Diarista presa por engano após erro da Justiça diz que precisa andar com alvará de soltura: ‘Sem ele, não sei se vou ficar solta’


Débora, de 42 anos, foi a delegacia denunciar o ex por agressão e acabou confundida com outra mulher, foragida por tráfico de drogas em MG. Ela acabou sendo presa injustamente. Justiça reconheceu erro, e ela foi solta. Diarista presa por engano após erro da Justiça diz que precisa andar com alvará de soltura: ‘Sem ele, não sei se vou ficar solta’
A diarista Débora Cristina da Silva Damasceno, presa por engano depois de um erro da Justiça de Minas Gerais, conta que depois que foi solta, precisa andar com o alvará de soltura.
“Tenho que andar como minha nova identidade. Sem ele, não sei se vou ficar solta. Com ele, sei que vou ficar. Agora, será meu fiel namorado, escudeiro marido”, disse a diarista.
Um dia depois de ser solta, Débora passou o dia com a família e recebeu o carinho e a solidariedade dos amigos. Ela ainda está com o coração dividido entre o alívio da liberdade e trauma do erro. A diarista conta que ainda lida com as memórias da prisão.
Débora Cristina da Silva Damasceno foi confundida com outra mulher, procurada pela Justiça
Reprodução/TV Globo
“Eu sonhei que eu estava voltando lá para dentro. A cela estava se fechando e o cadeado batendo. Acordei gritando, meu filho acordou apavorado”.
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Débora foi vítima duas vezes. Ela foi à delegacia em Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, denunciar um caso de violência doméstica e acabou presa por tráfico de drogas e associação criminosa no lugar de outra pessoa.
“Ali, eu vi que minha vida tinha caído dentro do buraco e não estava conseguindo achar saída. Eu estava no precipício. Estou tentando subir devagar, espero subir e deixar esse buraco para lá”, afirma Débora.
A Débora que é procurada pela Justiça, na realidade, é 8 anos mais nova e tem um sobrenome a menos: da Silva.
Sem contar a diferença na filiação e o endereço. Ela mora em Belo Horizonte (MG), onde a Débora presa injustamente nunca esteve.
Na cadeia de Benfica, Zona Norte do Rio, ela conta que dividiu a cela com 24 detentas e dormiu no chão. Débora conseguiu da justiça a medida protetiva contra o companheiro agressor e decidiu que não volta mais para Petrópolis, onde morava com ele há 2 anos.
Ela diz que pretende retomar a vida aqui no Rio, junto com os dois filhos e a avó e agora, o desafio é conseguir trabalho. Na serra, a diarista diz que não faltava serviço. Segundo Débora, a maior preocupação agora é limpar o nome.
“Estou tentando subir devagar. Espero subir esse precipício e deixar esse buraco pra lá. É uma vida nova que eu quero viver com meus filhos”, conta a diarista.
A família ainda tenta lidar com toda a situação.
“Por que prenderam ela? Eu criei meus filhos como pobre, mas com educação”, lamenta a avó de Débora, Elzenir Alvarenga, de 80 anos.
“Agora eu desejo bastante alegria para ela”, afirma Fabrício Damasceno, filho de Débora.
Para Débora, é impossível apagar o erro que aconteceu em um momento de fragilidade, justamente quando precisava da proteção da lei.
“Só queria acertar o que estava acontecendo comigo porque acho que mulher nenhuma tem que apanhar sofrer mulher nenhuma tem que ser xingada porque somos mulheres”, afirma a diarista.
Na terça-feira, quando questionado pelo RJ2 sobre o erro que levou Débora à cadeia, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais se limitou a dizer que houve um equívoco na expedição do mandado de prisão. A TV Globo pediu um novo posicionamento ao tribunal mineiro, que disse, nesta quarta, que o caso está sendo apurado pela Corregedoria-Geral de Justiça de Minas Gerais.
Sobre a reclamação de Débora, de que teve que dormir no chão da cadeia de Benfica, a Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap) afirmou que ofereceram a ela um colchão.
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