Lula colossal é filmada pela 1ª vez em habitat natural; assista

Lula colossal é filmada pela 1ª vez em habitat natural; assistaFoto por ROV SuBastian / Schmidt Ocean Institute

Pela primeira vez na história, uma lula colossal foi registrada viva em seu habitat natural no fundo do oceano. Considerada a maior de sua espécie, esse animal raro e enigmático foi filmado no dia 9 de março por uma equipe do Schmidt Ocean Institute, dos Estados Unidos, durante uma expedição nas águas geladas próximas às Ilhas Sandwich do Sul, no Atlântico Sul. As informações são da revista National Geographic.

A filmagem foi feita por um submersível operado remotamente a cerca de 600 metros de profundidade. O vídeo surpreendeu os pesquisadores: um exemplar da espécie apareceu flutuando diante das câmeras. Após análises detalhadas com especialistas da missão e de fora dela, os cientistas confirmaram o ineditismo da gravação.

“Essa é a primeira filmagem confirmada de uma lula colossal em seu habitat natural nas profundezas do mar”, disse Kat Bolstad, especialista em lulas da Auckland University of Technology.

Apesar de a espécie poder atingir até sete metros de comprimento e pesar cerca de 500 quilos, o exemplar filmado media apenas cerca de 30 centímetros. A descoberta intrigou os cientistas.

“Não é o gigante que imaginávamos, mas também não é um filhote”, explicou o cientista Aaron Evans, especialista em lulas de vidro. “Com base nas características físicas, podemos considerá-la como uma lula adolescente.” Até então, o conhecimento sobre a lula colossal se baseava apenas em partes encontradas no estômago de cachalotes e em exemplares mortos capturados acidentalmente por embarcações de pesca. Com o novo registro, abre-se a possibilidade de testar hipóteses sobre o comportamento e a biologia do animal.

“Essa é, honestamente, uma das observações mais empolgantes da história da nossa área”, afirma Bolstad.

Um enigma da vida marinha

A lula colossal pertence à família Cranchiidae e é muitas vezes chamada de “lula de vidro” por sua aparência translúcida, uma adaptação que ajuda tanto a evitar predadores quanto a capturar presas. Vivendo na zona crepuscular do oceano, ela usa órgãos luminosos (fotóforos) e células especiais (cromatóforos) para se camuflar.

A espécie foi identificada pela primeira vez em 1925, a partir de braços encontrados no estômago de um cachalote nas Ilhas Shetland. Desde então, poucos exemplares foram observados. Um dos mais notáveis foi capturado acidentalmente por um barco soviético em 1981, com cerca de 5 metros. Outro, de 6 metros, foi encontrado morto na Nova Zelândia em 2003. Em 2007, um exemplar adulto de 9 metros foi fisgado e fatalmente ferido na região do Mar de Ross, na Antártida.

Apesar desses registros, até hoje nunca se havia conseguido observar uma lula colossal viva em seu habitat natural — as águas profundas ao redor da Antártida e do Oceano Austral. A nova filmagem representa um marco para os estudos da espécie.

“Sabemos que é o invertebrado mais pesado do planeta”, conclui Bolstad. Segundo ela, os jovens vivem em áreas mais rasas e, à medida que crescem, descem para regiões ainda mais profundas do oceano.

Assista o vídeo:

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