O vácuo da esquerda em Santa Catarina e mais: salário turbinado para dirigentes de estatal

Décio Lima foi o nome da esquerda ao governo do Estado em 2022 - Foto: Denner Ovidio/Flickr/Reprodução/ND

Décio Lima foi o nome da esquerda ao governo do Estado em 2022 – Foto: Denner Ovidio/Flickr/Reprodução/ND

Enquanto as pré-candidaturas do governador Jorginho Mello (PL) e do prefeito de Chapecó, João Rodrigues (PSD), aquecem os bastidores da disputa pelo governo de Santa Catarina em 2026, a esquerda catarinense – e especialmente o PT – segue em silêncio que começa a causar estranheza, até mesmo entre seus aliados. A ausência de um nome cogitado, sequer em caráter especulativo, revela um vácuo estratégico preocupante para um partido que, apesar de sua força nacional, ainda enfrenta resistência no Estado.

Nas eleições de 2022, o PT e os partidos aliados ensaiaram uma presença mais competitiva, colocando Décio Lima na corrida ao governo e alcançando, pela primeira vez, a disputa do segundo turno. Ainda que derrotado, o desempenho foi considerado expressivo, principalmente em um Estado historicamente conservador. Porém, dois anos depois, os partidos parecem paralisados — sem articulação pública, sem nomes colocados e, o mais grave, sem narrativas sendo construídas.

O cenário catarinense para 2026 já está em movimento. De um lado, Jorginho deve buscar a reeleição, consolidando o campo da direita. De outro, João Rodrigues se posiciona como um nome de força no interior e busca ampliar apoios, mirando tanto setores bolsonaristas quanto o eleitorado do centro. A ausência de uma candidatura de centro-esquerda deixa um espaço aberto.

A dúvida que se impõe: os partidos de esquerda estão esperando um aceno de Brasília ou a composição com uma federação ainda indefinida? O tempo, no jogo político, é precioso. Enquanto os partidos se mantêm inertes, os adversários já estão ocupando terreno, construindo alianças e narrativas. E o eleitor catarinense, mesmo que majoritariamente conservador, também busca alternativas.

Se o PT quer ter alguma relevância em 2026, precisa começar a agir agora. O silêncio, neste momento, não é prudência. É ausência. E a política não perdoa o vácuo.

Salário turbinado

O Conselho de Administração da Casan aprovou o reajuste de 37% nos salários dos seus executivos, elevando o teto de remuneração anual de R$ 3,8 milhões para R$ 5,3 milhões. A proposta, que ainda será votada em assembleia no dia 22 deste mês, contempla 20 membros, incluindo diretores, conselheiros e integrantes do comitê de auditoria.

Segundo a companhia, o reajuste segue critérios como desempenho, responsabilidade e valor de mercado. Atualmente, conforme o Portal da Transparência, os executivos recebem em média R$ 35 mil, podendo atingir o teto constitucional de R$ 46,3 mil mensais. A medida também busca fortalecer a governança corporativa e valorizar os profissionais da gestão.

Anistia

O líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante, protocolou ontem o pedido de urgência do projeto que concede anistia aos condenados pelo 8 de janeiro. O requerimento tem 264 assinaturas, incluindo parlamentares de partidos com ministérios no governo.

Entre os 16 deputados de Santa Catarina, apenas os petistas Ana Paula Lima e Pedro Uczai não assinaram o pedido, por razões óbvias. A medida foi antecipada para evitar possíveis recuos articulados pelo Palácio do Planalto.

Disputa petista

As articulações pela disputa à presidência estadual do PT em Santa Catarina, marcada para o dia 6 de julho, já começaram. Três nomes foram anunciados, representando diferentes correntes e visões estratégicas sobre o futuro da sigla no Estado: o suplente de vereador de Florianópolis, Carlos Eduardo, o Cadu; a vereadora da Capital, Carla Ayres; e o deputado estadual Pedro Baldissera. Outro nome apontado e visto por algumas lideranças petistas com favoritismo, mas que ainda não manifestou publicamente, é o do deputado estadual Fabiano da Luz (foto).

Perda

Um estudo da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) revela que a guerra comercial entre China e Estados Unidos poderá gerar prejuízos superiores a US$ 4,9 bilhões para a produção brasileira, afetando principalmente o setor industrial. Estados como São Paulo e Minas Gerais terão as maiores perdas, enquanto regiões produtoras de soja, como o Centro-Oeste e o Rio Grande do Sul, devem se beneficiar.

Santa Catarina será o quarto Estado mais impactado negativamente, com estimativa de perda de R$ 833 milhões no PIB. O efeito se concentra na indústria e nas importações. O estudo é liderado por economistas do Nemea-Cedeplar-UFMG.

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