Temu supera Shopee e se torna o e-commerce asiático mais acessado no Brasil

Em um cenário de comércio eletrônico já repleto de opções, uma nova força chinesa conquistou o que parecia improvável: o primeiro lugar em tempo recorde. A Temu ultrapassou a Shopee e se tornou a plataforma de e-commerce asiática mais acessada do Brasil, registrando impressionantes 58 milhões de acessos mensais em março, contra 56 milhões da concorrente. O feito é ainda mais notável considerando que a empresa está presente no mercado brasileiro há menos de um ano, tendo iniciado suas operações em junho de 2024.

O aplicativo do bilionário chinês Colin Huang, detentor de uma fortuna estimada em US$ 50 bilhões, demonstrou um crescimento vertiginoso desde sua chegada. No segundo mês de atuação, já havia superado gigantes estabelecidos como Amazon e Casas Bahia, alcançando 19 milhões de usuários. Em dezembro, foi a vez do Mercado Livre ficar para trás, quando a loja chinesa ultrapassou a marca de 35 milhões de acessos via smartphones.

A estratégia por trás do sucesso

O crescimento meteórico da Temu no Brasil não aconteceu por acaso. Especialistas do setor varejista atribuem o sucesso a uma combinação de marketing agressivo e preços extremamente competitivos, especialmente voltados para consumidores das classes C e D.

Porém, o que realmente diferencia a plataforma é sua abordagem de gamificação. Enquanto outros marketplaces funcionam apenas como vitrines digitais, a Temu transforma a experiência de compra em um ambiente lúdico e interativo. O aplicativo oferece roletas que sorteiam brindes, produtos gratuitos como presente e até jogos de fazenda onde usuários coletam pontos e bônus para baratear ainda mais suas compras.

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“A Temu tem o grande diferencial que traz o lúdico para o ambiente de compras”, explica Roberto Kanter, diretor de consultoria e professor de gestão de negócios da FGV. Essa estratégia gera um “boca a boca digital” que amplifica o alcance da marca, atraindo novos usuários constantemente e aumentando o engajamento dos já existentes.

Além disso, a plataforma utiliza algoritmos sofisticados para personalizar a experiência de cada cliente, apresentando sugestões de produtos alinhadas com seus interesses e histórico de navegação, o que contribui significativamente para a retenção de usuários.

Apesar do crescimento acelerado, a Temu estabelece um valor mínimo de R$ 99 para compras em seu aplicativo, medida que a empresa justifica como necessária para otimizar custos de envio. Esse valor não inclui impostos de importação e ICMS estadual, que são cobrados adicionalmente.

Mesmo com essa limitação, o ticket médio (valor médio gasto por compra) da plataforma chinesa é consideravelmente menor do que o de seus principais concorrentes. Enquanto no Mercado Livre esse valor gira em torno de R$ 340 e na Magazine Luiza pode chegar a R$ 400, a Temu mantém uma média mais baixa, tornando-se atrativa para um público de menor poder aquisitivo.

Impacto da política externa americana

Temu: 5 coisas que você precisa saber sobre a loja antes de comprar

A guerra comercial intensificada pelo presidente americano Donald Trump contra a China pode ter um efeito inesperado no mercado brasileiro. Analistas apontam que as restrições e tarifas impostas pelos EUA aos produtos chineses podem fazer com que a Temu direcione ainda mais esforços para o Brasil, visto como um mercado estratégico para expansão.

Se os EUA forem mais fechados, pode ter uma consequência natural de foco em outros mercados, com potencial de crescer mais. E Brasil, sem dúvida, pode ser foco“, afirma Luiz Guanais, analista de consumo e varejo do BTG Pactual.

Roberto Kanter, da FGV, complementa que “o Brasil é importante, independente do Trump, porque é um dos cinco maiores mercados para esses players”. Segundo ele, o país é naturalmente atrativo para empresas chinesas pela receptividade dos consumidores brasileiros aos produtos asiáticos.

Se você já comprou na Temu ou em outras plataformas similares, compartilhe sua experiência nos comentários. Sua opinião é fundamental para entendermos melhor esse fenômeno que está redefinindo o e-commerce brasileiro.

Fonte: O Globo

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