iFood cria comunidade para estimular avanço de IA no Brasil

AGI Club, do iFood
AGI Club, do iFood (Foto: Divulgação)

De Mountain View, Califórnia* – Em sua mais nova iniciativa, o iFood não vai fazer a comida chegar mais rápido na sua casa, ou adicionar uma nova categoria de produto que você poderá pedir sem sair do sofá. Pelo menos não diretamente.

A conexão que a empresa quer fazer agora é entre profissionais brasileiros que atuam com inteligência artificial. A ideia é promover trocas de experiências e de conhecimento entre eles e com referências globais para transformar o Brasil em uma referência nos avanços da tecnologia.

Para isso, o iFood criou o Artificial General Intelligence Club, ou AGI Club, uma comunidade para quem está com as mãos na massa na criação de projetos na área. “Temos empresas e pessoas muito boas no Brasil que não são conhecidos. Que olham mais para o Vale do que falam entre eles lá. Temos que mudar esse cenário. Dar a visão do Brasil como criador de tecnologia”, argumenta Thiago Silva, diretor de inovação do iFood.

O lançamento aconteceu durante a Brazil at Silicon Valley (BSV), que acontece na sede do Google em Mountain View. O iFood é um dos patrocinadores da sétima edição da conferência. A IA tem sido uma área de investimento pesado do iFood nos últimos tempos para ajudar a dar escalabilidade à sua operação. A companhia tem 110 milhões de pedidos por mês, o que equivale a uma Balck Friday por dia. Para dar conta de toda essa demanda, ela desenvolveu e gerencia 120 modelos próprios.

Jet Ski

Thiago conta que a comunidade começou a ser desenhada em novembro do ano passado como um jet ski – os projetos de pequeno porte que o iFood cria para fazer testes rápidos e leves de ideias. A validação veio de conversas com pessoas no Brasil e no próprio Vale do Silício, onde essa cultura dos clubes e grupos de discussões tem sido umas das molas propulsoras de novas tecnologias como os computadores pessoais, a internet e, hoje em dia, a IA. “Tem umas dezenas desses grupos em operação”, conta Thiago, citando como exemplo o AGI Club.

Os clubes, reúnem profissionais técnicos que debatem problemas e soluções independentemente dos objetivos das empresas ou iniciativas nas quais estão envolvidos. “É um tema novo, que evolui em uma velocidade drástica. Se não houver trocas, você fica para trás”, reforça.  

Com a ideia formatada, entre janeiro e março o iFood fez eventos teste para validar. No primeiro deles, que aconteceu em fevereiro na sede da companhia, a expectativa era receber 50 pessoas. Apareceram 250.   

Até agora, foram aprovados 120 participantes no AGI Club. Os participantes ganham acesso a um canal exclusivo no Discord para interagirem. A comunidade tem previstos pelo menos dois eventos por mês: um presencial e um virtual. O primeiro encontro presencial está programado para o dia oito de maio na sede do iFood em Osasco (SP).  

Participação

A inscrição no Club pode ser feita por aqui. Não há custo para estar nele, mas entrar não é para qualquer um. É preciso fazer uma entrevista e ter suas referências checadas junto à comunidade. De acordo com Thiago, não há um número mínimo ou máximo de participantes. Quanto mais gente melhor. Mas a exigência de qualificação técnica é o critério base para entrada. “Não pode ser um papo superficial”, defende.  

Para Thiago, o AGI Club será diferente de outras iniciativas de comunidade por conta exatamente da curadoria das pessoas que serão admitidas nele. Outro diferencial é o acesso que a companhia tem a profissionais e empresas internacionais por ser uma Big Tech brasileira. Entre os cotados para participar das atividades estão nomes da OpenAI e da Anthropic, companhias com as quais o iFood mantém relação bastante próxima.

Apesar de ser o patrono da comunidade, o iFood não quer ser o único a tocá-la – nem a arcar com seus custos. O plano, segundo Thiago, é trazer outras empresas para fomentá-la e rachar a conta. Inclusive concorrentes. “Se uma determinada coisa vai me ajudar a crescer e ajudar o outro também, porque não sentar junto?”, defende.

A única condição para se juntar à iniciativa, segundo ele, é não querer palco para vender um produto ou serviço. “Se a empresa quiser trazer um especialista para falar em profundidade sobre um tema, tudo bem. O que não queremos é pitch de vendas”, explica Thiago.

*O jornalista viajou a convite da BSV

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