Investimentos da China no Brasil reforçam disputa geopolítica com EUA, avalia economista

Brasil e China ampliam acordos de cooperação em ciência e tecnologia.

O anúncio de R$ 27 bilhões em investimentos da China no Brasil, feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante viagem oficial a Pequim, foi interpretado pelo economista Igor Lucena como parte de um movimento geopolítico mais amplo. Segundo ele, estamos diante de uma nova Guerra Fria 2.0, na qual potências globais disputam influência política, econômica e estratégica em regiões como América Latina, África e Sudeste Asiático.

O compromisso da China com o Brasil é mais do que econômico. É um alinhamento político e ideológico que avança sobre áreas de interesse global, como minerais estratégicos, infraestrutura e tecnologia de alto valor”, afirmou Lucena em entrevista à BM&C News.

Modelo dos EUA vs modelo da China

Lucena destaca que, ao contrário da Guerra Fria original, a disputa atual não é entre capitalismo e comunismo, mas sim entre modelos distintos de capitalismo. De um lado, as democracias liberais lideradas por Estados Unidos e União Europeia; de outro, modelos de capitalismo de Estado, como o da China.

Hoje todos os blocos atuam dentro do capitalismo, mas com visões diferentes de organização, controle e influência. A disputa agora é por soft power, por zonas de influência e acesso a mercados consumidores”, explica.

EUA e Europa também avançam na América Latina

Além do avanço chinês, o economista destaca que os Estados Unidos também têm ampliado presença na região. O exemplo mais recente foi a abertura de um novo escritório estratégico do JP Morgan na Argentina. Para Lucena, isso reforça que as potências estão buscando aliados ideológicos e econômicos para consolidar sua presença na América Latina.

“Estamos vendo uma movimentação coordenada. A União Europeia com o acordo do Mercosul, os EUA com iniciativas bilaterais e agora a China com um pacote robusto de investimentos no Brasil”, pontua.

Investimentos como ferramenta de influência

Lucena também reforça que os investimentos diretos se tornaram uma ferramenta geopolítica fundamental neste novo ciclo global. Segundo ele, empresas e governos caminham lado a lado para expandir presença internacional.

Hoje, os investimentos representam mais do que capital. Eles são instrumentos de influência estratégica, com impacto direto na política externa e na estrutura produtiva dos países que os recebem”, conclui.

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