Michelle Williams vive paciente com câncer explorando seus desejos em Morrendo por sexo

Morrendo por sexo, estrelada por Michelle Williams, equilibra delicadamente drama e humor para tratar de sexo e morte. A minissérie criada por Liz Meriwether e Kim Rosenstock (de New girl), recém-chegada ao Disney+, é baseada no podcast de Nikki Boyer sobre sua melhor amiga, que, ao descobrir ter pouco tempo de vida por causa de um câncer em metástase, decide explorar sua sexualidade. 

“Quando ouvi o podcast, terminei no chão, chorando”, disse Michelle em entrevista à imprensa internacional, com participação da ELLE Brasil. “Escutei uma segunda vez para entender por que tinha me emocionado tanto. Mas não consegui. Percebi que tinha de fazer a série para compreender por que essa expressão de amizade feminina e sexualidade tinha sido tão avassaladora para mim.”

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Morrendo por sexo é baseado em fatos reais

Na série, que se inspira na história real, mas usa elementos ficcionais, Molly termina seu casamento com Steve (Jay Duplass, de Transparent) assim que descobre que seu câncer voltou e é incurável. Por mais bem-intencionado que Steve seja, ele não consegue mais enxergá-la como uma mulher com desejos. E por mais que ela tenha relacionamentos com homens como O Vizinho (como é chamado na série Rob Delaney, de Catastrophe), a principal pessoa na vida de Molly é sua amiga Nikki (Jenny Slate, de É assim que acaba), uma atriz caótica. 

Nikki, a poadcaster, contou como conheceu a verdadeira Molly. “Ela era uma pessoa tímida, nos conhecemos em uma aula de interpretação. Ela não me suportava, porque eu era muito aparecida, e ela era quieta. Tivemos de dividir uma cena, e me apaixonei por ela. Dali em diante, ficamos inseparáveis. Então, não importam as alterações feitas para a série em relação à vida, eu acho que eles capturaram a nossa amizade.”

Ela acredita que Molly ficaria extremamente feliz com a escalação de Michelle para interpretá-la. Para a atriz, é um papel raro de encontrar, porque surpreende o tempo inteiro e oferecia a ela oportunidades diferentes do que já fez em sua carreira. Mas Michelle temeu perder o papel quando engravidou no meio das negociações – ela tem três filhos com o diretor teatral Thomas Kail, além de Matilda, de 19 anos, sua filha com o ator Heath Ledger (1979-2008).

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Michelle Williams como Molly e Nikki Boyer como Jenny
Foto: Sarah Shatz/FX

O que os filhos vão pensar?

Michelle afirmou que não se preocupa com o que os filhos vão pensar ao aceitar papeis ousados. “Acho que bem lá no fundo, há uma voz dizendo: ‘Não faça algo que sua avó não poderia ver’. Mas o que sempre ouço primeiro é: ‘Faça coisas que gostaria que seus filhos vissem, na idade apropriada’. Quero deixar um registro de quem fui. Se meus filhos tiverem interesse, podem assistir e entender o que eu estava fazendo quando não estava com eles”, disse. “Sou mãe de uma jovem mulher. Eu penso nela quando interpreto um papel assim e em como espero que sua experiência de domínio de seu corpo se desenrole.”

“O que sempre ouço primeiro é: ‘Faça coisas que gostaria que seus filhos vissem, na idade apropriada’” Michelle Williams

Na série, Molly encara as diferentes preferências, experiências e corpos de potenciais parceiros com naturalidade e sensibilidade. Foi essa a qualidade que a fez admirar mais sua personagem. “Conforme ela se abriu para esses encontros sexuais, a maneira como ela observou as pessoas colocadas em seu caminho foi de aceitação de seus corpos, de seus desejos, de como eles podem surpreender, pesar e envergonhar”, diz Michelle. “E a Molly, talvez por sua aceitação radical para enfrentar a falência de seu próprio corpo, fazia com que essas pessoas se abrissem e colocassem em palavras pela primeira vez o que estavam sentindo. É uma troca curativa. Não gostaria que ninguém que eu amo tivesse seu desejo negado. Ver o sexo sem negatividade e vergonha é muito incrível”, completa. 

Para fazer as cenas de sexo, houve a ajuda de uma coordenadora de intimidade, mas também muita conversa e parceria. Michelle teve de fazer muitos tipos de orgasmo diferentes, por exemplo. “Nós conversamos bastante”, disse Liz. “É interessante mostrar variações do prazer feminino na tela. Não é algo muito explorado. E foi muito bonito como tudo se desenrolou.”

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Michelle Williams como Molly e Jay Duplass Steve, seu ex-marido
Foto: Sarah Shatz/FX



Eventos transformadores

Morrendo por sexo faz pensar se nós precisamos de eventos definitivos para nos transformarmos. Delaney, que perdeu um filho ainda pequeno com câncer, acredita que, em geral, sim. “O importante é não odiar esses desafios que se impõem”, disse. “Até porque a verdade é que todos vamos morrer. Fazer uma série como esta ajuda a aceitar melhor esse fato. Desde que atuei em Morrendo por sexo, passei a olhar meus amigos de maneira diferente. Nossos relacionamentos podem ser muito mais ricos. Que bom poder aprender coisas também com uma série de TV e não por causa de dor ou medo.” 

Jenny também ficou encantada com Nikki e Molly. “Normalmente, apenas as relações amorosas são valorizadas. Mas que lindo ver essas duas tão seguras do amor da outra, mesmo à medida que suas vidas mudam”, disse Jenny. “Espero que todo o mundo que assista à série olhe em volta e encontre alguém assim, aproveitando essa oportunidade para si.”

Para Michelle e Jenny, a série foi tão transformadora que elas brincam que estão se fundindo. Na entrevista, as duas apareceram com corte de cabelo igual e com figurino branco praticamente idêntico. “Foi um acidente espiritual”, brincou Michelle.

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