PMs do Bope investigados por ficar com parte de droga apreendida após abordagem são soltos em Boa Vista


Em 2024, após uma abordagem de um rapaz na rua, os policiais entregaram na delegacia 55 quilos de skunk e 1 quilo de pasta base de cocaína. No entanto, a investigação revelou que, na verdade, foram apreendidos 70 quilos de drogas. Mais de 50 kg de drogas apresentados pela PM na delegacia
PMRR/Reprodução/Arquivo
Quatro policiais militares do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) de Roraima, investigados por suspeita de terem ficado com parte de uma apreensão de drogas em Boa Vista, foram soltos quase um mês após a prisão. A Rede Amazônica teve acesso ao documento que garante liberdade nesta segunda-feira (24).
Jean de Matos Galvão, Daniel Rodrigo Pereira da Silva, Fernando dos Santos Silva e Ivan Santos Silva tiveram as prisões temporárias revogadas no dia 24 de fevereiro deste ano pelo juiz substituto Thiago Russi Rodrigues, da 1ª Vara da Justiça Militar. Eles foram presos no dia 29 de janeiro na operação “Quem Pariu Mateus Que Balance”.
A investigação da Polícia Civil apurou que em novembro de 2024, após uma abordagem de um jovem nas ruas da capital, os policiais apresentaram na delegacia 55 quilos de skunk e 1 quilo de pasta base de cocaína. No entanto, na verdade, foram apreendidos 70 quilos na época. Não há informações sobre o que foi feito com o restante das drogas. Leia mais detalhes abaixo.
PMs do Bope suspeitos de ficar com parte de droga apreendida após abordagem são presos em Boa Vista
O juiz considerou que já havia elementos informativos suficientes, os aparelhos eletrônicos foram apreendidos, a defesa colaborou, os investigados tinham residência fixa e ocupação lícita, e a prisão “deveria ser a última medida”.
“Portanto, não há, por ora, elementos concretos suficientes que fundamentem a manutenção da prisão temporária, impondo-se a revogação”, destacou o juiz.
Os policiais são investigados por sete crimes: prevaricação, concussão ou extorsão, lesões corporais e/ou ameaças e/ou constrangimento ilegal, inovação do estado de lugar, tráfico de drogas, peculato e falsidade ideológica. Além dos militares presos, um sargento identificado como Wisley Sabino Aquino foi incluído pelo Ministério Público de Roraima (MPRR) como suspeito no processo.
Com a suspensão das prisões temporárias, o juiz impôs medidas cautelares aos suspeitos, sendo elas:
Suspensão do porte de arma funcional;
Proibição de acessar ou frequentar o lar, domicílio ou outro local de convivência da vítima ou quaisquer das testemunhas/informantes e demais pessoas envolvidas no presente caso;
Proibição de realizar atividade policial operacional, cabendo à PMRR aproveitar os investigados apenas em atividades de cunho meramente administrativo;
Comparecimento mensal em juízo, presencialmente, para informar endereços e contatos telefônicos atualizados;
Informar nos autos endereços e contatos telefônicos atualizados em que poderão ser realizadas as intimações;
Comunicar ao juízo qualquer nova alteração de endereço ou contato telefônico.
O g1 procurou a Polícia Militar (PM), questionou se há o interesse em se posicionar e aguarda resposta. A reportagem tenta contato com os investigados.
Relembre o caso
Operação prende 4 PMs do Bope de Roraima
O suposto crime ocorreu em novembro de 2024, quando os policiais encontraram um jovem em uma rua de Boa Vista com uma quantidade de drogas na cintura. Durante a abordagem, ele revelou aos PMs quem tinha mais drogas e ligou para um homem, suposto traficante, que seria o dono das drogas apreendidas. Os policiais forçaram o homem a marcar um encontro com esse traficante.
O encontro foi combinado para acontecer na casa do traficante. Na operação, os policiais apreenderam 70 kg de drogas. Segundo a investigação, após um possível acordo, os policiais liberaram o verdadeiro dono das drogas e incriminaram o jovem abordado nas ruas, atribuindo a ele a posse de 55 kg das drogas apreendidas. Em seguida, ele foi levado à delegacia.
O restante das drogas teria ficado com os policiais, mas ainda não há informações sobre o que foi feito com elas.
A operação que prendeu os policiais também cumpriu mandados de busca e apreensão em suas casas, em Boa Vista. A ação é coordenada pelo promotor de Justiça Antonio Carlos Scheffer, do Controle Externo do Ministério Público.
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