Inflação em foco: veja o que dizem os especialistas

IGP-10: Inflação está desacelerando? Dados criam nova expectativa para a super quarta

O IPCA-15 de abril, divulgado nesta sexta-feira (25) pelo IBGE, trouxe novos sinais sobre a dinâmica da inflação no Brasil. Embora tenha registrado desaceleração na comparação com março, o índice segue pressionado em setores importantes, como alimentação e saúde, e o acumulado em 12 meses ultrapassou o teto da meta do Banco Central. Com a inflação corrente acima do esperado, o dado reforça os desafios para a política monetária e para o equilíbrio econômico nos próximos meses.

Pressões em bens industrializados e serviços elevam preocupação

O IPCA-15 de abril apresentou um quadro ligeiramente pior do que o esperado, refletindo pressões mais fortes sobre bens industrializados e serviços. Leonardo Costa, economista do ASA Investments, aponta que a desvalorização cambial no final de 2025 pode estar impactando os preços, especialmente em itens como cuidados pessoais.

Apesar da pequena desaceleração na média móvel de três meses do núcleo de serviços, o patamar ainda elevado de inflação nesse segmento reforça a necessidade de atenção redobrada à dinâmica de preços. A projeção de IPCA para 2025, mantida em 5,3%, e para 2026, em 5,5%, segue coerente com o cenário de inflação persistentemente acima do centro da meta.

Inflação elevada afasta investidores estrangeiros

A leitura do IPCA-15 reforça também a preocupação dos agentes internacionais com a economia brasileira. Para Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio, a inflação acima do teto da meta, somada à instabilidade fiscal e ao ambiente externo mais tenso — com críticas recentes de Donald Trump ao Brasil —, reduz o apetite por risco em emergentes.

Essa combinação tende a pressionar setores de consumo básico e serviços, enquanto a necessidade de manutenção de uma política monetária mais conservadora limita a recuperação do crédito e desacelera segmentos como varejo, educação e saúde privada.

Expectativas de corte de juros são postergadas

Apesar de alguma desaceleração em relação aos meses anteriores, o IPCA-15 de abril permanece em níveis elevados e superiores ao observado no mesmo período de 2024. Segundo Filipe Ferreira, diretor da Comdinheiro/Nelogica, esse comportamento adia ainda mais qualquer expectativa de corte nos juros. ,

Com a inflação acumulada em 12 meses ainda subindo, o Banco Central deverá manter a política monetária restritiva, o que pode agravar a desaceleração do setor produtivo e elevar o desemprego no médio prazo.

Aperto monetário pode se intensificar

O cenário de inflação elevada também reforça a percepção de que o ciclo de alta de juros ainda não terminou. André Matos, CEO da MA7 Negócios, avalia que, embora o grupo de transportes tenha apresentado algum alívio com a queda dos preços da gasolina e das passagens aéreas, o impacto real sobre a população permanece limitado, diante da alta contínua nos preços dos alimentos e serviços.

Para ele, o dado praticamente elimina a possibilidade de cortes na Selic no curto prazo, e a recente sinalização de elevação do IEPS pode levar a uma nova alta de 0,50 ponto percentual na taxa básica, possivelmente elevando-a para 15%. Diante desse cenário, a recomendação para empresários é focar em produtividade e contenção de custos, já que o ambiente de consumo não deve melhorar tão cedo.

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