Alunos que compartilharam agulha no ES: o que se sabe até agora


Professor furou o dedo de mais de 40 estudantes usando o mesmo objeto pontiagudo para fazer testes de sangue em aula de Química. Autoridades de Saúde acompanham e polícia investiga o caso. Professor usa mesma agulha para furar dedos de mais de 40 alunos em escola
Aulas práticas de química em que os alunos aprenderam sobre tipos sanguíneos viraram caso de polícia no Espírito Santo depois que o professor usou o mesmo objeto pontiagudo para furar os dedos de mais de 40 estudantes. O caso aconteceu na última sexta-feira (14) em Laranja da Terra, na região Serrana do estado.
Confira abaixo o que já se sabe sobre o caso e o que ainda precisa ser esclarecido.
Que objeto foi usado para furar os dedos dos alunos?
Como aconteceu o compartilhamento do objeto?
Quantos alunos foram furados com o mesmo objeto?
Quais as idades dos alunos?
Qual o estado de saúde dos alunos?
Por que os alunos aceitaram participar da atividade?
Como o caso chegou às autoridades?
O que aconteceu com o professor?
O que dizem as autoridades?
1 – Que objeto foi usado para furar os dedos dos alunos?
Secretaria de Educação diz que alunos foram furados com lanceta compartilhada em escola do ES
Reprodução/TV Gazeta
Inicialmente, os pais dos alunos relataram as autoridades que uma agulha havia sido usada pelo professor para furar os dedos dos alunos.
Na tarde desta terça-feira (18), porém, a Secretaria de Estado de Educação do Espírito Santo (Sedu) informou que o objeto utilizado era uma lanceta, que é um tipo de dispositivo equipado com uma pequena agulha de aço estéril e descartável.
No entanto, a pedido da TV Gazeta, médicos analisaram o vídeo em que os alunos têm os dedos furados e disseram não terem identificado o objeto pontiagudo que aparece nas imagens como uma lanceta.
2 – Como aconteceu o compartilhamento do objeto?
O objeto pontiagudo foi usado por um professor de Química durante aulas de Práticas Experimentais em Ciências. O professor furou os dedos dos alunos para coletar amostras de sangue que foram analisadas nos microscópios do laboratório da escola. Nas atividades os estudantes aprenderam sobre tipos sanguíneos.
3 – Quantos alunos foram furados com o mesmo objeto?
A Sedu, os pais dos adolescentes e a Secretaria Municipal de Saúde de Laranja da Terra (Semus) discordam sobre o número de alunos envolvidos no caso.
Inicialmente, a Semus informou, na segunda-feira (17) que 43 alunos haviam sido atendidos na rede municipal de saúde.
Na tarde de terça (18), a Sedu informou, através de uma nota, que 44 estudantes estavam sendo acompanhados pela secretaria. Esse número também foi informado pelos pais dos estudantes à reportagem da TV Gazeta.
Uma estudante ouvida pelo g1 disse que alunos de quatro turmas passaram pela atividade entre os dias 7 e 14 de março. O número total de alunos envolvidos é a soma das quatro turmas.
4 – Quais as idades dos alunos?
Os alunos têm idades entre 16 e 17 anos e estudam nas turmas de 2ª e 3ª séries do Ensino Médio.
5 – Qual o estado de saúde dos alunos?
Em nota divulgada nesta terça (18), a Sedu informou que os alunos estão bem e frequentando as aulas normalmente.
A Secretaria Municipal de Saúde (Semus) informou que, assim que foi acionada, na sexta, fez contato com a Secretaria de Estado da Saúde, que orientou sobre os protocolos e medidas a serem adotadas na ocasião.
Nesta terça, os alunos fizeram que testes complementares para testar a imunidade contra hepatite B e C.
Para garantir o acompanhamento adequado dos estudantes, a Secretaria Municipal de Saúde (Semus) e a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) realizaram uma reunião para definir os protocolos a serem seguidos. Os alunos serão submetidos a novos testes em 30 dias. Além disso, a escola promoveu um encontro com pais e alunos, para prestar esclarecimentos.
A mãe de uma adolescente que participou da atividade contou que foi feita uma reunião com os pais dos alunos envolvidos. Eles foram informados que os estudantes serão acompanhados e farão exames por 180 dias.
6 – Por que os alunos aceitaram participar da atividade?
Teste de sangue em escola em Laranja da Terra vira caso de polícia
Uma aluna de 16 anos que participou de uma das aulas disse que os estudantes aceitaram participar do experimento porque confiavam no professor.
“A gente pensou ‘ele é professor, ele sabe o que está fazendo’.”
