Fabiano Cruz deixa o comando da fintech Zoop

Fabiano Cruz, fundador da Zoop
Fabiano Cruz, fundador da Zoop

Ao encerrar o expediente hoje (31), Fabiano Cruz concluirá pela última vez a rotina que teve ao longo dos últimos 12 anos. A partir de hoje, o fundador da fintech Zoop não está mais ligado à companhia.

A saída acontece um ano depois de o iFood ter incorporado as operações da companhia, e do fim do período de earn out de Fabiano, e vinha sendo planejada ao longo dos últimos seis meses. A operação passa a ser tocada por Cesario Martins, cofundador do ClickBus, que chegou ao iFood em janeiro.

“É um sentimento de missão cumprida. Foram 12 anos de crescimento ininterrupto. Sempre para cima. E deixamos um caminho estratégico para o iFood além da comida. Um caminho de fintech que não tem limite”, diz Fabiano em conversa com o Startups.

A Zoop passou para debaixo do iFood em 2023 depois que a holding que era investidora das duas empresas, a Movile, deixou de existir. Ano passado, o iFood assumiu 100% do negócio. O aplicativo de entregas já era um dos principais clientes da fintech, e com a integração, o aproveitamento dessa infraestrutura foi ampliado.

Atualmente a Zoop tem uma receita de R$ 500 milhões, cerca de metade dos R$ 1,2 bilhão do iFood Pago. A expectativa é que o negócio dobre de tamanho no próximo ano fiscal, que começa em maio. O iFood Pago como um todo deve chegar a R$ 2,5 bilhões. Além do iFood, a Zoop atende empresas como OLX, Olist e Nubank.

“A capacidade de investimento cresceu. A infraestrutura é outra. Tem muita gente boa e muita capacidade de continuar inovando. É um momento muito bom com IA e muita coisa acontecendo”, destaca Fabiano.

Hora de dizer tchau  

Segundo ele, a decisão de deixar a Zoop não foi fácil, mas aos 45 anos, e com um filho de cinco, ele entendeu que a hora era agora. “Eu nunca fui muito em parar. Tive pouco equilíbrio de vida pessoal e trabalho. E não podia fazer isso com eles [seguir em mais um ciclo]. Se você não toma a decisão, você fica para sempre”, explica.

A Zoop foi a segunda empreitada de Fabiano. Na primeira, uma consultoria de tecnologia, ele “quebrou feio”, e teve a experiência de ter um Oficial de Justiça batendo na sua porta para tomar bens. “Eu era muito novo. Tinha 20 anos”, lembra.

Depois da empreitada malsucedida, Ele passou por empresas como Siemens, BenQ e foi pesquisador do INdT. Depois, seguiu para uma experiência internacional, passando seis anos no BID em Nova York. Enquanto ainda estava no banco, a ideia do que viria ser a Zoop nasceu.

Na época o plano era ter uma maquininha de pagamentos para atender a uma carência do mercado brasileiro. O dispositivo foi projetado por Fabiano e Rodrigo Miranda. Em 2013, o projeto ganhou um cheque de US$ 100 mil da Qualcomm Ventures. “A gente foi muito maluco”, brinca.

Fundadores da Zoop recebem cheque da Qualcomm Ventures durante o evento Punta Tech em 2013. (Foto: Acervo pessoal)

De volta ao Brasil em 2014, o negócio de pagamentos foi evoluindo e conquistando clientes. Já em 2015, a companhia era cloud based e projetada com APIs, o que fez sua oferta sair só de uma maquininha e ir para o fornecimento de infraestrutura de serviços financeiros para outras empresas. Esse posicionamento atraiu clientes como Loggi e o próprio iFood. Eram os primórdios do que hoje ficou conhecido como banking as a service. “Fizemos escola”, gaba-se Fabiano.

Em sua trajetória, a Zoop levantou US$ 50 milhões e não fez nenhuma aquisição. “Olhamos todo mundo do mercado. Mas preferimos desenvolver tudo internamente”, conta Fabiano.

Próximos passos

Apesar do logoff na Zoop, Fabiano diz que não pretende se aposentar. A ideia é descansar um pouco e encontrar novos projetos. Com sete investimentos anjo feitos diretamente, ele diz que não pretende ter um fundo próprio. O plano é aproveitar o dealflow de outros fundos, como a Norte Ventures, onde ele já é investidor.

Em 12 anos de caminhada, o fundador destaca que precisou mudar muitas vezes, saindo do papel de fundador para CEO. “Fiz todo tipo de curso que você puder imaginar. Andei em cima de brasa para ter inteligência emocional”, lembra. Como principal ensinamento da jornada, ele destaca a atenção com as pessoas e a cultura da companhia. “Nos momentos mais difíceis, é a liderança que estará lá no dia a dia. Se você tem a cultura e cuida das pessoas – de verdade –, consequentemente o negócio prospera”, pontua.

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