Desdolarização e BRICS: Viabilidade econômica e impacto nas relações globais

Desdolarização dos BRICS: Estratégia Ambiciosa ou Aposta Arriscada?

No programa Strike, da BM&C News, Paula Moraes entrevistou Roberto Dumas, mestre em economia e professor do Insper, sobre o papel do BRICS na desdolarização e seus impactos na geopolítica global e na economia brasileira. A conversa destacou como o bloco tenta criar uma alternativa ao dólar, mas enfrenta obstáculos devido à conversibilidade limitada de suas moedas e dependência estrutural das reservas internacionais em dólar.

Dumas explicou que, embora muitos governos defendam a desdolarização, a realidade do comércio internacional ainda impõe o uso do dólar e de moedas com alta liquidez. “O problema não é apenas substituir o dólar; é garantir que as moedas dos países do BRICS sejam aceitas e tenham conversibilidade global”, afirmou. Ele argumentou que, sem essa conversibilidade, as empresas hesitarão em aceitar moedas menos líquidas, como o iuan ou o rublo.

Desafios de Governança e Economia do Brasil no BRICS

O economista também explorou a posição do Brasil dentro do bloco. Segundo ele, embora o país tenha conseguido exercer algum poder de veto, como na exclusão da Venezuela, o Brasil precisa equilibrar interesses para não comprometer suas relações comerciais com o Ocidente. “Ficar no BRICS é estratégico, mas não pode ser visto como uma aliança antiocidental”, pontuou Dumas, destacando a importância de o Brasil manter uma postura diplomática neutra para evitar retaliações, especialmente dos Estados Unidos.

Dumas ainda ressaltou que o Brasil enfrenta desafios internos que vão além da geopolítica, como infraestrutura precária e baixa produtividade do trabalhador. Segundo ele, o país precisa priorizar o investimento em educação fundamental e infraestrutura, pois só assim poderá integrar-se plenamente às cadeias globais de valor.

BRICS e FMI: Um Conflito de Governança?

A discussão também abordou a criação de um banco de desenvolvimento alternativo ao FMI. Dumas destacou que, apesar do capital inicial do banco do BRICS, de US$ 100 bilhões, ser significativo, ele é muito menor do que os US$ 932 bilhões do FMI. Além disso, ele levantou uma questão crucial: “O BRICS estaria disposto a emprestar dinheiro a fundo perdido para países em crise, como o FMI faz em situações emergenciais?”

Impactos no Comércio e nas Cadeias Globais de Valor

Dumas concluiu que, embora a desdolarização seja possível em transações pontuais, é improvável que ela se torne a norma no curto prazo. Ele alertou que as políticas populistas e a falta de competitividade industrial prejudicam o Brasil, dificultando sua inserção nas cadeias globais de valor. “A resposta não está apenas no BRICS, mas em resolver nossos próprios problemas internos”, destacou.

Assista o episódio do programa:

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