UnitedHealth sofre com sinistralidade e corta guidance; ação implode

A ação da UnitedHealth despencou 23% hoje depois que a maior operadora de saúde dos Estados Unidos reportou resultados fracos e cortou sua projeção para o lucro do ano. 

A queda reverberou em todo o setor, com outras operadoras como a Elevance, CVS Health e Humana seguindo o mesmo caminho, com quedas entre 2% e 7%.

A queda dessas companhias chegou a ser maior, mas reduziu-se ao longo do dia depois que a Elevance garantiu que mantém o seu guidance para o trimestre. (Ela reporta os números no dia 22).  

Em seu primeiro ‘miss’ desde 2008, a UnitedHealth reportou uma receita de US$ 109,6 bilhões e um lucro por ação de US$ 7,20 no quarto tri. O mercado esperava uma receita de US$ 111,2 bilhões e um lucro de US$ 7,29 por ação. 

O CEO Andrew Witty classificou o resultado como “incomum e inaceitável.”

Mas o que pesou mais na ação foi a companhia cortar de forma brusca seu guidance para o lucro do ano, de um range de US$ 29,50 a US$ 30 por ação para US$ 26 a US$ 26,5. 

No mercado, a UnitedHealth sempre foi vista como uma empresa que passava guidances conservadores para conseguir batê-los. 

“Ninguém estava esperando esse nível de ‘miss’ ou um corte no guidance,” um gestor comprado na ação disse à Reuters. “Essa ação era um porto seguro para muitos em meios às tarifas e a incerteza política.”

A companhia disse que os resultados abaixo do esperado tiveram a ver com o aumento dos custos médicos e com a demanda maior que o esperado dos pacientes do planos ‘Medicare Advantage’, que atende apenas pessoas com mais de 65 anos ou com algum tipo de deficiência e que é bancado em parte pelo Governo. 

O corte no guidance também foi motivado por esse aumento na demanda.

A UnitedHealth disse que estava esperando que a sinistralidade do ‘Medicare Advantage’ aumentasse este ano no mesmo ritmo do ano passado. O primeiro trimestre, no entanto, mostrou uma tendência bem pior, com um número duas vezes maior que o esperado, o CEO disse na call com analistas. 

Segundo ele, o aumento foi concentrado principalmente nos serviços médicos e ambulatoriais que não envolvem a internação dos pacientes.

“É muito, muito incomum,” Lance Wilkes, um analista da Bernstein disse à CNBC, acrescentando que o aumento na utilização dos planos é “realmente surpreendente” dado o nível de uso dos planos que o setor já viu nos últimos anos.

Para esse analista, a UnitedHealth pode ter reduzindo a intensidade de algumas práticas que ela adota para gerir a utilização — e que geram insatisfação nos clientes. 

“Provavelmente a United está recuando por conta do escrutínio que a empresa está sofrendo,” disse ele. “Acho que a coisa terrível que aconteceu com o Brian Thompson tem relação com isso, assim como o escrutínio do Departamento de Justiça sobre a companhia nos últimos dois anos.”

Thompson — o head da área de saúde do UnitedHealth Group — foi assassinato no final do ano passado e o motivo dado pelo assassino, Luigi Mangoni, foi a forma como as operadoras de saúde tratam seus clientes. Esse fato acabou desencadeando uma onda de críticas de pacientes e da opinião pública sobre o setor. 

Apesar dos desafios, o CEO da United disse que a companhia está tomando medidas para melhorar seu resultado e que os problemas “são altamente endereçáveis a partir de 2026.”

No ano que vem, o setor também deve se beneficiar de uma política do Governo Trump, que disse este mês que vai aumentar “substancialmente” os reembolsos que o Governo paga às operadoras que trabalham com o Medicare Advantage. 

O aumento proposto por Trump pode gerar um aumento de US$ 25 bilhões nas receitas do setor em 2026, segundo o The Wall Street Journal.

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