Entenda o caso da Fiat Elba: o carro que ajudou a derrubar um presidente – Foto: Reprodução/ND

Por mais de trinta anos, uma Fiat Elba ficou marcada na memória dos brasileiros como símbolo da queda de um presidente. Em 1992, o carro foi apontado como comprado com dinheiro desviado e registrado em nome do então presidente Fernando Collor de Mello.

Esse foi um dos principais elementos que levaram ao processo de impeachment e à sua saída do cargo.

Agora, mais de três décadas depois, o nome de Collor volta aos noticiários, mas desta vez com destino à prisão. Na manhã desta sexta-feira (25), ele foi preso em Maceió (AL), por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

Fernando Collor foi condenado a oito anos e dez meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no âmbito da Operação Lava Jato. A prisão aconteceu quando ele se preparava para embarcar para Brasília.

A detenção marca um novo capítulo na trajetória de um político que já foi o centro de um dos maiores escândalos da história do Brasil.

Relembre a história da Fiat Elba: peça-chave no processo de impeachment de Collor

Em 1992, um Fiat Elba Weekend 1991, adquirido com recursos ilícitos, foi o pivô do processo de impeachment de Collor. O veículo foi comprado em nome de José Carlos Bonfim, apontado como funcionário fantasma.

Tudo começou quando o próprio irmão, Pedro Collor, revelou um esquema de corrupção envolvendo Paulo César Farias, conhecido como PC Farias. Este era tesoureiro da campanha e amigo próximo do presidente.

De acordo com as denúncias, PC Farias gerenciava um caixa paralelo destinado a enriquecer aliados políticos e financiar o estilo de vida luxuoso da família presidencial.

Uma Fiat Elba foi peça-chave no processo de impeachment de Collor – Foto: ABR; Valter Campanato/Agência Brasil

A investigação da época revelou que a compra do Fiat Elba foi realizada com dinheiro desviado de contas sob controle de PC Farias. A perua se transformou em prova material das acusações de corrupção que desencadearam a cassação de Collor.

Além da Fiat Elba, outro símbolo do escândalo de Collor foi a mansão localizada em um bairro nobre em Brasília, conhecida como “Casa da Dinda”. O imóvel também teria sido pago com dinheiro de contas fantasmas controladas por PC Farias

O escândalo terminou em setembro de 1992, quando a Câmara dos Deputados aprovou a abertura do processo de impeachment por 441 votos a 38. Collor renunciou pouco depois, numa tentativa de preservar seus direitos políticos, mas sem sucesso.

O Senado prosseguiu com o julgamento e o declarou inelegível por oito anos.

Mesmo após ter sido absolvido pelo STF por falta de provas em 1994 e novamente em 2014, o nome de Collor continuou atrelado ao episódio e ao carro símbolo da queda: o Fiat Elba.

Onde anda a Fiat Elba de Fernando Collor?

O destino da perua que se tornou símbolo da queda de Collor ainda é cheio de mistério.

Um detalhe curioso é que o próprio Collor solicitou a baixa da Elba, segundo o Portal UOL. O que significa que ela não está mais autorizada a rodar pelas ruas e pode até ter sido enviada para sucata.

Antes de desaparecer de vez, o carro chegou a ser visto em imagens que circularam nas redes sociais há alguns anos. Nas fotos, a Elba já estava bastante desgastada, com pintura comprometida, estacionada em um local não identificado e com uma placa cinza.

Em 2020, ao ser provocado nas redes sociais sobre o carro, comparado por um internauta à Fiat Toro, Collor respondeu, em uma de suas raras menções ao episódio, relembrando a polêmica que marcou sua trajetória política. Veja:

Fernando Collor fez menção à Fiat Alba após polêmica – Foto: Fernando Collor/@collor/Reprodução/ND

Atualmente, segundo a Tabela Fipe, uma Elba Weekend 1.5 do ano de 1991, semelhante à do ex-presidente, é avaliada em cerca de R$ 6.198.

Elba de Collor é parecida com o exemplar da foto acima – Foto: Entenda o caso da Fiat Elba o carro que ajudou a derrubar um presidente-4 (2)

Mas não é só a Elba: o ex-presidente Fernando Collor tem outros carros associados a momentos conturbados da sua carreira política.

Em 2015, três veículos de luxo foram apreendidos pela Polícia Federal na Casa da Dinda: uma Ferrari vermelha, um Porsche preto e uma Lamborghini prata. As apreensões já faziam parte das investigações da Lava Jato.

Carros de luxo foram apreendidos na Casa da Dinda em 2015 – Foto: Reprodução/ND