Mercado fecha semana mais curta sob alerta com a guerra comercial

Mercados globais se preparam para mais instabilidade em meio ao conflito em Israel

A semana foi mais curta, mas nem por isso menos intensa nos mercados globais. O pano de fundo continua sendo a escalada da guerra comercial entre Estados Unidos e China, agora com efeitos mais concretos sobre ativos de tecnologia e a política monetária global.

Na Europa, a boa surpresa veio com o recuo da inflação, o que abriu espaço para o Banco Central Europeu cortar os juros em 0,25 ponto percentual. Apesar da sinalização positiva, a presidente Christine Lagarde adotou um tom cauteloso: “O ciclo não está definido, seguiremos avaliando os dados”, afirmou. O movimento foi lido como um sinal de prudência, mas ainda sem euforia.

Nos Estados Unidos, o presidente do Fed, Jerome Powell, foi firme e direto: “Não há corte de juros à vista”. A fala foi lida como hawkish e caiu como uma bomba no mercado — e no Twitter do ex-presidente Donald Trump, que criticou abertamente o posicionamento do Banco Central, exigindo estímulos diante do risco de desaceleração.

A tensão aumentou com a proibição imposta por Trump à venda de chips da Nvidia (modelo H20), direcionados ao mercado chinês. A ação da empresa caiu mais de 6% em um único pregão, contaminando todo o setor de tecnologia e reforçando o sinal de alerta.

Do lado chinês, o crescimento do PIB acima do esperado ofereceu algum alívio. A leitura positiva foi acompanhada de dados na zona do euro abaixo da expectativa de inflação, o que reforçou o movimento de queda de juros por lá.

Brasil: tarifa social, bandeira amarela e risco fiscal

Enquanto isso, por aqui, o Ministério de Minas e Energia anunciou que vai encaminhar à Casa Civil uma proposta para isentar a conta de luz de famílias que consomem até 80 kWh/mês. O impacto estimado é de R$ 4,45 bilhões — que, naturalmente, será compensado pelos demais pagadores de energia.

A medida vem justamente quando o país passa a operar sob bandeira amarela nas tarifas de energia, o que significa reajuste de custos e pressão direta sobre a inflação. Para Marco Prado, operador de mercado e apresentador do Pre-Market, “essa proposta tem apelo social, mas é inoportuna do ponto de vista fiscal e inflacionário”.

O risco, segundo Prado, é que a medida leve a uma reaceleração do IPCA e trave o ciclo de cortes da Selic ainda este ano. “O Banco Central já vinha sinalizando cautela, e agora a combinação de alta de energia e gasto adicional complica ainda mais”, disse.

O mundo dividido entre estímulos e restrições

A semana foi marcada por uma contradição entre continentes. A China tenta estimular. A Europa corta juros com cautela. Os EUA mantêm a linha dura. E o Brasil, como de costume, flerta com medidas populistas em um cenário delicado para a inflação.

O mercado fecha atento a todos os lados. E a próxima semana promete mais uma dose de volatilidade — política, econômica e talvez cambial.

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