Exportação de serviços, que rende aos EUA mais de US$ 1 trilhão por ano, pode ser alvo de retaliações de outros países ao tarifaço


É no setor de serviços que os Estados Unidos têm um superávit de quase US$ 280 bilhões – ou seja, vendem muito mais do que compram. O tarifaço de Trump deixou de fora um setor dominado pelos americanos. A exportação de serviços rende aos Estados Unidos mais de US$ 1 trilhão por ano.
Para usar o celular ou a internet na Amazônia. Para alugar um apartamento por temporada na praia, para voar para o exterior, pedir um lanche ou comprar um livro no aplicativo. Seja no Brasil ou em boa parte do mundo, hoje dependemos muito deles. Os Estados Unidos são o maior exportador de um tipo de produto que não podemos pegar, pesar ou medir, mas nos acostumamos a usar.
O empresário e produtor musical Ygor Aléxis sabe disso. Ele é dono de um selo musical e depende de serviços de tecnologia e plataformas digitais para fazer com que as músicas dos artistas cheguem aos fãs.
“Desde a distribuição de música, a gente acaba passando por esse processo para que ela chegue nas plataformas digitais, até na hora de divulgar um show a gente vai precisar usar essas ferramentas de redes sociais para conseguir atingir o nosso público. A gente acaba passando não exclusivamente por plataformas americanas, mas em grande parte por esses sistemas que eles acabaram desenvolvendo”, diz Ygor Aléxis.
Brasil pode sair ganhando com tarifaço de Trump?
É no setor de serviços que os Estados Unidos têm um superávit de quase US$ 280 bilhões – ou seja, vendem muito mais do que compram. Não foi à toa que todo esse enorme mercado dos serviços ficou fora das contas que Trump fez para taxar o resto do mundo. Mas essa importante fatia da economia americana pode se tornar alvo de retaliações.
A União Europeia já estuda taxar as big techs, um calcanhar de Aquiles para os Estados Unidos, segundo o professor de economia Otto Nogami, do Insper:
“Essa retaliação eventualmente poderia ser feita através de uma taxação sobre o serviço que ele presta. Taxando a remessa de recursos em função do serviço prestado, à medida que os Estados Unidos são um grande exportador de serviços, sem dúvida alguma seria uma maneira”.
Exportação de serviços, que rende aos EUA mais de US$ 1 trilhão por ano, pode ser alvo de retaliações de outros países ao tarifaço
Jornal Nacional/ Reprodução
Só em serviços, os Estados Unidos exportaram, em 2023, cerca de US$ 1 trilhão. É três vezes mais do que a China, que ocupa o sétimo lugar nesse ranking de exportadores. O Brasil aparece em 33º lugar, atrás das Filipinas e da Arábia Saudita.
Taxas encarecem produtos e serviços, e podem também ampliar a concorrência, estimular novos negócios. Será este mais um campo de batalha para a guerra comercial iniciada por Trump?
“À medida que encarece a prestação de serviços deles, isso naturalmente tende a fazer com que empreendedores nacionais se interessem em entrar nesse tipo de atividade. Então, isso faria com que se criasse uma concorrência. Concorrência que de alguma maneira seria benéfica para nós enquanto consumidores”, afirma professor de economia Otto Nogami.
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