Desvende o Segredo Químico Por Trás da Fumaça que Anuncia o Novo Papa

fumaça do conclavefumaça do conclave

Dia 7 de maio de 2025 será um dia histórico, quando a Igreja Católica irá eleger seu mais novo papa. Esse processo de votação, que conta somente com a participação dos cardeais, é chamado de conclave. Pode-se dizer que esse é um dos eventos mais emblemáticos e simbólicos do mundo, bastante aguardado não só pelos fiéis como também pelos curiosos. O anúncio de um novo pontífice é feito por uma fumaça (preta ou branca) saída de uma estrutura temporária de chaminé construída na Capela Sistina. E você sabe como é feita essa fumaça? 

Aqui, Engenharia 360, não queremos nos deter às questões simbólicas por trás desse evento. Contudo, gostaríamos de explorar a ciência que garante a cor e a visibilidade desse sinal de que foi feita a escolha de um novo papa. Ficou curioso? Então, acompanhe o artigo a seguir!

fumaça do conclave
Imagem gerada em IA de Google Gemini

A evolução do anúncio do conclave

Neste momento, a imprensa de todo o mundo está com suas câmeras posicionadas direto para a Capela Sistina, no Vaticano. Logo, os cardeais anunciarão se houve ou não consenso na eleição de um novo pontífice. Esse é um ritual milenar e que envolve um processo meticulosamente elaborado e altamente técnico -de muita ciência, engenharia e até pirotecnia.

A saber, esse método oficial de eleição – chamado de conclave – foi adotado desde o século XIII, com o Papa Gregório X. Trata-se de uma votação secreta, cujas decisões são divulgadas por meio de uma fumaça que sai por uma chaminé. No começo, tudo isso era feito de forma bem rudimentar. Até meados do século XX, utilizava-se palha molhada para gerar fumaça branca e piche com outros materiais escuros, como borracha e papel, para criar fumaça preta.

No século XIX, adotou-se um método diferente, que foi a simples queima das cédulas de votação; então as pessoas sabiam, pela ausência ou presença de fumaça, qual era o resultado do conclave. Mas esse método confundia demais os fiéis. Assim, por muitos e muitos anos o Vaticano testou outras fórmulas químicas para gerar a fumaça, sendo que algumas técnicas falharam, resultando em cores indefinidas. Finalmente, em 2025, no conclave que elegeu o Papa Bento XVI, a igreja decidiu adotar um sistema mais moderno, preciso e químico.

A engenharia no processo da fumaça do conclave

Antes de tudo, vale explicar por que a química da fumaça utilizada no conclave importa tanto. Como sabemos, em parte tem um aspecto simbólico, mas também tem as questões de implicações práticas e ambientais. Só para se ter uma ideia, no passado já se chegou a utilizar até piche e pneus para gerar a fumaça, com partículas nocivas à saúde e ao meio ambiente. Então, havia uma certa obrigação da ciência de encontrar uma combinação de compostos químicos mais puros e controlados para reduzir esses impactos e melhorar a segurança dos cardeais e do público.

No conclave, ainda se faz o cerimonial de queima das cédulas de votação; mas acontece que isso ocorre em um forno especial dentro da Capela Sistina. Na verdade, existem dois fornos conectados a uma mesma chaminé. O primeiro forno é de ferro fundido, e é justamente aonde vão às cédulas. E o segundo forno é eletrônico, onde são colocados cartuchos pirotécnicos contendo substâncias específicas para produzir a cor de fumaça desejada.

O controle desse segundo forno que produz a fumaça do conclave é feito por sistemas elétricos, ventiladores e sensores de temperatura que garantem uma liberação eficaz do vapor – que pode durar até sete minutos. Essa engenharia é considerada um avanço para a igreja católica e é aprimorada constantemente para garantir que o anúncio da escolha de um novo papa seja feito por uma fumaça clara, visível e não ambígua, independente das condições climáticas, vento ou luminosidade.

A química das fumaças preta e branca

Neste ponto do texto, você já deve imaginar que a fumaça preta indique que os cardeais não chegaram a um consenso e a branca, que eles elegeram um novo papa.

Especialmente a fumaça preta, que deve ser facilmente identificável do céu da Capela Sistina, é o resultado da combinação de perclorato de potássio (oxidante que fornece oxigênio para a combustão), antraceno (um hidrocarboneto aromático sólido que atua como combustível e gera partículas de carbono que dão a cor escura) e enxofre (um elemento que facilita a queima e contribui para a formação de compostos que escurecem o vapor).

Dizem especialistas que essa combinação é similar à de antigas bombas de fumaça utilizadas em espetáculos pirotécnicos. Porém, tem-se questionado o uso do antraceno por ser uma substância potencialmente cancerígena – por isso, logo esse item deve ser substituído.

fumaça do conclave
Imagem gerada em IA de Google Gemini

Agora a fumaça branca é produzida com uma composição diferente, a base de cloridrato de potássio (oxidante que promove a combustão eficiente), lactose (açúcar natural que funciona como combustível e ajuda na geração da cor branca e brilhante) e colofônia (resina extraída de coníferas e que contribui para a formação de partículas finas que refletem a luz, dando uma tonalidade ainda mais branca ao vapor).

Essa última mistura seria cuidadosamente escolhida por não ser tóxica, ao contrário das opções geralmente usadas em contextos militares, como pó de zinco e hexacloroetano.

fumaça do conclave
Imagem gerada em IA de Google Gemini

Os cartuchos pirotécnicos na prática

Para concluir esse texto, precisamos explicar o que ocorre após cada rodada de votação do conclave. O cardeal responsável deve colocar dentro do forno eletrônico um cartucho pirotécnico contendo seis pequenas granadas de fumaça na composição correta, para fumaça preta ou branca. Ele então pressiona um botão do forno e logo a fumaça é ativada com a queima das cédulas no segundo forno. Todo o sistema é monitorado em tempo real com ajuda da computação.

fumaça do conclave
Imagem gerada em IA de Google Gemini

E você que pensava que o conclave era só uma cerimônia religiosa, hein? Acabou concluindo essa leitura descobrindo que essa tradição pode envolver muita ciência, engenharia, controle eletrônico e tecnologia pirotécnica. O que achou das soluções modernas adotadas pelo Vaticano? Escreva suas impressões na aba de comentários logo abaixo!

Veja Também: Conclave e Capela Sistina: História e Engenharia Reveladas Engenharia


Fontes: BBC, Folha de São Paulo, CNN, O Globo.

Imagens: Todos os Créditos reservados aos respectivos proprietários (sem direitos autorais pretendidos). Caso eventualmente você se considere titular de direitos sobre algumas das imagens em questão, por favor entre em contato com [email protected] para que possa ser atribuído o respectivo crédito ou providenciada a sua remoção, conforme o caso.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.