Novas regras de Milei: estudantes que moram na Argentina dizem que preocupação é inevitável


Para brasiliense, medida vai desestimular ainda mais ida de alunos estrangeiros para o país. Segundo universitária, desde 2024, número diminuiu por causa do custo de vida; ‘muitos voltaram ao Brasil ou foram estudar no Paraguai’.
Javier Milei, presidente da Argentina
Pablo Porciuncula/AFP
Um comunicado publicado pelo Governo de Javier Milei, da Argentina, pode alterar regras de migração e cobrar por serviços públicos, como saúde e educação, para estrangeiros que vivem no país. As novas regras devem ser formalizadas por meio de decreto.
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Na opinião da estudante de medicina Letícia Lopes, que é de Brasília e vive em Buenos Aires há cinco anos, o decreto deve “desestimular ainda mais” a presença de alunos estrangeiros.
“Desde o ano passado, a quantidade de novos estudantes estrangeiros diminuiu. Muitos voltaram ao Brasil ou foram estudar no Paraguai, principalmente os das universidades particulares”, diz a universitária.
Letícia não deve ser afetada pela medida porque tem residência permanente na Argentina. As novas regras devem afetar principalmente residentes transitórios, temporários e em situação irregular.
No entanto, ela diz que o governo Milei tem direcionado as críticas ao público estrangeiro nas universidades públicas. “Em 2024, o governo Milei escolheu os estrangeiros como alvo do problema de falta de verba”, diz a estudante
A brasileira conta que tem colegas que já desistiram do curso por causa do atual contexto.
“Como sou residente permanente, essas medidas não me afetam diretamente, mas alguns alunos se mudaram para o Paraguai. O país vizinho é mais acessível para viver e as universidades particulares são mais baratas”, diz Letícia.
‘É inevitável uma certa preocupação’, diz jornalista brasiliense que espera documentos para residir na Argentina
Javier Milei muda regras para restringir imigração
O jornalista Eduardo Moura, de 41 anos, vive em Buenos Aires há cerca de dois meses e está em em processo de obtenção da residência temporária. Ele se mudou para a capital argentina acompanhando a transferência do marido, e planeja permanecer no país por pelo menos dois anos.
O brasiliense conta que se preocupa com os efeitos das medidas sobre quem ainda está regularizando a situação migratória.
“Já protocolei o pedido junto à Migraciones e agora aguardo a validação final, que deve sair em cerca de dois meses. Com as novas regras, é inevitável uma certa preocupação. Ainda não está claro como essas medidas vão impactar os processos em andamento”, afirma.
Segundo ele, a notícia foi recebida com surpresa. “Sabemos que o governo atual tem um perfil mais rígido, mas o impacto direto sobre quem está tentando se regularizar no país não era esperado”, diz o jornalista.
Veja as medidas anunciadas
Nenhum estrangeiro condenado poderá entrar no país, e aqueles que cometerem qualquer crime em território argentino serão deportados, independentemente da pena.
Será exigido o pagamento pelos serviços de saúde para residentes transitórios, temporários e irregulares, e será obrigatória a apresentação de um seguro médico no momento da entrada na Argentina.
Universidades nacionais estão autorizados a estabelecerem uma cobrança para cursos universitários voltados a residentes temporários, caso optem por isso.
A cidadania argentina só será concedida a quem tiver residido de forma contínua no país por pelo menos dois anos ou tenha realizado um investimento relevante para a Argentina.
Para residência permanente, será necessário comprovar meios de subsistência suficientes e ausência de antecedentes criminais.
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