Vídeos virais no Tik Tok mostram como produtos de luxo são fabricados na China a preços baixos e vendidos por valores exorbitantes nos EUA

Uma onda de vídeos no TikTok está revelando o que muitos já suspeitavam: os altos preços cobrados por marcas de luxo não correspondem ao custo real de produção. Agora, essa exposição ganhou contornos geopolíticos, tornando-se uma ferramenta na intensificação da guerra comercial entre Estados Unidos e China.

A resposta chinesa às tarifas dos EUA

 

Após o governo Trump impor tarifas de até 145% sobre produtos chineses, a China retaliou com tarifas de 125% sobre produtos americanos. Além das medidas econômicas, fabricantes chineses passaram a divulgar vídeos nas redes sociais, especialmente no TikTok, mostrando como produtos de luxo são produzidos na China a custos muito baixos e vendidos por preços exorbitantes nos EUA. Por exemplo, bolsas que custam cerca de US$ 1.400 para serem produzidas são vendidas por até US$ 34.000 no mercado americano.

TikTok como vitrine dos bastidores

 

Usuários norte-americanos do TikTok estão compartilhando vídeos que mostram fornecedores chineses oferecendo roupas, bolsas e cosméticos supostamente idênticos aos de marcas como Louis Vuitton, Hermès, Lululemon e Fila. A diferença? Os preços são drasticamente menores – e sem a etiqueta famosa. Em um dos vídeos mais virais, um fornecedor explica:​

“Mais de 90% do preço de uma bolsa de luxo está no logo. Se você não liga para a marca, pode comprar o mesmo produto conosco por muito menos.”

Outro vídeo mostra leggings no estilo Lululemon, que custariam US$ 100 nos EUA, sendo vendidas por apenas US$ 5 a US$ 6 direto da fábrica.

O efeito “exposed” das fábricas chinesas

 

O movimento, apelidado informalmente de “Trade War TikTok”, mostra fabricantes chineses reagindo às tarifas norte-americanas com vídeos que revelam como as peças de luxo são feitas – e quanto realmente custam. Alguns usuários afirmam que o próprio governo chinês está incentivando essa transparência como forma de retaliação. Outros dizem que acordos de confidencialidade foram suspensos, permitindo que os fornecedores mostrem o que antes era guardado a sete chaves.

As cifras por trás da polêmica

 

Os números impressionam. Veja alguns exemplos:

  • Birkin (Hermès): vendida por até US$ 38 mil, mas fabricada por apenas US$ 1 mil a US$ 1.400

  • Leggings Lululemon: preço original de US$ 100, custo real estimado em US$ 5 a US$ 6

  • Tênis e roupas Fila, Under Armour e outras: vendidos por 10% do valor de mercado nos canais alternativos

Vários vídeos também revelam que os mesmos produtos fabricados na China são enviados para países europeus apenas para receber a etiqueta “Made in Italy”, elevando o preço final com o peso da grife.

Direto da fábrica: o novo caminho?

 

Diante da crise de confiança nas marcas de luxo, muitos consumidores estão buscando comprar diretamente com os fabricantes chineses. Plataformas como WeChat, Taobao e até contatos via WhatsApp são mencionados como formas de fugir do “luxo de fachada”.

Apesar de alguns riscos envolvendo falsificações, qualidade e envio, muitos preferem correr o risco a continuar pagando valores exorbitantes apenas por um logotipo.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.