Vereadora se manifesta apenas por nota após fala polêmica ; veja

A vereadora Cris Monteiro (Partido Novo) divulgou nota oficial à imprensa na tarde desta quarta-feira (30) após a repercussão de uma fala proferida em plenário que gerou protestos e levou ao acionamento da Corregedoria da Câmara Municipal de São Paulo.

A declaração ocorreu durante sessão de terça-feira (29), em meio à votação do projeto de lei que trata do reajuste salarial dos servidores públicos municipais.

Na manifestação enviada por sua assessoria, a parlamentar afirma que “lamenta a repercussão de sua fala e reforça que em nenhum momento teve a intenção de ofender qualquer pessoa”.

A nota ainda destaca que “ao longo dos últimos cinco anos de mandato, Cris Monteiro sempre pautou sua atuação pelo respeito aos colegas parlamentares e à população de São Paulo”.

Segundo o texto, a vereadora “segue dedicada ao trabalho legislativo com seriedade, responsabilidade e o objetivo de fazer de São Paulo uma cidade melhor para todos”.

A declaração que motivou a nota ocorreu após Monteiro ser interrompida durante sua fala no plenário e responder aos protestos.

“Quando vem uma mulher branca aqui falar a verdade pra vocês, vocês ficam todos nervosos. Porque uma mulher branca, bonita e rica incomoda muito vocês. Mas eu estou aqui representando uma parte importante da população”.

A fala causou reação imediata de parlamentares e manifestantes, resultando na suspensão temporária da sessão.

Acusação

A vereadora Luana Alves (PSOL), que estava presente e também se manifestava na ocasião, anunciou que levaria o caso à Corregedoria da Câmara por considerar a declaração racista.

“Não se trata de interpretação: o que houve foi uma ofensa direta às pessoas negras presentes na galeria, e a referência à raça e à posição social não pode ser ignorada”, afirmou. Parte dos manifestantes que acompanhavam a sessão também protestou com gritos de “racista”.

Após o retorno dos trabalhos, Monteiro afirmou na tribuna: “Lamento profundamente se alguém em particular se sentiu ofendido com a minha fala, não foi minha intenção”.

O presidente da Câmara, Ricardo Teixeira (União Brasil), declarou que assistiu ao vídeo da sessão e, em parecer preliminar, não identificou elementos que caracterizem racismo. Apesar disso, a Corregedoria da Casa foi acionada e deverá apurar o episódio conforme os trâmites regimentais.

A sessão discutia o projeto de lei que prevê reajuste de 2,6% nos salários do funcionalismo público municipal a partir de maio deste ano, e 2,55% em 2026.

Representantes de sindicatos e categorias de servidores protestaram contra o índice, alegando defasagem diante da inflação acumulada.

Quem é Cris Monteiro?

Cris Monteiro foi eleita vereadora em 2020 com 18 mil votos e reeleita em 2024 com 57 mil. Natural do Rio de Janeiro, tem 63 anos e atuou no setor financeiro por mais de três décadas.

Declarou à Justiça Eleitoral patrimônio de R$ 16 milhões. Em 2024, tornou pública a condição de alopecia areata durante uma sessão plenária.

A Corregedoria ainda não divulgou prazo para concluir a análise da denúncia. Não há confirmação se as vereadoras serão ouvidas formalmente ou se haverá desdobramentos no plenário.

Veja a nota na íntegra abaixo:

“A vereadora Cris Monteiro se manifesta publicamente sobre a frase proferida no plenário da Câmara Municipal nesta terça-feira. Ela lamenta a repercussão de sua fala e reforça que em nenhum momento teve a intenção de ofender qualquer pessoa.

Ao longo dos últimos cinco anos de mandato, Cris Monteiro sempre pautou sua atuação pelo respeito aos colegas parlamentares e à população de São Paulo. Sua trajetória é marcada pelo diálogo, pela escuta ativa e pelo compromisso com soluções concretas para os desafios da cidade.

Autora de leis importantes como as de Naming Rights e Não se Cale, entre outras iniciativas de impacto, a vereadora segue dedicada ao trabalho legislativo com seriedade, responsabilidade e o objetivo de fazer de São Paulo uma cidade melhor para todos”.