Gerando Falcões quer R$ 250 milhões para tirar 1 milhão da pobreza; Lemann aporta R$ 100 mi

A ONG Gerando Falcões lançou hoje o Fundo Dignidade, cujo objetivo é investir em ações de desenvolvimento nas favelas brasileiras. A Fundação Lemann fará um aporte inicial de R$ 100 milhões, a maior doação já recebida pela ONG e uma das maiores por uma fundação brasileira para uma única causa.

Edu Lyra, o fundador da Gerando Falcões, disse que espera captar outros R$ 150 milhões até 2026, recursos que serão utilizados para ampliar os programas da Gerando Falcões.

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Dos R$ 150 milhões que ainda precisam ser arrecadados, Edu disse já ter garantido ao menos R$ 25 milhões. 

A lista de doadores inclui Olavo Setubal Jr., Bruno Setubal, a família Marinho, Alfredo Villela, Olímpio Matarazzo, o casal Gabrielle e José Zitelmann, Denise Aguiar e Guilherme Benchimol.

A gestão e a governança do Fundo Dignidade ficarão a cargo da Associação de Apoiadores do Instituto Gerando Falcões, cujo conselho é formado por Denis Mizne, Silvio Genesini, Paula Bellizia, Bruno Setubal e Fabio Kapitanovas. A gestão operacional será responsabilidade da diretora executiva Camila Anker, vice-presidente da Fundação Lemann.

Os recursos serão investidos nos quatro principais projetos da Gerando Falcões: Favela 3D, Decolagem, ASMARA e Falcons University.

O fundo não é um endowment. A meta é utilizar todos os recursos até o final da década — um modelo que vai contra a tendência de dar perenidade aos fundos filantrópicos.

“O objetivo é dar escala aos nossos projetos estruturantes,” Edu disse ao Brazil Journal. “Com esse dinheiro, podemos tirar 1 milhão de pessoas da miséria.”

Jorge Paulo Lemann

A Gerando Falcões nunca seguiu a lógica do mainstream.  A ONG inverte a hierarquia do capital filantrópico ao colocar a favela — e não o filantropo — no comando executivo dos programas. Ao mesmo tempo, busca no asfalto o conhecimento formal para garantir a conexão entre o saber de quem vive, na prática, a realidade das favelas e as práticas de gestão mais eficientes.

Seu projeto mais ambicioso – o Favela 3D (Digna, Desenvolvida e Digital) – reflete essa abordagem.

Desenvolvido em parceria com a Accenture, o programa visa transformar as favelas a partir de três pilares: moradia, conectividade e emprego.

O processo começa com a coleta de dados sociais, estruturais e econômicos. A partir desse diagnóstico, são traçados três planos: um urbanístico, para reformar casas; um de Conectividade e digitalização, para ampliar o acesso à tecnologia; e um de capacitação e geração de empregos.

O projeto-piloto, implementado na Favela Marte, em São José do Rio Preto (SP), no ano passado, elevou de 12% para 100% o acesso à água encanada e mais que triplicou a renda dos moradores.

No caso do programa ASMARA, Edu usa a força da comunidade para criar uma empresa de venda direta baseada em doações de roupas e objetos.

Os produtos doados para o bazar da ONG são selecionados e entregues às vendedoras — todas mulheres em condição de vulnerabilidade — que ficam com até 30% dos lucros.

O ASMARA adapta o conceito de microcrédito notabilizado pelo ganhador do Prêmio Nobel da Paz Muhammad Yunus à realidade das favelas brasileiras.

“Nosso objetivo é acabar com a pobreza e temos todas as condições para isso. Basta ter recursos,” diz Edu.

O valor mínimo para participar do Fundo Dignidade é de R$ 3,6 milhões. O retorno? Aparentemente, este virá quando não houver mais miséria no País.

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