Zuckerberg aposta em Trump para proteger a Meta das garras da União Europeia

Mark Zuckerberg, o cérebro por trás da Meta, parece estar jogando todas as suas fichas em uma aliança com o presidente Donald Trump para enfrentar um desafio que pode custar caro à sua empresa.

A União Europeia (UE) está prestes a bater o martelo sobre uma decisão que pode multar a gigante das redes sociais por conta do modelo “pague ou consinta” adotado pelo Facebook e Instagram. Esse embate, que já vinha se desenhando desde julho de 2024, coloca em jogo até 10% da receita anual da Meta, algo em torno de 16 bilhões de dólares com base nos números de 2024, e pode mexer com quase um quarto dos lucros da empresa, que vêm da Europa.

Vamos entender essa história e o que ela significa para o futuro das redes sociais que usamos todo dia.

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O que está em jogo com o “Pague ou Consinta” da Meta?

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O problema começou com o modelo de anúncios da Meta, que dá aos usuários duas opções: pagar uma assinatura para usar o Facebook e o Instagram sem propagandas ou aceitar os anúncios personalizados baseados nos seus dados, tudo isso de graça. Diante disso, a UE, amparada pelo Digital Markets Act (DMA), uma lei que regula as gigantes da tecnologia, disse “opa, peraí”.

Para os reguladores europeus, essa escolha não é justa: ou você paga, ou entrega sua privacidade. Eles argumentam que deveria haver uma terceira via, uma versão gratuita com menos coleta de dados, mas ainda funcional. Em julho de 2024, a UE já tinha dado um aviso preliminar de que esse sistema viola as regras do bloco, e agora a decisão final está a caminho.

Para a Meta, essa briga é mais do que uma questão de princípios. A Europa representa uma fatia enorme dos seus ganhos, e mudar o modelo de anúncios pode dar um baque no bolso da empresa. Afinal, os anúncios personalizados, que dependem de rastrear tudo o que você curte, comenta ou até hesita antes de rolar a tela, são o coração do negócio da Meta. Zuckerberg já deixou claro que não curte essas regras europeias, chegando a chamar as multas de “censura institucionalizada” e pedindo socorro ao governo americano.

Uma amizade estratégica com Trump

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Desde que Trump venceu as eleições em novembro de 2024, Zuckerberg não perdeu tempo. Ele logo parabenizou o presidente, doou 1 milhão de dólares para a posse e fez várias visitas a Mar-a-Lago, a “base” de Trump na Flórida.

Não parou por aí: a Meta começou a alinhar suas políticas com o estilo do presidente. Demitiu a equipe de diversidade, abandonou os verificadores de fatos externos e até colocou Dana White, chefão do UFC e apoiador declarado de Trump, no conselho da empresa. Parece que Zuck está montando um time dos sonhos para agradar o novo governo e, de quebra, pedir um favorzinho.

Esse favor tem nome e sobrenome: proteção contra a UE. Em janeiro de 2025, Zuckerberg já tinha soltado o verbo, pedindo que Trump impedisse a Europa de multar empresas americanas por questões antitruste. Segundo o Wall Street Journal, nas últimas semanas ele mandou seus executivos pressionarem autoridades comerciais dos EUA para interferir na decisão europeia. Em fevereiro, ele mesmo foi a Washington implorar por ajuda. A estratégia é clara: usar a influência de Trump, que já ameaçou a UE com tarifas, para aliviar a pressão sobre a Meta.

O que pode acontecer?

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A UE está em uma sinuca de bico. Por um lado, quer mostrar que o DMA e o Digital Services Act (DSA) têm dentes, punindo a Meta para proteger a privacidade dos usuários e garantir um mercado digital mais justo. Por outro, enfrenta a possibilidade de retaliação americana, com Trump pronto para jogar pesado com tarifas ou outras medidas. Se a UE ceder, pode parecer que perdeu força. Se insistir, pode acirrar uma guerra comercial.

Para os usuários, o resultado disso tudo vai além das multas. Se a Meta for obrigada a oferecer uma versão gratuita com menos rastreamento na Europa, talvez vejamos menos anúncios irritantemente certeiros, mas também pode-se esperar que a empresa tente compensar essa perda de receita de outras formas. Zuckerberg já avisou que não vai ficar de braços cruzados vendo sua mina de ouro europeia secar.

Uma jogada arriscada que pode valer bilhões

A aproximação de Zuckerberg com Trump é uma aposta alta. Ele está tentando transformar uma relação política em um escudo contra as regras rígidas da UE, e o sucesso disso depende de até onde Trump está disposto a ir por ele. Enquanto a decisão da UE não sai (e ela deve vir a qualquer momento), o mundo da tecnologia fica de olho. Será que o charme de Zuck em Mar-a-Lago vai salvar a Meta de um rombo bilionário? Ou a Europa vai mostrar que nem mesmo uma amizade com o presidente dos EUA pode dobrar suas leis?

Por enquanto, só nos resta esperar. Mas uma coisa é certa: essa briga entre a Meta e a UE vai moldar o jeito que usamos redes sociais nos próximos anos. E você, o que acha? Pagaria para fugir dos anúncios ou prefere entregar seus dados de bandeja? O debate está só começando!

Fonte: TheVerge

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