5 jogos que quase afundaram grandes franquias

Imagine acompanhar sua franquia favorita de jogos por anos, aguardar ansiosamente por um novo lançamento e, quando finalmente chega às suas mãos, descobrir que aquilo não passa de uma sombra do que era esperado. Bugs intermináveis, histórias sem sentido, mecânicas quebradas e promessas não cumpridas. É como ver um amigo de longa data se transformar em alguém irreconhecível.

No universo dos videogames, essa é uma história que se repete com mais frequência do que gostaríamos. Grandes estúdios, pressionados por prazos, ambições desmedidas ou simples má gestão, acabam lançando jogos que não apenas frustram as expectativas, mas também colocam em risco o futuro de séries consolidadas e amadas pelos fãs.

Algumas dessas franquias conseguiram se recuperar após tropeços monumentais, enquanto outras jamais voltaram ao patamar que ocupavam. Neste artigo, exploramos cinco casos emblemáticos de jogos que quase destruíram franchises de sucesso e as lições que deixaram para a indústria.

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1. Sonic the Hedgehog (2006)

Sonic The Hedgehog (2006)

Sonic 2006 simboliza o ponto mais baixo da trajetória do mascote da Sega. O jogo comemorativo dos 15 anos do ouriço azul rapidamente se transformou em um marco negativo para a série.

A saída de Yuji Naka, criador original da franquia, durante o desenvolvimento comprometeu a visão do projeto. O resultado foi devastador: controles imprecisos, física inconsistente e bugs em massa. A câmera problemática e tempos de carregamento intermináveis tornavam a experiência quase injogável. Personagens atravessavam paredes, Sonic morria sem razão aparente e a narrativa, que incluía um estranho romance entre o protagonista e uma humana, confundia mais que entretinha.

A confiança dos fãs despencou junto com as vendas. O ouriço, que já enfrentava dificuldades para manter sua relevância frente à concorrência, agora carregava o fardo de estar associado a um dos piores jogos da história dos videogames.

Anos se passaram até que a franquia começasse a se reerguer. Títulos como Sonic Generations e Sonic Mania reconectaram a série com suas raízes. Mais recentemente, Sonic Frontiers demonstrou que as lições foram aprendidas, oferecendo uma experiência mais polida e fiel ao espírito original que fez o personagem ser amado.

2. Mass Effect: Andromeda

Mass Effect Site Oficial

A trilogia original de Mass Effect conquistou fãs em todo o mundo com sua narrativa épica e personagens memoráveis. Em 2017, Andromeda chegou com a difícil missão de expandir esse universo para uma nova galáxia.

As primeiras impressões não foram boas. As animações faciais problemáticas viralizaram na internet, com personagens exibindo expressões robóticas e sem vida. Este problema técnico comprometeu justamente um dos pontos fortes da série: as interações emocionais entre personagens.

A narrativa também não conseguiu capturar a mesma magia dos jogos anteriores. Missões repetitivas e personagens menos carismáticos contribuíram para uma recepção morna. A comparação inevitável com a trilogia original só destacava suas deficiências.

A BioWare pausou os planos para a franquia diante das críticas. DLCs planejados foram cancelados, deixando várias pontas soltas na história. A série que havia sido celebrada como uma das melhores narrativas dos videogames agora lutava para manter sua relevância.

O caminho para a recuperação começou com o lançamento de Mass Effect Legendary Edition, que remasterizou os jogos originais e reacendeu o interesse dos fãs. Atualmente, a BioWare trabalha em um novo título da série, aparentemente com maior cautela e atenção aos elementos que tornaram a franquia especial em primeiro lugar.

3. Duke Nukem Forever

Duke Nukem Forever

Duke Nukem Forever transformou-se no símbolo máximo de desenvolvimento problemático na indústria dos games. Anunciado em 1997, o jogo só chegaria às lojas 14 anos depois, em 2011, após inúmeras reinicializações.

O ciclo interminável de desenvolvimento resultou de uma busca obsessiva pela perfeição por parte do criador George Broussard. O projeto foi reiniciado várias vezes para incorporar novas tecnologias, tornando-se uma colcha de retalhos de ideias desconexas de diferentes épocas.

