Por que a Microsoft remove jogos do Game Pass?

Se você é fã do Xbox Game Pass, provavelmente já viveu aquele momento de frustração: você está no meio de um jogo incrível, e, de repente, descobre que ele vai sair do catálogo. Desde seu lançamento em 2017, o Game Pass revolucionou o mundo dos videogames, oferecendo acesso a uma biblioteca de jogos por uma assinatura mensal, incluindo lançamentos da Microsoft e títulos de outras empresas.

Mas, enquanto os jogos próprios da Microsoft, como Halo ou Gears of War, raramente desaparecem, os de terceiros vêm e vão com frequência. Por que isso acontece? Vamos explorar as razões por trás das remoções, como elas afetam os jogadores e o que a Microsoft faz para equilibrar essa rotatividade.

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Contratos com tempo limitado: o coração da rotatividade

Xbox Game Pass

A principal razão para um jogo sair do Game Pass é simples: contratos. Quando a Microsoft negocia com desenvolvedoras e editoras de terceiros, como a Atlus ou a EA, eles assinam acordos que determinam por quanto tempo um jogo ficará no catálogo. Esses contratos podem durar meses ou anos. Por exemplo, Persona 5 Tactica ficou disponível por um ano.

Segundo Phil Spencer, CEO da Microsoft Gaming, esses acordos variam muito. Às vezes, a Microsoft paga uma quantia fixa para incluir um jogo; em outros casos, financia parte da produção para garantir um lançamento no dia um, como aconteceu com alguns indies. Há ainda acordos baseados no uso ou no engajamento dos jogadores.

Cada jogo é único, e a Microsoft trabalha com as desenvolvedoras para criar um “programa personalizado” que atenda às necessidades delas, garantindo que sejam compensadas financeiramente. Mas, quando o contrato acaba, o jogo sai do catálogo, a menos que as partes cheguem a um novo acordo. Isso explica por que jogos como Grand Theft Auto V entram e saem do Game Pass ao longo dos anos: a Rockstar, dona do título, vê valor em oferecer jogos mais antigos no serviço, mas prefere vender lançamentos diretamente.

Licenças: um obstáculo invisível

Outro motivo comum para remoções é a questão das licenças. Muitos jogos usam conteúdo licenciado, como músicas, carros ou até personagens de outras marcas. Essas licenças têm prazos e condições, e, quando expiram, o jogo pode precisar ser removido ou atualizado. Um exemplo clássico é Quantum Break, que saiu temporariamente do Game Pass por causa de licenças que precisavam ser renovadas, mas voltou depois.

Já Forza Horizon 4, da própria Microsoft, foi retirado em 2024 porque os acordos com marcas de carros e outros parceiros terminaram. Nesse caso, quem já tinha o jogo via Game Pass recebeu um código para continuar jogando, mas novos usuários não podem mais acessá-lo.

Essas situações mostram como os bastidores dos jogos são complexos. Mesmo um gigante como a Microsoft precisa negociar com terceiros para manter conteúdo licenciado, e nem sempre é viável renovar esses acordos, especialmente para jogos mais antigos.

Decisões de negócios e atualizações de séries

Às vezes, a remoção de um jogo é uma escolha estratégica. Jogos de esportes, como Madden NFL ou FIFA, frequentemente saem do Game Pass quando uma nova versão chega. Em fevereiro de 2025, por exemplo, Madden NFL 23 deixou o catálogo, mas Madden NFL 25 entrou pouco antes do Super Bowl, mantendo a série atualizada. Isso faz sentido: as desenvolvedoras querem que os jogadores migrem para o título mais recente, que reflete as temporadas atuais e tem mais jogadores online.

Outras vezes, a Microsoft decide descontinuar um jogo antigo, como Forza Horizon 4, para focar em novos lançamentos, como Forza Horizon 5. Embora isso possa decepcionar fãs, é uma forma de gerenciar o catálogo e direcionar os jogadores para experiências mais modernas. Essas decisões, porém, nem sempre são bem recebidas, especialmente quando o jogo é um clássico querido.

A estrutura do Game Pass: camadas e complicações

Game Pass

O Game Pass não é mais o serviço simples de 2017, que prometia todos os jogos da Microsoft no dia do lançamento por uma única mensalidade. Hoje, ele tem várias camadas, cada uma com suas regras e catálogos. O Game Pass Ultimate (R$ 59,99/mês) é o mais completo, com lançamentos no dia um, streaming e acesso ao catálogo da EA Play. O PC Game Pass (R$ 35,99/mês) oferece benefícios semelhantes, mas só para PC. Já o Game Pass Standard (R$ 44,99/mês) e o Core (R$ 34,99/mês) têm bibliotecas menores e não incluem jogos no lançamento, o que torna seus catálogos mais estáveis, mas ainda sujeitos a remoções.

Essa estrutura mais complexa, e cara, pode frustrar alguns jogadores, especialmente quando um jogo sai do Ultimate mas permanece no Standard. A rotatividade, porém, é mais comum no Ultimate, já que ele depende mais de acordos com terceiros para manter seu catálogo robusto.

A realidade dos jogos digitais: você não é dono

Xbox Game Pass

Vale lembrar que, no mundo digital, “possuir” um jogo é relativo. Seja comprando um título ou assinando o Game Pass, você está, na prática, alugando uma licença de uso. Uma nova lei na Califórnia, a AB2426, reforça isso, exigindo que lojas digitais, como a Steam, informem que compras são licenças, não propriedade. Embora improvável, a Microsoft poderia, teoricamente, encerrar o Game Pass, e os jogos desapareceriam. Esse é o preço da conveniência digital, mas também o que torna serviços como o Game Pass tão atraentes: acesso fácil a centenas de jogos sem precisar comprar cada um.

As remoções no Game Pass podem ser frustrantes, mas elas fazem parte do modelo de negócios do serviço, que depende de acordos temporários para oferecer uma biblioteca tão diversa. Para a Microsoft, o Game Pass é uma vantagem competitiva no mercado de consoles, atraindo jogadores com lançamentos no dia um e um catálogo em constante evolução. Para as desenvolvedoras, é uma chance de alcançar milhões de jogadores e receber compensação financeira, mesmo que o jogo saia depois.

Se você é assinante, a dica é ficar de olho na aba “Saindo em Breve” e aproveitar os descontos para comprar jogos que ama. E, claro, curtir as novidades que chegam todo mês. O Game Pass é como uma biblioteca viva: alguns livros saem, outros entram, mas sempre há uma boa história esperando para ser explorada. Qual jogo você está jogando no Game Pass agora? Conta pra gente!

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