Hannover Messe 2025: o que o Brasil tem a ensinar (e aprender) na nova indústria global

Hannover Messe 2025
Grupo de especialistas na Hannover Messe 2025 (Foto: Divulgação)

*Por Daniel Giacometti Amaral, CEO da Embeddo, startup membro do Cubo Itaú

A Hannover Messe 2025 é a maior feira de tecnologia industrial do mundo, reunindo anualmente milhares de expositores de todos os continentes para apresentar inovações em automação, digitalização, sustentabilidade, energia e soluções para a indústria 4.0. Mais do que uma vitrine tecnológica, a Hannover Messe 2025 é um ponto de encontro estratégico para empresas, governos, investidores e startups que moldam o futuro da indústria global. Estar presente nesse ambiente é uma oportunidade única de aprendizado, visibilidade e conexão com os principais players do setor.

Participei da Hannover Messe 2025 como integrante da missão do programa Brazilian Indtechs in Germany (BiG), focado na internacionalização de startups industriais brasileiras. Nossa presença na Hannover Messe 2025 permitiu apresentar soluções desenvolvidas no Brasil, estabelecer parcerias e posicionar nossa inovação em um dos palcos mais relevantes do mundo. E foi ao longo dessa experiência que percebi, com ainda mais clareza, o quanto temos a contribuir com a transformação da indústria global. Estar presente como parte da missão do programa BiG foi uma demonstração clara de que o país já tem, nas deep techs industriais, um ativo estratégico de escala global.

Durante os dias de evento, vimos o Brasil apresentar soluções desenvolvidas por startups industriais que atuam diretamente em setores críticos. Em meio a gigantes da indústria 4.0, Hannover Messe 2025 revelou o interesse genuíno de parceiros globais em entenderem como tecnologias brasileiras estão resolvendo problemas complexos com eficiência, adaptabilidade e criatividade.

As startups brasileiras em um lugar estratégico

As startups que representaram o Brasil nessa missão mostraram como é possível gerar impacto industrial com tecnologias aplicadas em ambientes de baixa conectividade, estruturas legadas e desafios operacionais extremos. E o que se viu na Hannover Messe 2025 foi uma atenção especial para essa capacidade de combinar IA, automação, hardware e software com foco em entrega real de valor — mesmo em contextos desafiadores.

Mas esse avanço precisa de consistência. Fora da delegação BiG, a presença brasileira como expositora na feira ainda foi modesta .Em meio a mais de 4 mil expositores vindos de todas as partes do mundo, o Brasil teve uma participação modesta. Isso revela um desafio estratégico: precisamos, como país, ocupar com mais força e frequência os grandes palcos globais da indústria. E é aqui que surgem os desafios da internacionalização: visibilidade contínua, estratégia de marca e investimentos de longo prazo.

Novus e o exemplo de presença internacional estratégica

Dentre os poucos nomes nacionais com estande próprio, a Novus se destaca com autoridade: são 26 participações consecutivas na feira, representando o Brasil com independência e estratégia. Esse histórico simboliza o que muitas deep techs ainda estão construindo — uma jornada internacional que exige mais do que boas soluções. Exige visão de médio e longo prazo, presença ativa em eventos internacionais e construção de confiança em mercados maduros.

A longevidade da Novus em feiras como a Hannover Messe 2025 prova que é possível fazer do Brasil uma referência. O que falta não é capacidade técnica, mas articulação, continuidade e um ecossistema mais integrado entre setor público, privado e instituições de ciência e tecnologia.

O Brasil no centro da indústria global em 2026

Um dos grandes momentos da edição deste ano foi o anúncio de que o Brasil será o país parceiro da Hannover Messe em 2026. O impacto dessa decisão é simbólico e estratégico. Significa protagonismo: ocupar o centro do evento, atrair investidores e mostrar que o Brasil tem um ecossistema industrial robusto, criativo e conectado às grandes transições globais — como a digitalização, a sustentabilidade e a automação inteligente.

Para quem esteve presente em 2025, essa notícia é mais do que animadora. Ela é um chamado. Um convite para que indústrias, startups e formuladores de política pública se unam em torno de um plano estratégico nacional de internacionalização industrial. Temos um ano para preparar a cena. E essa preparação precisa envolver presença, discurso, narrativa e articulação sistêmica.

Lições que a missão BiG nos deixa

Voltar da Hannover Messe 2025 é retornar com mais do que contatos e tendências. É voltar com clareza sobre o lugar que podemos ocupar no mundo — e sobre o que precisamos ajustar para chegar lá.

A primeira lição é que o mundo quer ouvir o Brasil. A segunda é que precisamos de constância. E a terceira é que, em um momento em que supply chains globais se reestruturam, há uma oportunidade histórica para as deep techs brasileiras se consolidarem como provedores críticos de tecnologia. Então te convido, a próxima edição de 2026 onde o Brasil será protagonista deste encontro, para posicionarmos o país como referência em tecnologia de ponta no cenário Mundial. 

O Brasil já está no jogo. Agora, é hora de jogar em alto nível. Vamos nessa? 

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