Ibovespa despenca com escalada da guerra comercial entre EUA e China

Ibovespa fecha em queda com mercado aguardando o Copom

Nesta terça, 8, o Ibovespa encerrou o pregão em forte queda de 1,34%, aos 123.904 pontos, pressionado pela escalada da guerra comercial entre Estados Unidos e China. O dólar comercial avançou 1,49%, fechando próximo dos R$ 6,00, a R$ 5,9985, refletindo a busca por proteção em meio à aversão global ao risco.

O clima foi de tensão generalizada, com as bolsas globais operando no vermelho após os EUA anunciarem um aumento tarifário massivo sobre produtos chineses, atingindo a marca de 104%. A China, por sua vez, respondeu à altura, prometendo retaliar com novas tarifas e restrições às empresas norte-americanas que atuam no país, além de deixar sua moeda, o yuan, atingir o menor nível em 20 meses.

Durante o programa Closing, da BM&C News, Leandro Martins, analista CNPI, comparou a disputa entre as potências a uma queda de braço e aconselhou calma aos investidores:

“Quem tem que ganhar e ter um pouco mais de calma assistindo de camarote são vocês, investidores. Já passei por crises como 2000, 2001, 2008, 2015 e março de 2020. Nessas horas, é preciso serenidade para enxergar oportunidades futuras.”

Martins alertou que movimentos como o atual, que assustam o mercado, tendem a ocorrer ciclicamente, cerca de uma vez a cada cinco anos.

“Se persistir esse braço de ferro e gerar uma crise global, essa queda ainda é só o começo. Não recomendo sair fazendo preço médio agora a qualquer preço. Mantenham liquidez para aproveitar oportunidades futuras”, reforçou o analista.

Ele ainda destacou que setores como commodities estão entre os mais afetados. Petrobras, por exemplo, caiu mais de 3%, e a Vale recuou cerca de 5% no dia, puxadas pela pressão sobre petróleo e minério de ferro. Martins ressaltou:

“O investidor deve ter muito cuidado com commodities neste momento. Esses gaps que ocorreram agora na Petro e na Vale serão oportunidades no futuro, mas é preciso paciência.”

No campo da análise geopolítica, Manuel Furriella, mestre em Direito Internacional, explicou que a ofensiva de tarifas por parte dos EUA busca, além de proteger setores industriais locais, enfraquecer o poder de influência global da China:

“Os Estados Unidos querem reduzir a dependência da China e reindustrializar algumas regiões americanas que ficaram privadas dos benefícios da globalização. Trump está mirando diretamente na interlocução internacional da China.”

Furriella destacou que, para o Brasil, o cenário é desafiador, mas abre algumas janelas de oportunidade:

“O Brasil, por ter sido um dos países menos atingidos pelas sobretaxas, pode negociar para restabelecer parte das exportações aos EUA. Além disso, podemos aproveitar a retaliação da China contra os Estados Unidos e ocupar espaços que antes eram dos americanos.”

Ainda assim, Furriella fez um alerta importante sobre o risco sistêmico da disputa entre as duas maiores economias do mundo:

“Se houver perdas econômicas substanciais entre Estados Unidos e China, os mercados globais vão encolher. Qualquer confronto maior entre essas potências acaba prejudicando todos nós.”

Perspectivas para os próximos dias

O cenário permanece desafiador e de elevada volatilidade. Com a intensificação da guerra comercial e a escalada das retaliações, os investidores devem se preparar para fortes oscilações e adotar uma postura de cautela redobrada. Setores defensivos, como o de energia elétrica, que se beneficiam de reajustes inflacionários, podem oferecer alguma proteção no curto prazo.

Para Leandro Martins, o momento é de prudência, mas não de pânico:

“Tenham paciência e façam caixa. Quando o mercado normalizar, as oportunidades vão aparecer.”

Amanhã, os mercados voltam sua atenção para novos desdobramentos dessa disputa global. Enquanto isso, a recomendação dos especialistas segue clara: manter a calma, preservar liquidez e evitar decisões precipitadas.

O post Ibovespa despenca com escalada da guerra comercial entre EUA e China apareceu primeiro em BM&C NEWS.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.