EUA proíbem exportação de chip H20 para a China e NVIDIA prevê prejuízo de US$ 5,5 bilhões

A NVIDIA confirmou que vai registrar um impacto de US$ 5,5 bilhões no trimestre devido às novas sanções dos Estados Unidos, que agora proíbem a exportação do chip H20, desenvolvido especialmente para o mercado chinês. A medida representa um novo capítulo nas restrições comerciais entre EUA e China envolvendo tecnologia de ponta.

Chip criado para driblar bloqueios anteriores agora também está vetado

O H20 é um chip de inteligência artificial baseado na arquitetura Hopper, da geração anterior à atual Blackwell. Ele foi criado sob medida para atender às exigências dos controles de exportação dos EUA, sem deixar de ser competitivo no mercado chinês. Era o substituto viável para o H100, que já estava banido.

Mesmo não sendo o mais avançado da NVIDIA, o H20 tem desempenho sólido em inferência — uma etapa crítica no uso prático da IA — e já estava presente nos datacenters de gigantes como Tencent, Alibaba e ByteDance.

Governo dos EUA teme uso em supercomputadores

O Departamento de Comércio dos Estados Unidos justificou o veto com base em preocupações de segurança nacional. Segundo o governo, mesmo com limitações técnicas, o H20 poderia ser usado em larga escala em supercomputadores, bastando conectar diversas unidades em paralelo com memórias de alta largura de banda.

Um relatório recente revelou que empresas chinesas, como a DeepSeek e a própria Tencent, já estavam utilizando o chip H20 para treinar modelos de IA de grande porte.

Sanções sem prazo para terminar

No dia 9 de abril, a Nvidia foi notificada de que o H20 passaria a exigir uma licença específica de exportação. Poucos dias depois, o governo norte-americano afirmou que a exigência vale por tempo indeterminado.

Com isso, a Nvidia estima que terá de contabilizar US$ 5,5 bilhões em encargos relacionados ao estoque, compromissos de compra e reservas do H20, afetando os resultados do primeiro trimestre fiscal, que se encerra em 27 de abril.

Queda nas ações e impacto no mercado

NVIDIA CEO Jensen Huang Keynote at CES 2025 18 19 screenshot

A divulgação do bloqueio derrubou as ações da Nvidia em mais de 6% nas negociações pós-mercado. O efeito se espalhou pelo setor: a AMD caiu mais de 7%, enquanto a Broadcom, também atuante em chips de IA, recuou quase 4%.

Desde o início das tensões comerciais, a receita da Nvidia na China caiu pela metade em comparação ao período anterior às restrições. Ainda assim, o país segue sendo a quarta maior região em vendas para a empresa, atrás apenas de EUA, Singapura e Taiwan.

Nvidia investe nos EUA, mas teme perder competitividade

Diante do novo bloqueio, a NVIDIA reafirmou o compromisso de investir US$ 500 milhões na produção de chips dentro dos Estados Unidos. Ainda assim, a empresa alerta que o endurecimento das regras pode prejudicar sua competitividade global e, por tabela, a liderança dos EUA no setor.

O CEO Jensen Huang comentou recentemente que, apesar das restrições, metade dos pesquisadores de IA do mundo é chinesa — muitos deles atuando em laboratórios norte-americanos. Para ele, políticas rígidas podem minar colaborações importantes em um campo que evolui rapidamente.

Blackwell entra em cena

Com o H20 fora de circulação, a Nvidia deve intensificar a venda de chips da nova geração Blackwell, que prometem ainda mais desempenho para IA, data centers e cargas de trabalho de inferência.

Ainda não está claro se o novo chip também será alvo de restrições, mas o recado da Casa Branca é claro: qualquer tecnologia com potencial militar ou estratégico está sob vigilância.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.