Agente de saúde do Rio leva experiência do SUS a Londres, que discute mudanças no atendimento à população


Bernardo Xavier, que atua na Zona Oeste do Rio, passou cerca de 10 dias imerso em atividades voltadas a apresentar a experiência brasileira na atenção primária à saúde. Agente comunitário de Saúde do Rio participa de projeto que pode ajudar Londres a se inspirar no SUS
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Um Agente Comunitário de Saúde (ACS) da Zona Oeste do Rio representou o município em Londres, neste mês, no projeto ResiliSUS — Laboratório Integrador de Tecnologia, Informação e Resiliência em Saúde Pública — desenvolvido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em parceria com o Departamento de Saúde Pública do Imperial College London.
O projeto faz parte dos esforços do governo britânico para repensar o modelo de atendimento à população. O ministro da Saúde, Wes Streeting, tem buscado inspiração no Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil, incorporando algumas de suas referências ao National Health Service (NHS), o serviço público de saúde da Inglaterra.
De acordo com o jornal The Telegraph, um projeto-piloto está sendo implementado em Pimlico, um bairro de Londres. O modelo deve ser ampliado depois para 25 regiões na Inglaterra.
Bernardo Xavier, que atua na Clínica da Família Bárbara Mosley de Souza, no Anil, Zona Oeste do Rio, chegou a Londres no dia 1º e passou cerca de 10 dias imerso em atividades voltadas a apresentar a experiência brasileira na atenção primária à saúde.
Essa foi a primeira vez que Bernardo saiu do Brasil — uma oportunidade que ele descreve como única para compartilhar o próprio trabalho, que exerce com paixão.
Formado em direito, ele pretendia seguir carreira na advocacia. No entanto, não conseguiu ingressar rapidamente no mercado de trabalho e precisava quitar o financiamento estudantil.
“Meus planos eram atuar de forma paralela na advocacia, mas a função de agente de saúde me despertou uma paixão. A parte mais importante da profissão é mudar pra melhor a vida e a saúde das pessoas. E o mais gratificante é a resposta na melhora do cuidado, é o aumento dos indicadores de saúde e a gratidão da população”, destaca.
A relação com a área da saúde começou em 2007, quando sua mãe passou a atuar no Programa de Saúde da Família Canal do Anil, que anos depois passou a ser reconhecido como Estratégia Saúde da Família, modelo de cuidado da APS.
A mãe de Bernardo, Maria Auxiliadora, atuou na função por 12 anos. Em 2019, ela se aposentou. Em 2021, Bernardo decidiu seguir os passos dela e começou a trabalhar na área de saúde.
“Existe esse trabalho [em Londres], mas não é integrado ao Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido, o NHS, que não é universal como no SUS. Estão em um estágio de crescimento do projeto e da estratégia. O que estou fazendo é trazer minha experiência e os resultados da APS, da Estratégia Saúde da Família, e o impacto do nosso trabalho no SUS”, conta o agente.
O SUS como referência
Estudos recentes destacam a importância da Atenção Primária no desenvolvimento de habilidades de antecipação, monitoramento e aprendizado. Outros movimentos focados em diferentes níveis de atenção devem ser desenvolvidos no futuro.
“Em relação a esse projeto, sinto que traz luz e reconhecimento ao nosso trabalho. Os britânicos estão se inspirando muito na APS e no SUS, em geral. Demonstra que nós somos os profissionais de saúde pública de excelência no mundo”, destacou Bernardo.
Agente comunitário de Saúde do Rio participa de projeto que pode ajudar Londres a se inspirar no SUS
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A professora do Imperial College London, Connie Junghans-Minton, que coordena o projeto em Londres, já visitou unidades básicas de saúde no Rio de Janeiro e conversou com agentes comunitários.
A partir desse contato, a Secretaria Municipal de Saúde do Rio (SMS) montou a comitiva da Fiocruz. Outro coordenador é o médico Matthew Harris, que já trabalhou em Pernambuco.
Ao todo, 7.580 agentes comunitários de saúde atuam no município do Rio. O ACS atua como elo direto entre os moradores e a sua unidade básica de saúde de referência.
Cabe ao Agente Comunitário de Saúde estabelecer o vínculo com os pacientes, realizar visitas domiciliares e estar disponível para orientações. O profissional identifica as necessidades da comunidade, orienta e estimula a procura por atendimento quando necessário.
Para Bernardo, participar de um projeto de pesquisa representa um verdadeiro impulso na carreira, abrindo novas perspectivas profissionais.
“Espero chegar com toda a bagagem que estou adquirindo aqui e poder enriquecer o trabalho dos colegas. Que eu consiga passar a mensagem de que nosso trabalho é de uma magnitude enorme. Só quero que todos tenham consciência que somos muito importantes e necessários na Atenção Primária e no SUS”, falou.
Bernardo Xavier em Londres
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