Do faroeste à formalização: como o Brasil virou o 3º maior mercado de iGaming do mundo

Mercado brasileiro de iGaming e bets vive hoje seu momento “unicórnio” | Foto: Canva
Mercado brasileiro de iGaming e bets vive hoje seu momento “unicórnio” | Foto: Canva

O mercado brasileiro de iGaming e apostas esportivas vive hoje seu momento “unicórnio”. Antes um verdadeiro faroeste digital, com mais de mil marcas atuando sem supervisão regulatória, o setor entra agora em uma nova era de formalização e profissionalismo. Hoje, cerca de 300 marcas operam de forma regulada, enquanto outras ainda atuam no chamado “gray market”. Mas a mensagem é clara: o Brasil não é mais terra de ninguém nesse setor.

Não é à toa que os olhos do mundo estão voltados para cá. O Brasil lidera com folga o crescimento do GGR (Gross Gaming Revenue) na América Latina desde 2023, abocanhando impressionantes 40% do bolo regional. E as previsões são ainda mais agressivas. Até 2028, nosso mercado deve bater a marca de US$ 3,63 bilhões em GGR – praticamente metade de toda a América do Sul, segundo dados de 2024 da Statista.

De acordo com economistas que analisaram informações do Banco Central, em 2023, os brasileiros desembolsaram R$ 68,2 bilhões em apostas. E não foi por acaso. A estratégia de marketing do setor foi impressionante, despertando a curiosidade e abrindo a carteira de 51% dos apostadores que entraram no jogo influenciados por anúncios. Essas empresas investiram cerca de R$ 550 milhões por ano em patrocínios de clubes de futebol e alavancaram um mercado que já movimenta R$ 120 bilhões, com crescimento de 71% em apenas três anos, segundo dados do Ministério da Fazenda. Não é de se espantar que o governo agora queira sua fatia do bolo, projetando arrecadar R$ 12 bilhões anuais em impostos.

Para se ter uma ideia da dimensão, em 2024 o Brasil registrou 5,3 milhões de investidores em renda variável, segundo a B3. Já o jogo Tigrinho, um dos mais populares do país, soma mais de 30 milhões de jogadores, um número quase seis vezes maior que o de investidores na bolsa, que existe há mais de 130 anos.

Diante desse alcance massivo e da velocidade de crescimento do setor, é natural que surjam também preocupações legítimas. A crítica ao engajamento massivo de influenciadores digitais, por exemplo, tem gerado debates sobre a necessidade de maior orientação regulatória, especialmente quando se trata da exposição de públicos mais jovens ou vulneráveis.

É justamente nesse cenário de crescimento veloz e crescente pressão por responsabilidade que entra em cena o novo marco regulatório. A Medida Provisória nº 1182, de 2022, e a regulamentação publicada em 2023 representam um divisor de águas para o setor. O governo criou a Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA) para garantir que o setor opere dentro de regras claras, reduzindo o espaço para irregularidades; assim, para empresas que queiram permanecer competitivas, será preciso estrutura financeira robusta, compliance afiado e tecnologia de ponta.

Não estamos falando apenas de cumprir regras burocráticas, mas de uma transformação completa na forma de operar. Empresas que antes navegavam nas águas turvas da informalidade agora precisam de governança transparente e sistemas antifraude sofisticados. É preciso ter ferramentas de rastreamento financeiro que permitam previsibilidade e segurança, e claro que tudo isso alinhado a padrões internacionais de conformidade.

Mas quem disse que isso é obstáculo? O market-fit do Brasil é tão promissor que já desencadeou uma onda de fusões e aquisições em iGaming. Os grandes players estão correndo para ganhar escala e eficiência operacional. A fusão entre a Bet Nacional com a Betfair, deal que alcançou US$ 1 bilhão em valor de mercado, é apenas a ponta do iceberg. Este tipo de movimento proporciona redução de custos operacionais, base de clientes ampliada e maior fôlego para investir em inovação.

Neste cenário, a estrutura financeira das bets passa a ser o pilar fundamental. Com a regulação, não basta ser grande – é preciso ser solvente. O processo de regulamentação impõe uma série de novos padrões bancários, fiscais e operacionais que exigem infraestrutura financeira sofisticada. Empresas que desejam operar legalmente precisam garantir transparência na movimentação financeira, seguir regras rigorosas de tributação e implementar sistemas de pagamento seguros e eficientes. Para isso, bancos e instituições financeiras se tornaram parceiros estratégicos indispensáveis para atender a dinâmica complexa de alto volume de transações, risco elevado de fraudes e necessidade de liquidez em tempo real. Sem um parceiro financeiro que entenda essas peculiaridades, a operação simplesmente não decola.

A Genial Investimentos tem se consolidado como uma das principais forças por trás da estruturação financeira do setor. Com mais de 40 clientes e cinco mandatos de fusão e aquisição em execução, a empresa se consolidou como provedora líder de infraestrutura de pagamento via PIX, garantindo transações ágeis e seguras. Além disso, está lançando soluções financeiras sob medida para garantir compliance e eficiência operacional, oferecendo serviços como gestão de risco, consultoria tributária e otimização de fluxo de caixa.

Fazendo um balanço, o país que era conhecido pela burocracia infinita criou, em tempo recorde, um framework regulatório que fez o mercado de iGaming decolar. De operações clandestinas a estruturas corporativas sólidas. De transações nebulosas a sistemas financeiros sofisticados. Mas é claro que os desafios ainda são enormes, já que operadores piratas ainda roubam fatias significativas do mercado. Por isso, a fiscalização precisa ser implacável. Mas é justamente nessa intersecção entre regulação e inovação que surgem as maiores oportunidades.

É tempo de oportunidades! Essa indústria abre um oceano de possibilidades para abastecer o ecossistema, com a criação de novos produtos e a exploração de mercados verticais ainda não explorados. Portanto, a questão crucial não é se o mercado brasileiro de iGaming crescerá — os números já comprovam que sim —, mas quem terá a visão, o capital e a agilidade para liderá-lo. Façam suas apostas… literalmente.

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