Alerta de IA: duas profissões estão com os dias contados, segundo investidor

A inteligência artificial (IA) já não é apenas uma promessa do futuro, ela está transformando indústrias e, sim, mexendo com o mercado de trabalho. Enquanto grandes empresas de tecnologia insistem que a IA está aqui para “apoiar” os humanos, um investidor de peso no setor não engole essa narrativa.

Victor Lazarte, sócio da Benchmark, firma de capital de risco por trás de sucessos como Uber e Snap, foi direto ao ponto: a IA não está apenas complementando profissões, ela está pronta para substituí-las. E duas carreiras, em particular, estão na mira: advogados e recrutadores.

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Advogados recém formados: o fim das tarefas rotineiras?

IA

Para jovens advogados recém-saídos da faculdade, os primeiros anos costumam ser cheios de tarefas repetitivas: pesquisar jurisprudências, redigir documentos e revisar contratos. Mas Lazarte prevê que, nos próximos três anos, a IA pode assumir boa parte desse trabalho braçal. E os sinais já estão aparecendo.

Escritórios de advocacia estão correndo para adotar a IA. Uma pesquisa de 2024 da Thomson Reuters, com mais de 2.200 profissionais, mostrou que a adoção de IA é a principal prioridade estratégica para firmas de advocacia. Ferramentas como Claude, ChatGPT, Gemini e Copilot estão se tornando indispensáveis, ajudando em tudo, desde pesquisas jurídicas até análises de documentos. Startups como a Libra, que atende mais de 3.000 advogados e 150 escritórios, estão lançando atualizações de IA que tornam as tarefas diárias mais rápidas e eficientes.

Os resultados são impressionantes. Um estudo de março de 2024 da Universidade de Michigan revelou que estudantes de direito que usaram IA melhoraram a qualidade de suas análises jurídicas em até 28%. Com benefícios assim, não é surpresa que os escritórios estejam tão animados. Mas o que isso significa para advogados iniciantes? Se a IA pode cuidar das tarefas que antes ocupavam seus dias, a demanda por esses cargos pode diminuir, deixando recém-formados em uma posição complicada.

Recrutadores: A IA na cadeira do entrevistador

IA profissões

No campo do recrutamento, a IA está indo além de apenas filtrar currículos, ela já está conduzindo entrevistas. Lazarte imagina um futuro em que o processo de contratação seja totalmente automatizado, e os números confirmam essa tendência. Uma pesquisa de 2024 da Resume Builder apontou que mais de 40% das empresas já usam IA para “conversar” com candidatos durante entrevistas, muitas vezes pegando os profissionais desprevenidos. Além disso, a Jobscan revelou que 99% das empresas da Fortune 500 usam IA para triar candidatos, mostrando o quanto essas ferramentas estão enraizadas no processo de contratação.

Startups estão apostando alto no mercado de recrutamento com IA. A OptimHire, que levantou US$ 5 milhões em financiamento inicial, desenvolve plataformas que encontram candidatos, realizam entrevistas e até agendam chamadas. A ConverzAI, com US$ 16 milhões de uma rodada Série A, está criando recrutadores virtuais, enquanto a Mercor, que arrecadou US$ 100 milhões em uma rodada Série B, usa IA para combinar candidatos a vagas para clientes como a OpenAI. Essas inovações apontam para um futuro em que recrutadores humanos podem ter um papel bem menor… ou nenhum.

O lado positivo: novas oportunidades e toque humano

Mas nem tudo é má notícia. O alerta de Lazarte, que aconteceu durante o podcast “The Twenty Minute VC“, não é só sobre perdas. Embora a IA possa eliminar empregos em áreas como advocacia e recrutamento, ela também abre portas para a inovação. O próprio surgimento da IA abre caminho para extensão e criação de novos empregos na área.

Além disso, com a IA cuidando de tarefas repetitivas, equipes pequenas podem vão poder construir empresas gigantes. “Vamos ver empresas de trilhões de dólares sendo criadas por times bem enxutos”, prevê Lazarte. Essa visão sugere um futuro em que a IA não apenas elimina vagas, mas cria oportunidades para quem souber se adaptar.

A ascensão da IA é uma faca de dois gumes. Para advogados e recrutadores, a mensagem é clara: é hora de se reinventar. Escritórios de advocacia e equipes de RH já estão adotando a IA para se manterem competitivos, mas o toque humano como criatividade, empatia e pensamento estratégico ainda é insubstituível, pelo menos por enquanto. À medida que a IA evolui, profissionais dessas áreas vão precisar investir em habilidades que as máquinas não conseguem replicar.

Para todos nós, o recado de Lazarte é um chamado à ação. O impacto da IA é real e está chegando mais rápido do que muitos imaginam. A questão não é se ela vai mudar o mercado de trabalho, é como vamos lidar com essas mudanças.

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