Governo americano decreta 145% de sobretaxas a produtos chineses e surpresa volta a derrubar ações nos Estados Unidos


O tributo, que pode fazer com que o preço dos produtos chineses mais do que dobre, é uma combinação de quatro tarifas. Tudo parecia que ia bem até o início da tarde nos Estados Unidos. Foi quando o governo de Donald Trump publicou o decreto com o volume total de sobretaxas que decidiu impor aos produtos da China.
No duelo tarifário entre China e Estados Unidos, nesta quinta-feira (10), os americanos lançaram mais uma cartada. Ao 12h29, a Casa Branca publicou detalhes do decreto com as sobretaxas aos produtos da China. As tarifas são de 145% – 20 pontos percentuais acima do que o próprio presidente Trump tinha divulgado na quarta-feira (9) nas redes sociais.
Governo americano decreta 145% de sobretaxas a produtos chineses e surpresa volta a derrubar ações nos Estados Unidos
Jornal Nacional/ Reprodução
O tributo, que pode fazer com que o preço dos produtos chineses mais do que dobre, é uma combinação de quatro tarifas. A primeira, de 20%, foi anunciada em janeiro sob o argumento de que a China não faz o suficiente para coibir a imigração ilegal e a entrada de fentanil – um opioide mortal – nos Estados Unidos. Na quarta-feira (2), Trump aplicou mais uma tarifa, agora de 34%. A China revidou impondo a mesma sobretaxa aos produtos americanos. Nesta segunda-feira (7), o presidente americano impôs mais 50%. As tarifas passavam dos 100%. A China revidou novamente com a mesma sobretaxa. E na quarta-feira (9), Trump avisou que o total de sobretaxas à China chegaria a 125%.
Nesta quinta-feira (10), a Casa Branca esclareceu que os 20% anunciados em janeiro, por conta da entrada do fentanil, não estavam no montante e deveriam ser adicionados aos 125%. Com isso, as sobretaxas totalizam 145%.
O tributo, que pode fazer com que o preço dos produtos chineses mais do que dobre, é uma combinação de quatro tarifas
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Mas não foi só a China que recebeu más notícias da Casa Branca nesta quinta-feira (10). O governo americano também informou que vai manter a taxação às importações de automóveis, aço e alumínio de diversos países, como o Brasil. Essas tarifas não entram na pausa de 90 dias anunciada na quarta-feira (9) por Trump.
A leitura dessas letras miúdas do recuo tarifário repercutiu mal entre os investidores. Na quarta-feira (9), os índices das principais bolsas americanas tinham disparado com a perspectiva de uma trégua na guerra das tarifas. A Nasdaq, que concentra as empresas de tecnologia, teve o melhor ganho desde 2001. Depois do fechamento do mercado, no Salão Oval, Trump chegou a se gabar de empresário que, segundo ele, tinham ganhado com as altas das ações.
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Manipulação de mercado
Políticos da oposição democrata querem investigar o que aconteceu na quarta-feira (9) na Bolsa de Valores de Nova York. Eles acusam Donald Trump de manipulação de mercado. É que poucas horas antes de anunciar a pausa nas tarifas – o que fez com que as ações subissem –, Trump incentivou que as pessoas comprassem papéis da empresa dele de tecnologia. Às 9h33 de quarta-feira (9), Trump escreveu:
“Fiquem tranquilos! Tudo vai dar certo”.
Quatro minutos depois, ele publicou: “Este é um ótimo momento para comprar!” e colocou as siglas “DJT”, que identificam as ações da empresa dele na Nasdaq. À 13h18, o presidente anunciou a suspensão das tarifas por 90 dias – exceto para a China. A Casa Branca negou que Trump tenha manipulado os índices e disse que é dever do presidente tranquilizar o mercado financeiro.
Donald Trump
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Nesta quinta-feira (10), a Nasdaq e os principais índices de Wall Street encerraram o dia com perdas, com a avaliação de que a disputa com a China continua.
No Brasil, nesta quinta-feira (10), o índice Ibovespa fechou em queda de 1,13%. O dólar subiu para R$ 5,89.
Nesta quinta-feira (10), em uma reunião de gabinete, Trump disse que adoraria fechar um acordo com a China e chegou a chamar o presidente Xi Jinping de “grande amigo”. Mas não confirmou se há alguma conversa em andamento com Pequim.
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