Mulheres na ciência: 3 projetos no TikTok para acompanhar e aprender

Em um cenário no qual notícias falsas se passam por verdadeiras, dominando grande parte dos conteúdos diários compartilhados nas redes sociais, levar informação de qualidade se torna um grande foco das mulheres na ciência. Cientistas brasileiras, formadas em diferentes áreas de conhecimento, fazem sucesso no TikTok  ao ensinar, de forma didática e divertida, dados deste universo e ao diferenciar mitos de fatos. Abaixo, compartilhamos três perfis que valem seu follow. 

Mari Krüger

três perfis de mulheres na ciência para conhecer no tik tok: mari krüger


Foto: Instagram/@marikrugerb

Em 2020, a gaúcha Mari Krüger estava afastada da biologia, curso em que se formou pela UFRGS em 2013, quando resolveu voltar à ativa como uma forma de distração. “Era pandemia, estávamos todos em casa e resolvi baixar o TikTok”, relembra ela. “Tive a ideia de fazer conteúdos com as coisas que eu lembrava da faculdade e que gerassem curiosidade.”

Os vídeos logo deixaram de ser um hobby para se tornar sua profissão. “Eu costumo dizer que o TikTok salvou minha vida e eu acredito que de várias outras mulheres”, declara. “Infelizmente, as mulheres na ciência ainda são minoria, principalmente as que estão em posição de liderança. Mas as plataformas de criação de conteúdo acabam sendo uma vitrine de inspiração para meninas que querem ser cientistas.”

Entre seus vídeos de maior destaque estão os que abordam a higienização correta dos vegetais. “Muitas pessoas foram ensinadas a passar só na água, mas a recomendação do Ministério da Saúde, da Anvisa e da Organização Mundial da Saúde é fazer a limpeza com água sanitária”, comenta. 

Seu conteúdo mais viral, aliás, faz uma brincadeira sobre qual seria a reação dos microorganismos quando você só lava suas frutas com água. “A diluição correta geralmente é de uma colher de sopa de água sanitária para cada litro de água”, diz Mari, que indica sempre dar uma checada no rótulo do produto. “Às vezes, é diferente.”

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Deusa Cientista

três perfis de mulheres na ciência para conhecer no tik tok: deusa cientista


Foto: Instagram/@deusacientista

Assim como Mari, a química Kananda Eller também começou seu projeto nas redes sociais durante a pandemia. “Já era professora há seis anos e estudava a partir da perspectiva de entender o racismo dentro da ciência”, comenta. “Comecei a criar vídeos sobre quais são as referências de cientistas negros que temos na comunidade e sobre mulheres na ciência, e como existem poucas nas exatas.”

Ao mesmo tempo, explorava temas recorrentes do momento, como a importância da vacinação e do acesso à saúde. A intersecção entre dois assuntos em evidência – a representatividade negra e a covid-19 – foi a base de um dos seus vídeos mais visualizados. “Introduzia quem estava liderando os estudos e a produção da (vacina) Pfizer: Omima Aniguaba, um homem negro nigeriano”, relembra. 

Aproximar o público desse universo virou seu mote. “Em uma pesquisa realizada dez anos atrás pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, 94% dos brasileiros não sabiam citar o nome de um cientista do país e 85% não conseguiam citar o nome de uma instituição de pesquisa nacional”, informa ela. “A ciência é distante do povo e, para pessoas negras, é um universo ainda mais inconcebível. Pessoas da periferia acham que é uma coisa muito difícil, longe delas.”

Democratizar e diversificar a ciência, por outro lado, é um passo fundamental. “Quanto mais diversidade houver nessas áreas, mais tecnologia e avanço teremos para que o nosso país impacte verdadeiramente um maior número de pessoas. Ter apenas homens brancos à frente das pesquisas faz com que as mesmas perguntas, problemas e soluções sejam pensadas.”

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Nunca Vi 1 Cientista

três perfis de mulheres na ciência para conhecer no tik tok: nunca vi 1 cientista


Foto: Instagram/@nuncavi1cientista

Formado pela bióloga e doutora em ciência Ana Bonassa e pela farmacêutica e bioquímica Laura Marise, o projeto Nunca Vi 1 Cientista surgiu com a missão de descomplicar temas científicos e, dessa forma, combater também a desinformação e notícias falsas que, vira e mexe, pipocam nas redes sociais. “Durante um trabalho voluntário no qual a Laura levava esse tipo de informação para pessoas leigas, ela percebeu que havia muito interesse das pessoas pelo tema. O público queria se informar sobre o assunto, mas não sabia onde procurar. Além disso, até quando achavam informação, não conseguiam compreender”, relembra Ana. 

Para ampliar o acesso à ciência e introduzir o tópico de forma fácil, divertida e simples, as amigas uniram seus conhecimentos e criaram o perfil em 2018. “É essencial estar na internet, onde as pessoas estão consumindo conteúdo e sendo expostas à desinformação”, diz Bonassa. Juntas, elas fizeram sucesso ao explicar, por exemplo, que a diabetes não pode ser causada por vermes e por que os queijos têm furinhos, além de trazer dicas práticas e cotidianas, como a maneira certa de se tomar creatina

“Indiretamente, esse conteúdo também serve de apresentação para o trabalho das mulheres na ciência”, comemora. “As pessoas, quando assistem aos nossos vídeos, vêem duas mulheres com graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado falando de assuntos com responsabilidade e mostrando as fontes das informações.”

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