Open source faz com que IA seja democrática, diz CEO da The Atlantic

Nicholas Thompson, CEO da The Atlantic
Nicholas Thompson, CEO da The Atlantic

Para quem acompanha de perto os avanços na inteligência artificial, os sentimentos de deslumbramento e medo diante das possibilidades da tecnologia normalmente caminham lado a lado. Com regimes autoritários ganhando espaço em todo o mundo, a centralização de poder promovida pela IA representa um risco à democracia, mas, felizmente, há uma solução: o open source.

O argumento foi defendido por Nicholas Thompson, CEO da revista The Atlantic – publicação norte-americana que recentemente divulgou planos de ataque do governo de Donald Trump ao Iêmen, após as informações terem sido enviadas acidentalmente a um jornalista do veículo.

Em palestra no evento Zendesk Relate, que se encerra nesta quinta-feira em Las Vegas, Nicholas disse que o mundo tem subestimado o potencial da IA e as mudanças que essa tecnologia irá promover. Além de jornalista, ele também é co-founder da plataforma SpeakEasy AI, adquirida pela Amplica Labs em abril de 2024.

“É um pouco difícil dizer exatamente o quão rápida a IA está avançando. Mas se você olhar para o poder de processamento, para a quantidade de computação que está sendo usada, para o output, a IA parece estar crescendo cerca de 10 vezes a cada dois anos. Então as máquinas que temos agora são as máquinas mais burras que o ser humano já encontrou. E as próximas máquinas inventarão as máquinas depois disso, e você terá máquinas auto-replicantes. E então você tem essa explosão de inteligência”, afirmou.

Em meio à velocidade em que a tecnologia avança, fica cada vez mais difícil entender os mecanismos por trás desses modelos e questionar os vieses que podem ser replicados pelas máquinas. Nicholas cita como exemplo as redes sociais, que cada vez mais têm utilizado a inteligência artificial para “sugar” os usuários para dentro desses ambientes.

“O Facebook tem experimentado criar personagens fake para ver como você reage a eles no Instagram. Essa é, na verdade, uma das coisas com as quais mais me preocupo, que seremos sugados para esse mundo”, admitiu.

Segundo ele, um dos problemas é que ainda se sabe pouco sobre como essas tecnologias funcionam. “Nós entendemos a arquitetura dos modelos. Sabemos que se você os treinar com mais dados, eles se sairão melhor. Entendemos a lógica de como você pode melhorá-los. Entendemos muitas coisas. Entendemos o consumo de energia. Mas nós não entendemos realmente como a memória desses sistemas funciona, por que eles dão certas respostas. Seria melhor se entendêssemos como funciona, porque assim poderíamos controlá-los melhor”.

Um dos alertas que o CEO da The Atlantic faz é com relação ao monopólio das big techs norte-americanas na inteligência artificial – que têm incorporado diversas startups e empresas menores do segmento como prática para acabar com a concorrência. Segundo ele, o domínio de poucas empresas sobre este mercado representa um risco para a democracia, considerando que a IA tem sido cada vez mais usada pelos indivíduos para obter informações.

“Se você olhar para os últimos 20 anos, a democracia está em declínio, a autocracia está em ascensão. A tecnologia até agora não tem sido uma ferramenta boa para a democracia. Então a questão com a IA é: será diferente? Ou vai piorar? Eu me preocupo que piore. Ela centralizará o poder em um pequeno número de empresas, em um pequeno número de países. E esse poder, quando centralizado, dará a esses países a capacidade de vigiar, de manipular fluxos de informação. Eu sou totalmente a favor do open source, em parte porque acredito que é a única maneira de combater a centralização do poder”, explicou.

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