenário de maior integração entre grandes players.

“O protecionismo estagna. Quando uma empresa de eventos entra na publicidade ou uma de turismo investe em eventos, isso fomenta a evolução do mercado. A concorrência nos desafia a entregar algo melhor ao cliente“, afirmou Rodrigues.

Mercado de beleza: inclusão e personalização

Sheila Makeda trouxe um olhar diferenciado sobre o setor de cosméticos, enfatizando a importância da representatividade para o público negro. Fundadora da Makeda Cosméticos, ela destacou que 56% da população brasileira tem cabelos crespos ou cacheados, mas as grandes marcas demoraram a perceber o potencial desse mercado.

“O comportamento mudou. Antes, existia uma padronização em torno do alisamento. Hoje, consumidores exigem produtos de qualidade para seus cabelos naturais. E eu vejo isso não como concorrência, mas como um mercado próspero, com espaço para todos“, ressaltou Makeda.

Turismo brasileiro: desafios e potencial de crescimento

Apesar do Brasil ser um país com enorme potencial turístico, ainda está atrás de destinos como Buenos Aires em atração de turistas internacionais. Para Leone, isso se deve à falta de uma política governamental consistente para o setor. Ele citou a realização da COP-30 em Belém como exemplo de evento internacional que enfrenta desafios estruturais.

“O Brasil é um país de administradores do caos. Historicamente, no final, as coisas dão certo, mas sempre com improvisação“, ironizou Leone, referindo-se às soluções de última hora para eventos de grande porte.

Tecnologia, digitalização e impacto no consumo

O impacto das plataformas digitais no comportamento do consumidor foi outro ponto abordado no programa. Sheila Makeda destacou que, apesar do crescimento das vendas online, muitas consumidoras ainda preferem testar produtos fisicamente antes de efetivar a compra.

“O digital é essencial, mas o toque, o cheiro e a experiência ao vivo ainda fazem diferença, especialmente no mercado de beleza“, explicou Makeda.

Rodrigues complementou afirmando que a era da hiperpersonalização exige uma abordagem que una tecnologia e atendimento humanizado.

“O algoritmo direciona o consumidor, mas ainda não substitui a percepção humana sobre as reais necessidades dos clientes“, pontuou o chairman da WMcCann.

Tendências e perspectivas

O debate trouxe insights valiosos sobre o futuro do mercado de eventos, turismo e beleza. A interseção entre setores, o impacto da digitalização e a crescente busca por personalização mostram que as empresas precisarão se reinventar constantemente para atender às expectativas de um consumidor cada vez mais exigente.

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