Storm Education: conheça a startup que quer democratizar o inglês

Storm Education
Storm Education (Imagem: Duivulgação/Storm Education)

Falar um segundo idioma pode ser desafiador, ainda mais quando não se tem a oportunidade de pagar um cursinho ou professor particular. Foi com essa preocupação que Marcos Almirante começou a ensinar inglês via WhatsApp para os alunos da ONG Abraço Campeão, da qual é conselheiro. O que nasceu como um projeto sem fins lucrativos cresceu e se transformou na Storm Education, uma startup que usa o aplicativo de mensagens para levar o ensino do idioma a mais pessoas de forma acessível.

Para se ter uma ideia do quanto o ensino de inglês ainda é precário no país, segundo a edição de 2024 do Índice de Proficiência em Inglês da EF, o Brasil ocupa a 81ª posição entre 116 países pesquisados, tendo um nível baixo de proficiência. “No Brasil, só 5% das pessoas falam inglês. Mas, enquanto isso, 99% das pessoas estão no WhatsApp. Então, tem um grande problema de acesso ao inglês, enquanto sobra acesso ao WhatsApp”, comenta Marcos Almirante, founder da Storm Education.

Projeto que virou empresa

Foi durante a pandemia de Covid-19, em pleno 2020, que Marcos Almirante percebeu que muitas pessoas estavam tentando aprender o idioma e, ao mesmo tempo, se comunicando pelo WhatsApp.

Inspirado por essa conexão, ele pediu ajuda a uma prima professora de inglês e criou um método de mini aulas curtas e envolventes. A iniciativa conta com uma metodologia diferente dos cursos tradicionais de idiomas, usando memes e elementos típicos da cultura brasileira para prender a atenção do estudante.

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Montagem com o rosto de Anitta e corpo de Vinicius Júnior é um dos exemplos dos memes oferecidos pela plataforma (Imagem: Storm Education/Divulgação)

A ideia era não precisar de um aplicativo ocupando espaço no celular. Através do WhatsApp, são enviadas imagens e áudios para o aluno, ensinando a falar inglês básico. “O que a gente vai entregar é um inglês instrumental, um inglês que a pessoa possa, em situações simples, cotidianas, se virar”, aponta Rodrigo Sforcini, business director da Storm Education.

São 150 aulas de conversação básica, para saber o fundamental do idioma. De acordo com Marcos, a ideia é do curso ter o foco de um primeiro contato com o inglês. “A palavra aqui é acesso. Estamos olhando para quem ninguém olha, 95% da população, da periferia urbana à comunidade indígena”, explica Marcos.

O projeto começou pequeno, com uma turma de 20 alunos da ONG Abraço Campeão, mas logo viralizou. Em pouco tempo, havia centenas de inscritos e um time de voluntários dedicados. “Comecei a chamar amigo, amigo de amigo, para ajudar a atender os alunos. Tínhamos 200 alunos do Brasil inteiro. Abrimos outra turma, 500 alunos. A gente começou a crescer muito rápido, em dois anos atendemos quase 2 mil alunos”, relembra o founder.

Sem um CNPJ, mas com uma demanda crescente, a iniciativa começou a sentir a necessidade de estruturar melhor sua tecnologia, o que levou à formalização do projeto como empresa em 2022. Foi aí que a Storm Education fez sua rodada pré-Seed: em fevereiro de 2025, a startup conseguiu um investimento da Anjos do Brasil.

Com a nova rodada, a Storm está integrando inteligência artificial e montando um time de especialistas em cada área, assim conseguindo abranger mais alunos e fortalecendo o propósito de democratizar o ensino do idioma.

Quem compra o serviço?

A Storm Education começou como um projeto que focava em pessoas de periferia e comunidades indígenas. Mas agora que a iniciativa virou uma startup, quem compra o serviço?

Segundo Marcos, a Storm Educaction atua atualmente como uma empresa no modelo B2B. Ou seja, a startup vende contratos para empresas e governos para que as pessoas possam estudar inglês.

A empresa também visa marcar presença em grandes eventos que recebam o público estrangeiro, reforçando a necessidade do aprendizado do idioma.

Outra estratégia para monetizar envolve branding. Segundo Marcos, como a ideia é de incorporar elementos brasileiros às aulas para chamar atenção dos alunos, seria possível integrar imagens de produtos de grandes empresas presentes no nosso cotidiano. “Quando falamos de cores, podemos falar que um chinelo é branco ou é um chinelo é verde. E podemos usar o chinelo de alguma marca para ilustrar”, exemplifica.

Isso entraria no conceito de “branded education”. Para o aluno, é uma educação via WhatsApp, e para as marcas, é branding através da educação.

Valeu o investimento?

Para Thammy Marcato, investidora líder desta rodada da Anjos do Brasil, a Storm Education chama atenção por ter uma visão que vai na contramão de tudo que, normalmente, esse tipo de empresa busca.

Segundo a investidora, os ensinos de línguas costumam ser “muito importados” e, sendo assim, os materiais base refletem a realidade do americano ou do britânico, a depender de onde você está estudando.

“Essa é a primeira grande diferença da Storm: ela inverte essa linha de aprendizado sobre uma perspectiva brasileira. E daí vamos nos exemplos bobos: no Natal, não neva. Por quê? No Natal a gente está indo para a praia porque é verão. Você tem uma relação de estações diferentes. Então, acho que essa é a primeira coisa para apontar, essa tropicalização do ensino da língua sobre a perspectiva de quem aprende, não da língua que é ensinada”.

A tese da investidora também se sustenta no uso do WhatsApp, que, segundo ela, é sobre inserir um campo de educação dentro de algo que as pessoas já sabem usar. Apesar disso, a escolha pode ser arriscada. “Uma vez que você vai para o WhatsApp, você fica exposto às regras do WhatsApp. Então, de maneira estratégica, uma vez tomada essa decisão, a Storm se aproximou muito da Meta para entender as regras e fazer com que isso fosse viável, porque isso é um risco de saída quando você não opera”.

Como terceiro ponto da tese, Thammy vê que a Storm Education acredita que a população brasileira é muito desatendida do nível básico de inglês, diferentemente de outros cursos de idiomas. “Não é todo mundo que vai precisar traduzir um documento ou que vai precisar trabalhar com uma empresa lá de fora, mas talvez você esteja na rua e cruze com um estrangeiro que precisa de uma instrução. Isso protege o mercado, porque ao invés de competir com alguém que tenha a capacidade de pagar R$ 300, R$ 400, R$ 500 por mês para estudar línguas, você vai mirar num pricing point muito mais acessível”.

Como quarto ponto, a investidora cita como “provocação disruptiva” a brincadeira do edtech de education com o edtech de advertising. “Por que eu não posso usar esse espaço de mídia para vender esse branded content para um chinelo? E ao invés desse chinelo ser um chinelo genérico, ele ser o chinelo de alguma marca”, exemplifica.

Por fim, Thammy Marcato cita como último ponto da tese uma questão de confiança, não diretamente destacada no modelo de negócio, mas sendo uma decisão, sim, de investimento: a equipe da Storm Education. “Eles trazem muita confiança de conseguir lidar com os desafios. Eu acho que o investidor ele busca, dentro da sua tese de risco, um modelo que faça sentido”.

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