Loira do banheiro, lobisomem, corpo seco e saci: Conheça lendas de terror do interior de SP


O g1 reuniu as principais histórias do Vale do Paraíba nesta ‘sexta-feira 13’. Imagem com representação do Saci Pererê, personagem do folclore brasileiro.
Joédson Alves/Agência Brasil
A Sexta-Feira 13 sempre traz à lembrança das pessoas as superstições e histórias de terror. No interior de São Paulo, essas lendas ganham ainda mais força. Saci Pererê, Lobisomem, Loira do Banheiro, Corpo Seco… todos eles fazem parte do imaginário brasileiro e algumas das histórias tiveram origem na região do Vale do Paraíba.
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“As histórias de terror, de assombrações, que envolvem seres imaginários da geografia mitológica brasileira no Vale do Paraíba estão dentro de um campo de pesquisa que envolve a ‘Paulistânia’, que é um grande território que envolve um pedaço do Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná e São Paulo”, explica Luiz Carlos Laranjeiras, que é professor, doutor e pesquisador da cultura popular, teatro, música e arte-educação.
Além do Saci Pererê, característico de São Luiz do Paraitinga, por exemplo, outras figuras mitológicas também fazem parte do imaginário, segundo Luiz. A ‘Pisadeira’, por exemplo, é conhecida por ficar sapateando na barrida da criança que não dorme.
Há também a Curacanga – que nada mais é do que a cabeça de uma mulher, que se desgruda do corpo e fica ziguezagueando na madrugada, assustando os homens que estão fora de casa à noite, segundo os populares.
“Essa região é caracterizada por ser de culturas migratórias, de causos, histórias, danças, expressões, manifestações, que se movimentam e fazem a cultura popular ser viva — ela sai de um lugar e vai para outro. Esses causos do Vale do Paraíba fazem parte dessa cultura, dessas culturas migratórias da Paulistânia, e têm um aspecto muito importante que se trata da tradição oral viva”, conta Luiz.
De acordo com pesquisador, no Vale do Paraíba predomina a característica das referências que envolvem a Península Ibérica, Espanha, Portugal, além das matrizes afropindorâmicas, que envolve a tradição quilombola e dos povos originários.
“O modo que se conta como esses seres imaginários e assombrações vão chegar ou como se manifestam é o grande segredo dessas tradições orais vivas das culturas brasileiras”, avaliou.
Veja abaixo um resumo dos ‘causos’ e lendas de terror da região:
História do Corpo Seco é famosa em Paraibuna
Reprodução
Corpo Seco, de Paraibuna
Um homem ruim de coração, que maltratava os pais, morreu e teve o corpo rejeitado pelo céu e pelo inferno. Sem saber para onde ir, a história conta que ele teria saído do túmulo e ficava perambulando pelo cemitério assustando as pessoas.
O coveiro, então, acionou a família e o tirou de lá em um ritual: ele precisava ser carregado amarrado, nas costas e com um padre benzendo atrás para que ele não voltasse. Segundo moradores, vez ou outra, alguém encontra com ele andando pela região.
Barqueiro do Paraíba, de Jacareí
Há uma lenda antiga sobre um barqueiro que atuava às margens do Rio Paraíba na cidade. A história conta que não havia ponte sobre o rio e a travessia só podia ser feita de barco. Um homem enigmático que chegou à cidade começou a trabalhar levando passageiros. Ele não mostrava o rosto, estava sempre de costas e só falava para a pessoa subir no barco. Quem entrou na embarcação, nunca mais foi visto.
Ilustração conta história de defunto na rede
Reprodução/ Mauricio Pereira
Defunto da rede, de Natividade da Serra
No século XIX, o costume era que se enterrassem as pessoas em sacos. Quando elas morriam, os amigos seguiam em cortejo com o saco amarrado em um pedaço de madeira. Um grupo carregava um defunto, quando houve uma forte chuva que derrubou uma ponte e eles tiveram que desviar o caminho.
No meio do novo percurso, o defunto teria respondido que não era por ali o caminho, assustando a todos. O corpo foi abandonado pelo cortejo e o local passou a ser assombrado. Não há definição exata de que local seria esse.
O vento mal-assombrado da rua das Palmeiras em Taubaté
Os antigos contam que faziam o funeral do delegado da cidade e o cortejo percorria a rua das Palmeiras, que antigamente tinha um corredor com as árvores que dão nome ao local. De repente, houve um vento forte, levou chapéus, bateu porta de lojas e o caixão acabou caindo, mesmo sendo muito pesado.
Quando pessoas que estavam no velório foram levantar o caixão, perceberam que ele havia ficado leve. Desde então, ficou conhecida a história de quando o vento soprava na rua, era um sinal mal-assombrado.
História do Saci Pererê é reverenciada por estudiosos em São Luiz do Paraitinga
Reprodução/ Mauricio Pereira
Saci Pererê, de São Luiz do Paraitinga
A lenda do Saci é uma das mais difundidas no Brasil. Segundo diferentes autores, ele é um menino travesso, negro, que tem só uma das pernas, fuma cachimbo e usa sempre uma carapuça ou gorro vermelho. Ele costuma correr atrás dos animais para afugentá-los, gosta de montar em cavalos e dar nó nas crinas.
O Saci Pererê pode também aparecer e desaparecer misteriosamente e é muito irrequieto, pois fica pulando de um lugar para outro. Dizem que toda vez que ele apronta, dá risadas alegres e agudas e gosta de assoviar, principalmente em noites sem luar.
História do Lobisomem é famosa em Redenção da Serra
Reprodução/ Mauricio Pereira
Lobisomem, de Redenção da Serra
Na cidade, contam a história do aparecimento de um lobisomem. A lenda diz que dois amigos tinham ido pescar e aquela seria uma noite de lua cheia. Quando foi caindo a noite, a lua começou a despontar no céu e um dos homens fugiu do local com medo. Sozinho, o companheiro desistiu da pescaria e decidiu voltar para a casa. Quando caminhava pela estrada, avistou um lobisomem. A partir daí, o relato se espalhou.
A história tem várias versões. Fora do Vale do Paraíba, Joanópolis, na região bragantina, tem o lobisomem como símbolo da cidade. Ele já virou caso de polícia e até hoje desperta relatos de gente que jura de pés juntos que a criatura existe.
Imagem de arquivo – Loira do Banheiro Guaratinguetá
Filipe Rodrigues / G1
Loira do Banheiro, em Guaratinguetá
A famosa lenda da “Loira do Banheiro” em Guaratinguetá surgiu de uma história real: Maria Augusta de Oliveira, filha do Visconde local, casou-se aos 14 anos com um homem mais velho, fugiu para Paris aos 18 e morreu por uma causa ainda misteriosa, em 1891.
Seu corpo foi trazido ao Brasil em um caixão violado por ladrões, e uma urna de vidro com seu corpo foi exposta na antiga mansão, hoje escola. Relatos dizem que ela vagou pedindo para ser enterrada, tinha sede, e, após um incêndio misterioso na escola em 1916, surgiram histórias de torneiras que se abrem sozinhas no banheiro.
Com o tempo, detalhes da lenda foram influenciados por histórias como a “Mary Bloody” — por exemplo, com rituais como bater na porta, puxar descarga ou invocá-la na frente do espelho várias vezes.
Lenda da ‘Loira do Banheiro’ nasceu em Guaratinguetá
Sexta-Feira Treze 13: Sorte ou Azar?
Divulgação
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