Antônio José Roque da Silva recebe o maior prêmio da ciência no Brasil

O físico e coordenador do projeto Sirius – um dos mais modernos aceleradores de partículas do mundo – [o Acadêmico] Antônio José Roque da Silva é o agraciado do 37º Prêmio Almirante Álvaro Alberto para a Ciência e Tecnologia – Edição 2025, concedido pelo CNPq em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e a Marinha do Brasil.

Professor titular da Universidade de São Paulo (USP) e diretor-geral do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), Roque é também bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq e atua na área de física, com ênfase em física da matéria condensada e física atômica e molecular. Já publicou mais de 130 artigos em periódicos especializados e é co-autor de mais de 200 trabalhos apresentados em eventos nacionais e internacionais.

“Ganhar o prêmio Álvaro Alberto é uma grande honra”, afirma Roque, ressaltando o apoio recebido pelo CNPq ao longo de todo o seu percurso profissional, desde o início, como bolsista, passando pelo período de formação no exterior até se tornar professor universitário. “Há tempos, fui bolsista do CNPq e, agora, recebo o reconhecimento dos meus pares por meio desse prêmio, concedido pelo Conselho Nacional que foi, e continua sendo, fundamental para o fortalecimento da ciência brasileira. Reconheço e agradeço aos professores, colegas e pares que participaram dessa jornada, o apoio incondicional recebido da minha família e o trabalho das mais de mil pessoas que estão todos os dias dedicadas ao CNPEM”, afirma, entatizando que “é central reforçarmos o apoio popular à ciência nacional, que muitas vezes é posto em risco”.

A 37ª edição do Prêmio Álvaro Alberto contemplou a área de Ciências Exatas, da Terra e Engenharias, conforme regra do sistema de rodízio entre as três grandes áreas do conhecimento. O prêmio é direcionado aos pesquisadores e cientistas brasileiros que tenham se destacado pela realização de obra científica ou tecnológica de reconhecido valor para o progresso da respectiva área e é concedido anualmente. A cerimônia de entrega do prêmio este ano acontecerá no dia 8 de maio, no auditório da Escola Naval, no Rio de Janeiro. Roque receberá como premiação diploma, medalha e importância em dinheiro no valor de R$ 200 mil, concedidos pelo CNPq. A premiação inclui, ainda, viagem à Antártica e outra ao Centro Tecnológico da Marinha, localizado em São Paulo, ambas oferecidas pela Marinha do Brasil.

Assista à entrevista com o premiado:

Desafios à frente do CNPEM

Roque explica que seus desafios profissionais se aprofundaram quando começou a atuar no CNPEM, há quinze anos. Lá, ele recebeu a missão de viabilizar o Sirius, a maior e mais complexa infraestrutura científica já construída no Brasil. O equipamento, de grande porte, utiliza aceleradores de partículas para produzir um tipo especial de luz, a luz síncroton, usada para investigar a composição e a estrutura da matéria em suas mais variadas formas, e que tem aplicações em quase todas as áreas do conhecimento.

O projeto do Sirius – sua construção, as parcerias firmadas com a indústria nacional, o início da operação e a instalação de novas linhas de luz – envolveu centenas de pessoas. “O sucesso desse esforço coletivo, concretizado com o Sirius, materializa o potencial da ciência nacional. Sirius é um símbolo de como a ciência brasileira pode ser mundialmente competitiva, quando há investimento adequado e valorização e capacitação de recursos humanos”, diz Roque.

Seu novo desafio à frente da diretoria-geral do CNPEM é o Projeto Orion, um complexo laboratorial para pesquisas avançadas em patógenos, que pode ser considerado uma central para a soberania nacional diante da iminência de novas epidemias. O projeto prevê instalações inéditas de máxima contenção biológica na América Latina, conhecidas como NB4, as primeiras do mundo conectadas a uma fonte de luz síncrotron. “Essas instalações serão abertas à comunidade científica e promoverão o avanço do conhecimento sobre patógenos e doenças correlatas e poderão subsidiar ações de vigilância e políticas públicas de saúde”, explica Roque, que considera um privilégio estar à frente de mais um projeto inovador.

Pesquisador Emérito e Menção Especial de Agradecimento: conheça os agraciados 

Durante a cerimônia de premiação, também serão entregues o título de Pesquisador Emérito e a Menção Especial de Agradecimento, ambos concedidos pelo CNPq a personalidades científicas de destaque e instituições com relevantes contribuições à ciência brasileira.

Neste ano, os contemplados com o título de Pesquisador Emérito são o físico e ex-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC),  Ennio Candotti (in memoriam); o fundador e primeiro diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), engenheiro Fernando de Mendonça; a professora aposentada de Linguística da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Leda Bisol; a filósofa Marilena Chauí, da Universidade de São Paulo (USP); o matemático, engenheiro civil e professor da USP, Newton Carneiro Affonso da Costa (in memoriam); e o médico infectologista e professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Roberto José da Silva Badaró.

Os agraciados com a Menção Especial de Agradecimento, por sua vez, são uma pessoa física, a professora e pesquisadora da área de Direito Internacional da UFRGS, Cláudia Lima Marques; e três pessoas jurídicas: o British Council (BC), o Instituto Rio Branco (IRBr/MRE), e o Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF).

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