Donos de clínica suspeitos de deformar pacientes têm prisão mantida pela Justiça


Segundo a Polícia Civil, o casal é suspeito de deformar pacientes em uma clínica de estética em Goiânia. Donos de clínica presos usaram óleo de silicone em pacientes em Goiânia, diz delegado
Os influenciadores e donos de clínica de estética, Karine Gouveia e o marido dela, Paulo César Dias, tiveram a prisão mantida pela Justiça após uma audiência de custódia nesta quinta-feira (13). Segundo a Polícia Civil, o casal é suspeito de deformar pacientes em uma clínica de estética em Goiânia.
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Eles foram presos preventivamente na última quarta-feira (12), cerca de um mês após serem soltos por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Segundo o delegado do caso, Daniel de Oliveira, eles usaram substâncias proibidas como óleo de silicone e o PMMA em procedimentos estéticos e cirúrgicos de alto risco.
A defesa de Karine Gouveia afirmou que a influenciadora nega o uso do óleo de silicone, como informado pelo delegado. O advogado da Karine, Romero Ferraz, argumenta que a acusação deve provar o uso da substância, mas que a investigação ainda não foi concluída.
“Não existe relatório final da autoridade policial. Não existe denúncia feita pelo Ministério Público. Ela tem o direito do devido processo legal justo. Se tem essa convicção, inclusive antecipando a culpa dela, que relate o inquérito e o MP ofereça denúncia. Ela exercerá o direito de defesa dela”, declarou.
Sobre a prisão preventiva, a defesa afirmou, em nota, que discorda absolutamente da decisão decretada pela prisão preventiva dela. Segundo a defesa, a decisão “se valeu de narrativas falsas e da repugnante criminalização da advocacia para tentar impedir o direito constitucional de defesa, evidenciando práticas de lawfare” (veja a nota completa ao final da matéria).
Ao g1, o advogado de defesa de Paulo disse que ele reafirma que todos os procedimentos realizados na clínica de estética foram realizados dentro dos mais rigorosos protocolos. “Jamais foi utilizada qualquer substância proibida em qualquer cliente, muito menos óleo de silicone” (veja a nota completa ao final da matéria).
Segundo a Polícia Civil, o casal foi preso em razão das acusações de formação de organização criminosa, falsificação de produtos terapêuticos, lesões corporais gravíssimas, exercício ilegal da medicina, estelionato e outros crimes relacionados à prática de procedimentos estéticos e cirúrgicos sem a devida qualificação técnica e autorização legal.
Karine Gouveia e Paulo César, casal investigado pela Polícia Civil, Goiás
Reprodução/Redes Sociais
Relembre o caso
O casal foi preso, pela primeira vez, em dezembro de 2024, em uma operação policial que investigava procedimentos estéticos e cirúrgicos que causaram danos físicos a pacientes. Segundo a Polícia Civil, além dos donos, mandados de prisão, busca e apreensão foram cumpridos em desfavor de técnicos que atuavam na clínica e que não tinham formação para realizar os procedimentos.
Na época, a defesa do casal afirmou, à TV Anhanguera, que a clínica possuía todos os documentos necessários para funcionar, que Karine e Paulo sempre praticaram os atos dentro do que determina a lei e que o local atende a todos os padrões exigidos pela Vigilância Sanitária. A polícia negou a fala da defesa e afirmou que a clínica possuía um alvará para procedimentos apenas de classe estética, ou seja, minimamente invasivos.
Além da incapacidade profissional dos envolvidos, a investigação aponta que os materiais e produtos usados nos procedimentos eram inadequados. Mandados também foram cumpridos em Anápolis, a 55 km da capital. Os envolvidos tiveram as contas bancárias, bens e valores bloqueados. No total, foram R$ 2,5 milhões apreendidos e um helicóptero avaliado em R$ 8 milhões.
Soltos desde fevereiro
Após decisão publicada no início de fevereiro pela ministra do Superior Tribunal de Justiça Daniela Teixeira, os dois foram soltos. Na desição, a ministra pontuou manter o casal preso era “desproporcional” e citou que outros investigados já foram soltos.
A sentença atendeu o pedido da defesa, que alegou que Karine e Paulo não poderiam mais atrapalhar as investigações e também são pais de uma criança de 7 anos, que inclusive sofreu um acidente grave de carro e precisou passar por cirurgia.
Nota de defesa de Karine
“A defesa de Karine Gouveia destacou que discorda absolutamente da decisão que foi decretada a sua prisão preventiva, isso porque se valeu de narrativas Falsas e da repugnante criminalização da advocacia para tentar impedir o direito constitucional de defesa, evidenciando práticas de lawfare e tentando salvar uma investigação cheia de desvios do caminho legal.
Sobre a fala do Delegado de que utilizava óleo de silicone nos procedimentos, para além de absurda, Karine nega veemente. No entanto, quem tem que provar é a acusação. E isso é objeto da investigação que sequer foi concluída. Não existe relatório final da autoridade policial. Não existe denúncia feita pelo Ministério Público. Ela tem o direito do devido processo legal justo. Se ele tem essa convicção, inclusive antecipando a culpa dela, que relate o inquérito e o MP ofereça denúncia.
Ela exercerá o direito constitucional de defesa dela. Essa investigação subverteu a ordem constitucional, estão se investigando pessoas e não fatos, como a legislação prescreveu. A cada momento em que não se corrobora uma acusação, se busca uma nova linha acusatória para constranger pessoas. E esse excesso de acusação e atos em claro desvio do caminho legal é que está mantendo a investigação.”
Nota de defesa de Paulo
“Paulo César reafirma que todos os procedimentos realizados na Clínica de Estética Karine Gouveia foram realizados dentro dos mais rigorosos protocolos.
Jamais foi utilizada qualquer substância proibida em qualquer cliente, muito menos óleo de silicone.
Paulo César está confiante de que perante o Poder Judiciário a verdade virá à tona e esta investigação fantasiosa, cheia de irregularidades, será desmascarada.
A prisão é absolutamente ilegal, desnecessária e desproporcional, como já afirmou o Superior Tribunal de Justiça, e deverá ser revogada brevemente, restabelecendo a legalidade.”
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