Blau cresce pouco no 1° tri, mas melhora margem e prevê retomada “forte”

A Blau Farmacêutica reportou um primeiro tri com crescimento fraco na receita — prejudicada por fatores atípicos. Por outro lado, teve mais um tri de expansão nas margens, que vem melhorando há mais de um ano com o turnaround da Bergamo e melhoras no mix.

Os números vieram praticamente em linha com as projeções do sellside.

A receita líquida ficou em R$ 373 milhões, uma alta de 4% ano contra ano e ligeiramente abaixo do consenso Bloomberg, que projetava R$ 384 milhões. 

O CEO Marcelo Hahn disse ao Brazil Journal que a receita foi mais fraca por conta do impacto que a companhia sofreu nas vendas da toxina botulínica, o famoso botox. 

11415 ede7229d 94d6 4d34 ad30 d0d56b5d55a0

A Blau tem duas marcas de botox: a Botulim e a Botulit, que ela passou a deter com a compra do laboratório Bergamo em 2023. Como cada uma das marcas tinha registro com um fornecedor diferente — o que criava um conflito de interesses — ela teve que vender um dos registros, o que aconteceu no primeiro tri.

A venda foi feita por US$ 7,5 milhões, o que gerou um impacto positivo no lucro líquido. Por outro lado, prejudicou a receita do trimestre. 

“Fizemos a venda do registro vinculado ao fornecedor e depois tivemos que fazer um novo registro da marca com o fornecedor que escolhemos manter. Mas entre fazer esse registro e colocar o produto no mercado de novo, ficamos sem a receita desse produto,” disse o CEO. 

Hahn disse, no entanto, que os pedidos represados do primeiro tri já foram faturados em abril, “então devemos ter uma venda forte no segundo e terceiro tri por conta desse represamento.”

Outro fator atípico que impactou a receita foi o cancelamento do contrato com um cliente de plasma nos Estados Unidos, por conta de divergências na parte comercial. “Já estamos no processo de buscar um novo cliente para esse plasma, então essa receita deve vir esse ano ainda. Mas é um processo que demora um pouco.”

Esses dois fatores levaram a uma queda de 24% ano contra ano da receita do segmento de ‘varejo, estética e plasma’, que responde por cerca de 15% da receita da companhia. 

Já a vertical hospitalar — que responde por 85% do top line — cresceu 9% no trimestre, com uma expansão de 15% nos hospitais privados e uma leve queda no setor público explicada pela sazonalidade. 

No trimestre, a Blau reportou uma margem bruta de 40,1% — em linha com o consenso. 

Essa margem foi 680 basis points maior que a do primeiro tri do ano passado, e levemente acima da do quarto tri (39,9%). É o sexto trimestre consecutivo de expansão da margem.

O CFO Douglas Rodrigues disse que a margem vem melhorando consistentemente por conta de mudanças no mix de produtos — com a introdução no portfólio de medicamentos com margem maior — e do turnaround que a empresa tem executado no Bergamo.

Quando comprou o laboratório, em agosto de 2023, a margem bruta da operação era de 2%. Hoje a margem já está em 29% com o aumento na utilização das plantas, mas ainda está abaixo do consolidado da companhia, puxando o número para baixo.

O objetivo é que a margem doo Bergamo convirja para a margem do restante da companhia até o final deste ano.

O EBITDA do primeiro tri ficou em R$ 83 milhões, em comparação à projeção de R$ 89 milhões dos analistas, e o lucro líquido veio em R$ 91 milhões, enquanto o mercado esperava R$ 64 milhões. (Excluindo o ganho com a venda do registro do botox, no entanto, o lucro teria sido de R$ 63 milhões, em linha com o sellside.)

A Blau disse que conseguiu no trimestre o registro de 15 medicamentos na América Latina; a maior parte deles já era vendida no Brasil, e agora será comercializada em outros países.

Esses produtos serão lançados ao longo do ano nestas outras geografias, contribuindo para a receita futura da companhia.

A empresa também disse que o pipeline de lançamentos é robusto para os próximos anos.

Enquanto nos últimos três anos a Blau lançou medicamentos com um mercado endereçável de R$ 2 bilhões, a expectativa para os próximos três anos é lançar produtos com um TAM de R$ 3 bi. Já no ciclo de 2028 até 2030, a meta é lançar medicamentos que tenham somados um TAM de R$ 6 bi, a maior parte anticorpos monoclonais.

“Nos últimos cinco anos, investimos R$ 1,7 bilhão em P&D e em aumento de capacidade,” disse o CEO. “Os ciclos no nosso setor são mais demorados, mas esses são investimentos que vão começar a render frutos agora.”

A ação da Blau sobe 32% nos últimos doze meses, com a empresa valendo R$ 2,5 bilhões na B3. 

O papel, no entanto, ainda está longe de sua máxima de R$ 53, com a ação hoje negociando a R$ 13,68. O múltiplo é de cerca de 7x seu lucro estimado para este ano. 

The post Blau cresce pouco no 1° tri, mas melhora margem e prevê retomada “forte” appeared first on Brazil Journal.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.