A adolescente contou que o professor passava álcool na agulha entre um aluno e outro, o que levou a turma a minimizar a ação.
“Como ele tava limpando com álcool, a gente, no calor do momento, a gente acreditou que tava tudo bem”, disse a aluna.
Médicos ouvidos pelo g1 ressaltaram que a limpeza de objetos com álcool não é um procedimento correto. Agulhas e outros itens perfurocortantes que entraram em contato com sangue e secreções precisam ser descartados após o uso ou, em casos específicos, serem esterilizados em equipamentos apropriados.
7 – Como o caso chegou às autoridades?
O caso chegou às autoridades na sexta-feira (14), depois que, segundo o relato da aluna ouvida pelo g1, os estudantes foram convocados para uma conversa ao final da aula.
“Uma outra professora começou a explicar a situação falando que ele tinha errado e ela foi dando as orientações. Todo mundo ficou assim, bem chateado, muitas pessoas ficaram com raiva do professor, foi um caos na sala, foi difícil controlar todo mundo”, contou.
8 – O que aconteceu com o professor?
Professor é desligado e investigado depois de atividade em sala de aula
O professor de Química foi demitido pela Sedu e o caso foi encaminhado para a corregedoria da secretaria.
A Polícia Civil instaurou um inquérito para apurar os fatos. Em entrevista à TV Gazeta, o delegado-geral da corporação disse que o professor pode responder por exposição ao perigo.
“A princípio, esse crime se apresenta como exposição a perigo […] classificado como crime e de perigo comum, por ter praticado aquele comportamento”, declarou Arruda.
O crime de exposição a perigo é previsto no código penal brasileiro como exposição a vida ou saúde de outra pessoa direto e iminente. A pena pode de 3 meses a 1 ano.
Mas, segundo Arruda, as investigações ainda precisam avançar para confirmar as autuações dos responsáveis.
O nome do professor não está sendo divulgado para preservar a identidade dos alunos.
9 – O que dizem as autoridades?
Secretaria de Estado de Educação do Espírito Santo (Sedu)
A Sedu informou que os alunos estão bem e frequentando as aulas normalmente. Todos os 44 estudantes foram submetidos a testes rápidos de diagnóstico de infecção, com resultados negativos para todas as doenças testadas. Inclusive, na manhã desta terça-feira (18), estão sendo realizados testes complementares para testar a imunidade contra hepatite B e C. Em relação ao professor, o contrato foi encerrado, e o caso encaminhado para a corregedoria da Sedu.
Para garantir o acompanhamento adequado dos estudantes, a Secretaria Municipal de Saúde (Semus) e a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) realizaram uma reunião para definir os protocolos a serem seguidos. Os alunos serão submetidos a novos testes em 30 dias. Além disso, a escola promoveu um encontro com pais e alunos, para prestar esclarecimentos.
A atividade de observação de células sanguíneas ministrada por um professor de Química foi realizada sem a devida autorização da coordenação pedagógica. Assim que a Sedu tomou conhecimento do ocorrido, todas as medidas necessárias foram imediatamente adotadas.
Secretaria Municipal de Saúde de Laranja da Terra (Semus)
A Secretaria Municipal de Saúde (Semus) informou que, assim que foi acionada, fez contato com a Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo, que orientou sobre os protocolos e medidas a serem adotadas na ocasião.
Os atendimento foram prestados pelas equipes do Hospital Municipal de Laranja da Terra e da Unidade Básica de Saúde da sede.
Todos os atendidos estavam em boas condições de saúde, sem apresentar sintomas incomuns ou agravantes. A Secretaria Municipal de Saúde segue acompanhando o caso de perto prestando apoio aos alunos e familiares.
Polícia Civil
A Polícia Civil informou que o caso seguirá sob investigação da Delegacia de Polícia de Laranja da Terra. Detalhes da investigação não serão divulgados, no momento.
Ministério Público do Espírito Santo
O Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), por meio da Promotoria de Justiça de Laranja da Terra, informa que teve conhecimento dos fatos ainda na sexta-feira (14/03), e imediatamente entrou em contato com o Secretário Municipal de Saúde para acompanhar as medidas de saúde adotadas e tomar todas as providências para que todos os procedimentos necessários sejam realizados.
O MPES destaca também que instaurou Notícia de Fato para acompanhar o caso junto às investigações da Polícia Civil. A eventual tipificação penal dependerá do andamento das ações investigativas e dos resultados dos exames que, no momento, estão sendo aguardados. Mais informações não podem ser divulgadas por ora, pois o caso está sob sigilo.
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