Quem manda na nossa vida? É a provocação de Ozymandias

Ozymandias é o primeiro livro de ficção do advogado, escritor e professor universitário José Roberto de Castro Neves. O título pode parecer estranho para um romance, mas o leitor verá que não é. (Para comprar, clique aqui.)

Primeiro, é melhor abolir o termo romance. Concordo com a Professora Angela Maria Dias, titular de literatura brasileira da UFF, que em um belo artigo classifica Ozymandias como “narrativa”. E que narrativa: engenhosa e surpreendente, mas leve e arrebatadora.

Apesar do título Ozymandias, o livro nada tem de histórico. É fruto de uma imaginação fértil e criação sem limites, embora contenha elementos históricos. De qualquer forma, é importante saber a origem do nome. 

A palavra Ozymandias, de origem grega, era o apodo do faraó do Egito Ramsés II, e foi popularizada em 1818 pelo poeta Percy Bysshe Shelly com um soneto que escreveu sobre a estátua de Ozymandias encontrada semidestruída no deserto. Derrocada é a essência do soneto.

Depois, em 2013, Ozymandias se tornou o título do melhor capítulo da série da televisão americana Breaking bad, que narra a destruição do poderoso império do magnata da trama.

Mas a história de José Roberto de Castro Neves é muito mais que isso. É brasileiríssima. A trama se passa numa minúscula cidade chamada Ateninhas. Tem elementos da mitologia grega, da história do Brasil, da imigração, de nossas lendas e da cultura Iorubá. Tem também pinceladas de Shakespeare, Dante Alighieri e Homero. E de Guimarães Rosa e Castro Alves. Eu senti também Orson Welles e Machado de Assis. Influências brilhantemente embutidas na mais pura ficção.

O livro é um atrevido caleidoscópio. Não há um fio condutor. Quem ajuda a entender a rocambolesca trama é o velho Metinques — o corifeu do teatro grego — em cujo corpo baixa o espírito do autor orientando o leitor com boas pistas e boas dicas.

José Roberto de Castro Neves retirou de cada fragmento da estátua de Ozymandias os mais poderosos símbolos, que ele inocula em todos os personagens, definindo-os com coragem, sem nenhum pudor e, de propósito, com algum exagero. Fica muito claro quem é quem.

A trama é intrincada e engenhosamente embaralhada. Para facilitar a compreensão, o autor montou uma árvore genealógica que vai se alterando ao longo dos capítulos à medida que surgem os habitantes de Ateninhas. Outra inovação é que as páginas do livro não são numeradas, para que o leitor mergulhe na trama e não limite a leitura pelo número de páginas. Artifício desnecessário ao meu ver.

Os acontecimentos se sucedem de forma galopante e fica difícil parar de ler. São tantos (e todos importantes) que não dá nem para revelar um pouco do conteúdo e muito menos do final. Tudo é surpreendente e assim deve ser mantido. Querem saber? Leiam o livro.

Frases curtas, palavras bem escolhidas e uma  deliciosa pontuação recomendam a leitura. A tragédia, a derrocada e a fatalidade são os temperos de Ozymandias. Mas a maldade, o segredo, a traição, a vingança e os mistérios indecifráveis são os ingredientes básicos dessa diabólica refeição que o autor preparou.

Todos em Ateninhas estão sob o controle de forças enigmáticas, terríveis, impiedosas e cruéis. São elas que determinam o destino de cada um. É assustador por ser verossímil.

Não gostamos de pensar nisso, mas quem decide a nossa vida? Somos nós, ou o frio e implacável DESTINO? Como indaga José Roberto de Castro Neves: Quem está no comando?

Responda quem souber.

José Bonifácio de Oliveira Sobrinho é empresário e um dos pais da televisão brasileira.

The post Quem manda na nossa vida? É a provocação de Ozymandias appeared first on Brazil Journal.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.