
Qualquer aumento nos custos em uma etapa da cadeia produtiva é repassado para as outras etapas, o que chega ao consumidor final e pesa no bolso.
Reprodução/EPTV
Os preços dos combustíveis tiveram uma alta maior do que a inflação geral do Brasil em fevereiro. Enquanto o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 1,31% no mês, os combustíveis subiram 2,89% em média.
Parte dessa alta é consequência do reajuste no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) cobrados sobre os combustíveis. Desde 1° de fevereiro, os estados passaram a cobrar um adicional de R$ 0,10 sobre a gasolina, e de R$ 0,06 sobre o diesel.
Mas os preços médios dos três combustíveis subiram mais do que o reajuste de imposto:
O litro da gasolina ficou quase R$ 0,16 mais caro, passando de R$ 6,346 para R$ 6,502 — alta de 2,45% e cerca de R$ 0,06 além do reajuste do ICMS;
O etanol teve uma alta de R$ 0,17 por litro, de R$ 4,346 para R$ 4,513 — mesmo sem alta do ICMS;
Já o litro do diesel S-10 ficou R$ 0,27 mais caro, de R$ 6,357 para R$ 6,629 — alta de 4,28% e com uma diferença de R$ 0,21 para o reajuste do ICMS.
Os dados são parte de um levantamento da ValeCard, empresa de meios de pagamento e mobilidade corporativa, que levou em conta transações realizadas entre 1° e 27 de fevereiro em mais de 25 mil postos de combustíveis em todo o país.
Segundo o advogado especializado em Direito Tributário, Carlos Eduardo Navarro, sócio de Galvão Villani, Navarro, Zangiácomo e Bardella Advogados, a principal razão para a alta acima do ICMS é o efeito cascata.
Por que tão caro? Entenda a alta dos combustíveis
O ICMS é um imposto que incide no início da cadeia produtiva dos combustíveis, seja na refinaria ou na empresa responsável por importar o produto. Dessa forma, quando o custo aumenta logo na primeira etapa, ele é repassado ao longo de todos os outros participantes da cadeia.
Navarro explica que as empresas determinam suas margens de lucro por percentuais sobre o custo da produção. Assim, o reajuste do valor do produto não levará em conta apenas essa alta no custo, mas também o quanto o preço precisa subir para que a margem de lucro continue a mesma.
“Qualquer aumento no custo faz com que, na cadeia, na cascata, isso traga um aumento maior no preço final do que foi aquele do custo”, afirma Navarro.
Além do ICMS, no caso específico do diesel, também houve outro aumento bastante comentado. Em 31 de janeiro, a Petrobras anunciou um aumento de R$ 0,22 no preço do diesel para as distribuidoras, que passou a valer no primeiro dia de fevereiro.
Da mesma forma que com o ICMS, as distribuidoras que compram o combustível da Petrobras para revender aos postos de combustíveis passaram a pagar mais caro, e isso é repassado para os postos e para o consumidor final.
Por fim, outros fatores que têm contribuído para o aumento recorrente nos preços dos combustíveis, especialmente os importados, incluem a alta taxa de câmbio (com o dólar na casa dos R$ 5,70), oscilações no preço do petróleo e aumento dos custos logísticos, explica Marcelo Braga, diretor de operações da ValeCard.
“Fatores como logística, transporte e margens de lucro das distribuidoras e postos também impactam o preço final dos combustíveis.”
Qual compensa mais: etanol ou gasolina?
Para reduzir os impactos da inflação dos combustíveis, uma alternativa é calcular para escolher a opção mais vantajosa na hora de abastecer o veículo.
Para isso, segundo especialistas, é importante levar em conta que o etanol é mais vantajoso quando está custando até 70% do preço da gasolina. É uma regra simplificada, mas que já ajuda a desvendar a questão.
Seguindo essa regra, o levantamento da ValeCard mostrou que em 10 estados brasileiros o etanol compensava mais que a gasolina até fevereiro:
Acre
Amazonas
Espírito Santo
Goiás
Mato Grosso do Sul
Mato Grosso
Pará
Paraná
Rondônia
São Paulo
Para saber qual combustível compensa mais, consulte a calculadora de combustíveis do g1.