Beijing diz ‘bye-bye, Boeing’. Uma brecha para a Embraer?

Em um novo capítulo da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, o governo chinês decidiu atacar a Boeing, uma das maiores exportadoras americanas.

Com tarifas de 125% mais do que dobrando o custo dos produtos importados dos EUA, Beijing ordenou que as companhias aéreas do país não encomendem novas aeronaves nem recebam os pedidos pendentes da fabricante americana, disse a Bloomberg

O governo também ordenou a suspensão da compra de equipamentos e peças. 

A ação da Boeing caiu 2,4% no pregão de hoje, tendo em vista a representatividade do mercado chinês para a companhia hoje.

Beneficiária natural do veto à Boeing na China, a ação da Airbus subiu 1,21% em Paris.

O papel da Embraer avançou 3% para R$ 64,65 – o papel ainda recua 16,5% nos últimos 30 dias, pressionado pela recente queda dos mercados globais.

Alguns analistas especulam que a empresa brasileira — que estuda desenvolver uma aeronave comercial de grande porte para competir com a Boeing e a Airbus — poderia ganhar espaço no mercado caso a gigante americana seja realmente expulsa da China.

Para outros, a tese parece forçada. 

“O mercado chinês é gigante, mas já vem reduzindo sua dependência da Boeing e mesmo assim chegaram pouquíssimos pedidos para a Embraer. Eles estão apostando é na Comac, que é chinesa,” disse um gestor que tem Embraer na carteira.

A própria Boeing reconhece a importância do mercado da China e estima que ele será responsável por 20% das encomendas mundiais de aeronaves nas próximas duas décadas, segundo o WSJ.

Mas a relação entre a empresa americana e o governo chinês anda estremecida, o que já tem limitado os pedidos de aeronaves e tende a reduzir o impacto negativo adicional da guerra comercial.

Acidentes fatais com o 737 MAX em 2018 e 2019 e disputas comerciais entre os governos serviram de pretexto para Beijing interromper os negócios com a Boeing até o ano passado e limitar os pedidos este ano.

Das 130 aeronaves que a empresa entregou globalmente até março de 2025, apenas 18 foram para companhias aéreas chinesas. 

Há ainda 10 aeronaves prontas para entrega ou em processo de finalização, disse a Bloomberg, citando dados do Aviation Flights Group. Não está claro se as transações serão concluídas.

Além da compra de aeronaves, outro ponto de atenção será a necessidade de manutenção, reparo e substituição de peças das centenas de aeronaves da Boeing que já fazem parte da frota chinesa.

Segundo uma fonte do canal de notícias, as aéreas chinesas acumularam um estoque de peças de reposição nos últimos dois anos, o que pode ajudá-las a lidar com possíveis restrições de disponibilidade.

Ainda assim, o governo chinês avalia como fornecer assistência às companhias afetadas.

Também não dá para afastar, por ora, a possibilidade do veto ser só mais uma moeda de troca em uma futura negociação entre os presidentes Xi e Trump.

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