XP tem seu maior lucro trimestral; receita de renda fixa ultrapassa a de Bolsa

A corretora conhecida por democratizar o acesso à Bolsa no Brasil fez mais receita com renda fixa no primeiro tri do que com a negociação de renda variável.

Bem vindo ao País do juro real mais alto do mundo. 

No resultado publicado agora há pouco, a XP manteve o ritmo de net new money do tri anterior, com uma captação líquida de R$ 20 bi no varejo, além de  apresentar uma melhora na rentabilidade, com as despesas se mantendo controladas.

Tudo isso produziu o maior lucro trimestral da história da companhia, de R$ 1,236 bilhão, em comparação a um consenso do mercado de R$ 1,175 bi.

A receita líquida veio em R$ 4,34 bilhões, uma alta de 7% ano contra ano mas ligeiramente abaixo do consenso, que esperava R$ 4,43 bi.

O CFO Victor Mansur disse ao Brazil Journal que o ‘miss’ na receita teve a ver com uma questão puramente contábil.

“Quando fizemos a reestruturação do banco, isso mudou a forma como as ‘outras receitas’ são organizadas na DRE. Antes, a dívida corporativa entrava como ‘outras receitas’ e depois nas ‘despesas financeiras’. Agora, ela vira NIM e não aparece mais nas outras linhas,” disse ele. “Excluindo isso, nossa receita teria crescido 9%.”

A receita de varejo, que representa boa parte da receita total, foi mais uma vez puxada pela renda fixa, que cresceu 44% ano contra ano para R$ 1,015 bilhão. Já a receita de equities ficou em R$ 959 milhões, queda de 15% na comparação anual. Foi a primeira vez na história da XP que a receita de renda fixa foi maior que a de equities.

Parte do crescimento em renda fixa veio da estratégia da XP de usar seu balanço para estocar títulos, que depois são distribuídos para sua base em momentos de poucas emissões.

No quarto tri, a XP havia elevado esse estoque para R$ 32 bilhões, e o desovou ao longo do trimestre seguinte. 

“Mas como o pipeline de DCM não aqueceu no segundo tri, estocamos de novo. Então o livro está até um pouco maior agora. Se o DCM melhorar, o livro deve diminuir. Senão vamos continuar fazendo isso,” disse o CFO. “O bom é que isso mostra que não precisamos da melhora do investment banking para entregar os resultados que esperamos para o ano.”

No total, a receita de varejo cresceu 10% ano contra ano, e caiu 4% no sequencial pela sazonalidade. (Historicamente, o quarto tri sempre é mais forte que o primeiro). 

Na área de mercado de capitais – que reúne DCM, ECM e M&A – a receita se manteve estável em R$ 282 milhões, mas o CFO disse que a XP teve ganhos de market share, já que a indústria teve um desempenho pior. 

Segundo ele, a indústria viu uma retração de 19% em DCM, segundo dados da Anbima, enquanto na XP essa queda foi de 8%.  

Victor disse que só espera uma melhora do DCM a partir do terceiro tri. “O pipeline está reaquecendo, mas até os deals saírem demora um pouco. Mas junho acho que já deve ser um mês melhor,” disse ele.

O CFO lembrou ainda que o segundo tri do ano passado foi um dos mais fortes para o mercado de capitais, o que faz com que a base comparativa deste ano seja difícil. 

No trimestre, a XP reportou um EBT de R$ 1,263 bilhão, uma alta de 16% ano contra ano e uma queda de 2% no sequencial; e teve um lucro líquido de R$ 1,232 bi, o maior da história da companhia para um trimestre e uma alta de 20% ano contra ano e de 2% tri contra tri. 

O ROE foi de 24,1%, em comparação aos 23,7% do tri passado e aos 20,7% do primeiro tri de 2024. 

O índice Basileia também melhorou no trimestre, subindo para 19%, um incremento de 127 basis points em relação ao quarto tri. 

A melhora no EBT e lucro teve a ver com a maior eficiência da operação, já que a XP conseguiu manter suas despesas estáveis no trimestre, na comparação anual.

Isso levou a uma melhora do índice de eficiência, que caiu para 34,1% vs. 34,7% no quarto tri e 36,5% no primeiro tri de 2024. 

Victor disse que a XP decidiu mudar nesse tri a forma como reporta seus ativos totais, passando a incluir na conta os ativos sob administração e gestão, a mesma metodologia usada pelo BTG. (Antes, a XP considerava apenas os ativos sob custódia). 

Nessa metodologia, a XP chegou a um total de R$ 1,77 trilhão em ativos, em comparação aos R$ 2 trilhões que o BTG acaba de atingir.

A XP também anunciou um novo programa de recompra, depois de já ter encerrado o programa que havia aberto em novembro, com a compra de R$ 1 bi em ações (2,2% do market cap) e o cancelamento de todos esses papéis hoje. 

O novo programa vai permitir comprar mais R$ 1 bi e poderá ser executado até dezembro de 2026. A XP também tem um guidance de distribuir pelo menos metade do lucro deste ano em dividendos. 

A companhia vale perto de US$ 10 bi na Nasdaq, com sua ação caindo 15% nos últimos doze meses. 

The post XP tem seu maior lucro trimestral; receita de renda fixa ultrapassa a de Bolsa appeared first on Brazil Journal.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.