Na Bemobi, a tempestade perfeita ficou para trás

Depois de comer o pão que o diabo amassou em 2023 com a crise da Oi (um de seus maiores clientes), a guerra entre Rússia e Ucrânia (o terceiro e quarto maiores mercados da companhia) e a desvalorização cambial, a Bemobi está finalmente voltando a respirar aliviada. 

A companhia reportou hoje seu quinto trimestre consecutivo de crescimento da receita, e as despesas controladas geraram uma alavancagem operacional, levando a uma expansão de 22% do EBITDA. 

boopo pedro ripper“Nos últimos trimestres, o efeito âncora desses três eventos foi desaparecendo, e agora já reportamos um trimestre completamente limpo deles,” o CEO Pedro Ripper disse ao Brazil Journal. “A cada trimestre temos acelerado mais o crescimento e essa vai ser a nova batida da companhia.”

No primeiro tri, a Bemobi cresceu sua receita líquida em 18% para R$ 167 milhões – uma aceleração em relação ao crescimento de 12,2% no quarto tri e de 9,6% no terceiro. 

O crescimento foi puxado pela vertical de assinaturas digitais, que cresceu 26%, e pela vertical de pagamentos (23%). Em SaaS, o crescimento foi de 11%, enquanto o negócio de microfinanças retraiu 5%. 

A Bemobi nasceu distribuindo games mobile e aplicativos por meio de uma plataforma ao estilo Netflix. Essa plataforma é vendida para os clientes das operadoras de telecom, e a assinatura é paga com o saldo pré-pago dos celulares. 

Antes do IPO, em fevereiro de 2021, essa vertical de assinaturas respondia por mais de 90% do negócio. Depois da oferta, a companhia fez uma série de aquisições, entrando nos mercados de pagamentos, softwares e microfinanças.

Em pagamentos, ela processa pagamentos para empresas de ‘serviços recorrentes essenciais’ (como as telcos, as distribuidoras de energia e as companhias de educação), além de oferecer um sistema antifraude.

A Bemobi também oferece softwares de gestão para as indústrias que atende — em geral, numa venda conjunta com a solução de pagamento. 

Já em microfinanças, são dois produtos: o adiantamento da recarga dos clientes pré-pagos das operadoras; e um ‘score de crédito’ criado com base nos dados de telecom, e que ela vende para bancos em países como o México. 

Hoje a vertical de pagamentos responde por 37% da receita; a de SaaS, por 21%; a de microfinanças, por 10%; e a assinatura digital, pelos 31% restantes. 

Ripper disse que a vertical que ele vê mais potencial é a de pagamentos, que “cresce como um reloginho.”

A Bemobi captou mais quatro clientes para essa vertical no trimestre: Grupo Salta, Inspira, Yduqs e Enel Chile — neste caso, dando um primeiro passo na expansão da vertical de pagamentos fora do Brasil.

“Em assinaturas digitais, a maior parte do nosso negócio já está fora do País. Mas em pagamentos ainda não tínhamos clientes fora. E tínhamos essa dúvida se essa era uma necessidade muito peculiar do Brasil ou se teria aderência em outros mercados também,” disse o CEO. “A parceria com a Enel Chile mostra que existe potencial para uma expansão internacional.”

Ao mesmo tempo em que cresceu sua receita em 18%, a Bemobi expandiu suas despesas operacionais em 14%, para R$ 64 milhões. Em consequência, o EBITDA cresceu 22% para R$ 56,6 milhões, com a margem expandindo 1,1 ponto percentual para 33,9%. 

Já o lucro líquido subiu 20% para R$ 28 milhões. 

Os números vieram ligeiramente acima do consenso.

No trimestre, a Bemobi anunciou ainda a distribuição de R$ 50 milhões em dividendos, um dividend yield de cerca de 4%.

No início do ano, a companhia publicou um guidance de distribuir R$ 250 milhões em dividendos em 2025, o que dará um yield de mais de 15%. Por enquanto, a empresa já distribuiu R$ 100 milhões do total. 

A Bemobi tem um caixa líquido de R$ 520 milhões, e o plano é usar parte dos recursos para pagar dividendos e o grosso para novos M&As. A companhia vale R$ 1,7 bilhão na B3, com sua ação subindo 62% nos últimos 12 meses. O papel negocia a cerca de 6x EBITDA. 

“Até agora, estávamos usando o caixa para buyback e M&A. Desde o IPO, já recompramos 11% do capital. Mas o problema do buyback é que ele reduz a liquidez, que é um problema grande da nossa ação,” disse Ripper. “Por isso, decidimos mudar. A nossa principal alocação ainda vai ser M&A, mas vamos ser mais agressivos nos dividendos. Como a empresa está gerando caixa, dá para conciliar as duas coisas.”

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