Carvão limpo existe mesmo? Desvende a origem desse mito e quais suas implicações ambientais

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Nos chamou atenção, ao acompanhar as notícias na mídia, que o atual presidente norte-americano, Donald Trump, citou em diversas entrevistas a intenção dos Estados Unidos de, talvez, investir mais na produção de “carvão limpo”. Esse é um tema delicado, pois os próprios cientistas não concordam em unanimidade que exista algo assim. Todavia, o conceito vem sendo amplamente explorado, especialmente em países que ainda dependem demais de combustíveis fósseis e buscam alternativas para sua geração de energia.

Fato é que, querendo ou não, estamos em um momento bastante delicado de nossa história, com a preocupação cada vez mais crescente com relação às mudanças climáticas. Então, será que apostar em “carvão limpo” seria uma boa saída? Debatemos o assunto no artigo a seguir, do Engenharia 360!

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Carvão limpo: É real ou ilusão?

Antes de tudo, o que acha de entendermos o que é esse tal de “carvão limpo”? Pois bem, trata-se de oxímoro, ou seja, uma contradição científica. Porque, como sabemos, o carvão é um dos combustíveis mais poluentes do planeta. Sua extração e processamento geram vários resíduos tóxicos que contaminam o solo e água. Sem contar que sua queima libera vários gases de efeito estufa, como dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N20), que contribuem significativamente para o aquecimento global. São danos demais ao meio ambiente!

O que se entende por “carvão limpo” é quando se adiciona a essa equação uma “limpeza física” feita antes de sua queima ou captura após a combustão. No entanto, mesmo com tecnologias avançadas, nem isso impede a emissão de gases danosos. Diversos especialistas garantem que nunca poderíamos considerar a queima de carvão como algo limpo, não importa o tratamento aplicado pela engenharia. No cenário que Trump descreve, o único benefício que se teria seria mesmo o aumento da competitividade econômica do país.

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Veja Também: Qual a função do carvão na produção de ferro?

Tecnologias envolvidas na “limpeza” do carvão

Talvez seja interessante falar neste ponto do texto das tecnologias de captura e armazenamento de carbono (CCS), frequentemente citadas como as facilitadoras da “limpeza” do carvão; ademais, se isso levaria à redução das emissões de CO2 das usinas de carvão. Olha, só o processo da captura de carbono por si já é bastante complexo; o armazenamento ainda eleva a dificuldade. Por fim, usar isso para eliminar todas as emissões de gases de efeito estufa das usinas de carvão parece pouco provável.

Veja que interessante, segundo um relatório do Congressional Budget Office de 2023, apenas quinze instalações de CCS estão operando nos Estados Unidos, e nenhuma delas está sendo usada em usinas de energia a carvão. Será que isso não explica alguma coisa?

Talvez seja totalmente razoável questionarmos se é mesmo possível tornar o “carvão limpo”. Sem contar que o custo dessas tecnologias é alto demais, o que faz desta uma opção economicamente inviável em várias situações.

Resumindo, a mineração de carvão vai continuar contaminando água e danificando ecossistemas; o processo de extração e queima de carvão vai continuar a gerar poluição. Essa ainda será uma fonte de poluição de ar, não importa o que se prometa – mesmo que com a melhor das intenções. Aliás, essas partículas causam problemas respiratórios e agravamento de doenças cardíacas e pulmonares.

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O papel da engenharia na transição energética

O caminho para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e mitigar as mudanças climáticas não é “carvão limpo”, nem mesmo incentivo ao consumo de combustíveis fósseis. É investir em energias renováveis, como a solar e a eólica – cada vez mais acessíveis e confiáveis -, inclusive com integração à rede elétrica; é desenvolver materiais e processos mais sustentáveis; é apostar numa economia de baixo carbono. E, sim, é óbvio que esse desafio é complexo, mas essencial para garantirmos um futuro sustentável para o planeta!

Além dos esforços do governo, em conjunto com empresas, há a necessidade de uma conscientização da sociedade civil. Nesse contexto, é importante a implementação de políticas públicas que incentivem a adoção de boas práticas e soluções de engenharia. Só assim, em comunhão, com escolhas sensatas, podemos fazer a mudança no mundo!

Uma observação: em 2023, a energia limpa produziu mais energia do que o carvão nos EUA, ao mesmo tempo em que criou muitos empregos locais.


Fontes: O Eco, Nexo Jornal.

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