‘Chill’ Trump e BC ‘dove’ destravam o mercado; Ibovespa vai à máxima do ano

Os sinais de distensão na trade war de Donald Trump e as declarações dovish de diretores do Banco Central empurraram o Ibovespa para a máxima do ano.

No terceiro dia de recuperação das Bolsas nos EUA e de enfraquecimento do dólar no mercado internacional, o Ibovespa subiu 1,8%, encerrando o dia a um triz dos 135 mil pontos. A cotação do verde recuou para R$ 5,69.

Também fez preço a percepção dos gestores sobre o cenário eleitoral no Brasil. O Ibovespa deu uma empinada por volta das 11h45, logo depois de o boletim médico do Hospital DF Star ter reportado uma piora no quadro clínico do ex-Presidente Jair Bolsonaro.

“Bolsonaro fora da disputa aumenta as chances de vitória de um candidato mais ao centro,” disse um gestor da Faria Lima.

Este (mórbido) trade eleitoral vale para os dois lados: já havia feito preço no ano passado, quando o Presidente Lula foi internado. 

O Copom se reúne daqui a duas semanas – e para os gestores, cresceu a probabilidade de o Banco Central reduzir o ritmo de alta para 0,25 ponto – embora a maior probabilidade ainda seja de uma alta de 0,5.

Na quarta-feira, em Washington, o diretor de política monetária do BC, Nilton David, disse que a atividade econômica brasileira perdeu força e caminha para um “platô” – uma evidência de que “a política monetária está funcionando.”

“Temos um super consenso de que estamos em território contracionista,” disse.

David destacou ainda a possível freada na economia mundial. “É quase impossível não contemplar a possibilidade de uma recessão.”

Hoje, também em Washington, o diretor de política econômica, Diogo Guillen, repetiu que “a política monetária está funcionando.” Citou ainda os choques internacionais e disse que “precisamos ser muito cuidadosos e mais flexíveis.”

Já o diretor de assuntos internacionais, Paulo Picchetti, manteve um tom mais hawkish. “A inflação corrente está alta, espalhada e bem acima do teto da meta,” disse Picchetti.

Mas ele indicou que o cenário a partir de junho segue em aberto – ou seja, não há novas altas contratadas.

A curva longa fechou cerca de 0,30 pontos-base, com alívio em todos os vencimentos, e o mercado já precifica dois cortes de Selic no final do ano.

Na Bolsa até recentemente moribunda, as altas foram puxadas por empresas de varejo, que saem ganhando em um cenário de menor aperto monetário.

A valorização foi puxada pela entrada de capital estrangeiro, disseram operadores do mercado. Mas não foi um movimento isolado do mercado internacional. Outros emergentes, como o México, também tiveram um dia forte.

“O Brasil continua barato e poderá ser um dos ganhadores na trade war,” disse o economista-chefe de uma gestora. “Os feedbacks que temos das reuniões em Washington é que o País está em alta. Com os recados do BC, a curva vai começar a buscar quando virão os cortes.”

Nos EUA, o mercado também começou a ampliar as apostas de que os cortes de juros pelo Federal Reserve podem chegar antes do que o esperado anteriormente. Ajudou na alta das Bolsas a notícia de que Trump estaria mantendo negociações com os chineses – a despeito das negativas de Pequim – e a ala moderada da equipe econômica parece estar ganhando na queda de braço com os falcões da guerra comercial.

O S&P 500 avançou 2%; o Nasdaq subiu 2,7%.

“É o segundo dia de alta forte nos EUA, o que acaba nos beneficiando,” disse Luciano Costa, o economista-chefe da Monte Bravo. “Além disso, o Brasil pode ficar numa situação de parceira preferencial da China em alguns setores nessa guerra comercial.”

Para Étore Sanchez, da Ativa, o Brasil se beneficia do cenário externo menos tensionado. “Ativos high beta passam a ter uma tração maior.”

The post ‘Chill’ Trump e BC ‘dove’ destravam o mercado; Ibovespa vai à máxima do ano appeared first on Brazil Journal.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.