Ao ser finalmente lançado, o jogo já nascia ultrapassado. A jogabilidade linear, gráficos datados e humor que não ressoava mais com o público moderno transformaram a expectativa de anos em decepção instantânea. Duke Nukem, um personagem icônico dos anos 90, virou sinônimo de fracasso e má gestão de projetos.

Diferente de outros casos, esta franquia nunca conseguiu se recuperar. O personagem permanece em um limbo criativo, com sua relevância cultural reduzida a ser citado como exemplo de desenvolvimento problemático ou como relíquia de uma era que ficou para trás.

4. Assassin’s Creed: Unity

Assassin's Creed Unity | Ubisoft (BR)

A franquia Assassin’s Creed parecia imbatível até 2014, quando Unity, primeiro jogo desenvolvido exclusivamente para a nova geração de consoles, expôs rachaduras no modelo de desenvolvimento da Ubisoft.

O estado técnico do jogo no lançamento era alarmante. Bugs que variavam do cômico ao frustrante dominaram as discussões. Personagens sem rosto, quedas frequentes de desempenho e travamentos constantes ofuscaram os pontos positivos, como a detalhada recriação de Paris durante a Revolução Francesa.

A narrativa também sofria de problemas estruturais. A história principal ficava diluída em meio a inúmeras missões secundárias espalhadas pelo mapa, criando uma sensação de jogo sem direção clara. Personagens rasos completavam o quadro de um título que parecia ter priorizado quantidade em detrimento de qualidade.

A reação foi tão negativa que a Ubisoft precisou emitir um pedido formal de desculpas e oferecer conteúdo gratuito como compensação. O episódio forçou uma reconsideração do modelo de lançamentos anuais que a série vinha seguindo.

A recuperação veio com um passo ousado: a empresa deu-se tempo adicional para desenvolver o próximo jogo e repensou fundamentalmente a direção da série. Assassin’s Creed Origins introduziu uma renovação com mecânicas de RPG mais profundas e um mundo mais vivo e coerente. A pausa estratégica permitiu que a franquia não apenas se recuperasse, mas atingisse novos patamares de sucesso.

5. Resident Evil 6

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Resident Evil construiu seu legado no horror de sobrevivência. Com o sexto título da série principal, lançado em 2012, a Capcom tentou agradar diferentes públicos simultaneamente e acabou perdendo sua identidade core.

Com quatro campanhas distintas e jogabilidade fragmentada, o título oscilava entre ação frenética e tentativas desajeitadas de horror. A narrativa exagerada, cheia de reviravoltas implausíveis mesmo para os padrões já elevados da série, distanciava-se cada vez mais das raízes que fizeram a franquia ser amada.

O jogo parecia mais interessado em emular blockbusters de Hollywood do que em oferecer a experiência tensa e atmosférica que definiu os primeiros títulos. A ênfase em tiroteios e explosões alienou fãs de longa data, enquanto falhas na execução desses elementos impediram que conquistasse novos públicos.

As críticas levaram a Capcom a uma reavaliação profunda. A resposta veio na forma de Resident Evil 7, um retorno às origens do horror com uma nova perspectiva em primeira pessoa. O foco voltou para a tensão, atmosfera opressiva e recursos limitados. A franquia continuou nesse caminho com remakes bem-sucedidos dos jogos clássicos e com Resident Evil Village, consolidando sua volta por cima.

Lições aprendidas (ou não)

Estes casos mostram padrões recorrentes sobre o que leva grandes franquias à beira do abismo. Lançamentos apressados para cumprir calendários corporativos frequentemente comprometem a qualidade final. Tentativas de reinvenção radical muitas vezes alienam a base de fãs original. Projetos ambiciosos demais costumam entregar menos do que prometem. Buscar agradar públicos diferentes simultaneamente pode resultar em produtos sem personalidade definida.

As empresas que conseguiram recuperar suas franquias seguiram caminhos semelhantes: reconheceram os erros, ouviram feedback dos fãs e voltaram ao que funcionava, mas com uma visão atualizada.

E você, já teve alguma decepção marcante com uma franquia que amava? Acredita que há outros jogos que merecem estar nesta lista? Os desenvolvedores realmente aprendem com esses tropeços ou estamos condenados a ver esse ciclo se repetir?

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