China testa chip cerebral que devolve movimento a paraplégicos em menos de 24 horas

Um avanço impressionante na neurotecnologia pode estar mudando o futuro das pessoas com paralisia. Pesquisadores da Universidade Fudan, em Xangai, desenvolveram uma interface neural tripla capaz de reconectar o cérebro à medula espinhal de pacientes com lesões graves — e os resultados foram mais rápidos e profundos que os apresentados pela Neuralink.

O estudo, divulgado recentemente, mostrou que quatro voluntários paraplégicos voltaram a andar após a implantação de chips de eletrodos que recriam o fluxo de sinais entre o cérebro e o corpo. O primeiro paciente conseguiu levantar as pernas apenas 24 horas após a cirurgia, em um processo que durou menos de cinco horas.

Tecnologia tripla: um “bypass neural” sem dispositivos externos

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Diferente da abordagem da Neuralink — que conecta cérebro a computadores ou membros robóticos —, a técnica chinesa foca na reconstrução direta do sistema nervoso. Com o uso de chips milimétricos implantados no córtex motor e na medula espinhal, os sinais cerebrais passam a ser interpretados, amplificados e enviados diretamente aos nervos danificados, sem a necessidade de aparelhos externos.

Esse “bypass neural” — como descrevem os cientistas — permite que o corpo volte a usar suas próprias conexões neurais, estimulando o processo conhecido como remodelação nervosa.

“O objetivo final é que os pacientes consigam andar sem a ajuda de qualquer dispositivo”, afirmou Jia Fumin, líder do projeto e pesquisador do Instituto de Ciência e Tecnologia da Inteligência Cerebral de Fudan.

O caso de Lin: de paraplégico a paciente em reabilitação ativa

 

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Um dos casos que mais chamou a atenção foi o de Lin, de 34 anos, que perdeu os movimentos das pernas após cair de uma escada em 2022. Após o implante, ele levantou as pernas em menos de 24 horas, passou a sentir formigamentos, e duas semanas depois, já conseguia caminhar cerca de 5 metros e superar obstáculos simples.

Além disso, Lin relatou recuperação de funções sensoriais, como sentir vontade de urinar — algo que havia perdido completamente após a lesão.

Recuperação mais rápida que em estudos europeus

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Os cientistas chineses apontam que o novo método teve efeitos mais rápidos e consistentes do que pesquisas semelhantes feitas na Suíça, onde os primeiros resultados de recuperação só apareceram após seis meses. Na China, os quatro pacientes que participaram do estudo conseguiram retomar movimentos em questão de dias ou semanas.

Outros três pacientes foram operados entre fevereiro e março de 2025, e todos mostraram evolução, com graus diferentes de recuperação motora e sensorial.

Todos os dispositivos foram feitos na China

Todos os chips, sensores e interfaces usados no experimento foram desenvolvidos em território chinês, destacando a força local da indústria neurotecnológica. A China tem hoje mais de 3,7 milhões de pessoas com lesões medulares, e o projeto já é visto como um possível divisor de águas na medicina e na tecnologia assistiva.

Os pesquisadores afirmam que, com um programa de reabilitação de 3 a 5 anos, os pacientes podem alcançar uma reconexão neural completa — algo até então considerado impossível.

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