Y Combinator acusa Google de sufocar ecossistema de startups

Y Combinator vs Google
Executivos brigando, um com o logo da Y Combinator e outro do Google (Fotos: Canva; Logo YC: Divulgação)

A Y Combinator, uma das mais influentes aceleradoras de startups do mundo, se posicionou contra o Google no processo antitruste movido pelo governo dos Estados Unidos. Em um amicus curiae apresentado recentemente, a organização acusou a gigante da tecnologia de atuar como um “monopolista” que teria prejudicado o ecossistema de startups no país.

Segundo a Y Combinator, o domínio do Google desencorajou o investimento em startups de pesquisa na web e inteligência artificial. A aceleradora afirma que fundos e gestoras de capital de risco passaram a evitar atuar nesses segmentos devido à “zona de destruição” do Google, o que dificulta o surgimento de novos players nessas áreas.

“O Google impediu que empresas independentes como a YC financiassem e acelerassem startups inovadoras que, de outra forma, poderiam ter desafiado o domínio do Google”, escreveu a YC. “O resultado é um cenário artificialmente atrofiado e estagnado.”

No documento, a Y Combinator diz que atualmente busca financiar startups que desenvolveram ferramentas de IA baseadas em perguntas e agentes autônomos, com potencial para transformar a forma como as pessoas interagem com a informação na internet. No entanto, a YC aponta que há um “risco claro” de que o Google use seu poder de monopólio para desacelerar o futuro desses mercados. “O Google congelou efetivamente os mercados de pesquisa na web e publicidade em texto por mais de uma década”, destacou a aceleradora.

Após a repercussão, o CEO da Y Combinator, Garry Tan, foi ao X (antigo Twitter) esclarecer que a aceleradora não está pedindo a dissolução imediata do Google. “Para deixar claro, não estamos pedindo a ‘desintegração do Google’ – apoiamos uma ‘spin-off hammer’ para dissuadir práticas anticompetitivas, como padrões de contratos exclusivos, compras por padrão, autopreferência, acúmulo de dados, retaliação vertical — se essas práticas não forem contidas em 5 anos, o que é um longo período de tempo”, disse.

O termo “spin-off hammer” refere-se a uma medida destinada a forçar a separação de partes de uma empresa. A proposta é que, caso o Google não altere suas práticas anticompetitivas dentro do prazo estabelecido, áreas da empresa poderiam ser desmembradas ou separadas para diminuir seu poder dominante.

Entre as demandas, a YC solicita que o Google cesse práticas anticompetitivas, como o pagamento de bilhões de dólares à Apple para que ele deixe de ser o mecanismo de busca padrão nos iPhones. A aceleradora também propõe que o Google adote medidas que beneficiariam as startups, como a abertura do índice de busca para permitir que outros treinem modelos de linguagem de grande escala (LLMs) com seus dados.

No ano passado, o Google foi derrotado em um processo antitruste relacionado ao seu domínio no mercado de buscas online. Embora a empresa tenha recorrido da decisão, o governo dos EUA está avaliando possíveis sanções, como a separação do Chrome. A previsão é de que essas medidas sejam estabelecidas até agosto de 2025.

Entre tapas e beijos

Em outra publicação, o CEO da Y Combinator destacou que “adoramos o Google“, mas que deseja ver as “pequenas empresas de tecnologia” também alcançando o sucesso.

Vale lembrar que, recentemente, a Y Combinator firmou uma parceria com o Google Cloud. No ano passado, a suíte de computação em nuvem disponibilizou para as startups da YC acesso a um cluster dedicado de GPUs da Nvidia. Além disso, o cofundador do Google, Larry Page, fez uma rara aparição presencial para palestrar em um evento da YC em dezembro.

O Google já adquiriu pelo menos duas startups apoiadas pela YC: a Fridge, em 2011, e a Flutter, em 2014. Além disso, investiu na startup Infisical, do portfólio da YC, por meio de seu fundo Gradient Ventures, em 2023.

Por outro lado, a YC mantém uma estreita relação com a OpenAI, que agora é concorrente direta do Google nas buscas online. Sam Altman, CEO da OpenAI, foi presidente da YC de 2014 a 2019, e a OpenAI foi o primeiro grupo a se afiliar à YC Research.

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