VW e Renault usam canhões anti-granizo para proteger veículos com ondas sonoras

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Aposto que você não sabe, mas as montadoras de veículos estão neste momento enfrentando uma guerra silenciosa, que impacta diariamente sua logística e sistemas operacionais. Olhe para o céu, observe as tempestades e poderá entender! Após tantas mudanças ambientais, é difícil prever eventos climáticos extremos, especialmente as chuvas de granizo. E essas pedras de gelo podem causar danos consideráveis aos carros estacionados nos pátios das fábricas. Mas para combater esse problema, a engenharia apresenta os canhões anti-granizo.

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Complexo Ayrton Senna, sede da Renault, está localizado em São José dos Pinhais, no Paraná – Imagem divulgação VW via Vrum

É isso mesmo que você leu! Empresas como Volkswagen e Renault têm adotado os canhões anti-granizo como solução para evitar a formação de pedras de granizo diretamente nas nuvens acima dos pátios de suas fábricas. A tecnologia, originária da Europa, já vinha sendo utilizada em lavouras de vinhedos e pomares e agora ganha essa aplicação no setor automotivo brasileiro. Saiba mais no artigo a seguir, do Engenharia 360!

O que são canhões anti-granizo?

Parece ficção científica, mas é realidade! Em centros tecnológicos como o de São José dos Pinhais, no Paraná, as gigantes da indústria automobilística, Volkswagen e Renault, instalaram canhões anti-granizo para transformar granizo em gotas de água antes que atinjam seus carros recém-fabricados estacionados nos pátios das montadoras. A saber, essa região está sujeita a aproximadamente doze eventos de chuva de granizo por ano, o que representa um enorme risco financeiro.

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Esses equipamentos futuristas custam caro, mas valem cada centavo! Trata-se de um dispositivo de engenharia projetado especialmente para interromper o ciclo da formação de granizo nas camadas superiores da atmosfera. Os canhões anti-granizo emitem ondas sonoras e hipersônicas que atingem as nuvens carregadas de umidade e gelo, como ondas de choque, criando vibrações que quebram os cristais antes que eles se tornem grandes o suficiente para cair como granizo.

Como funciona a engenharia dos canhões anti-granizo?

Os canhões anti-granizo usados pela Volkswagen e Renault utilizam gás acetileno armazenado em tanques seguros. Durante seu funcionamento, os equipamentos liberam o gás que, ao entrar em contato com o oxigênio do ar em uma camada de combustão, provoca uma explosão controlada com potência de cerca de 15.000 joules, emitindo um som de 80 decibéis – similar ao áudio de um trovão suave. Como você pode observar no vídeo a seguir, o som gerado é canalizado por um funil especial que o direciona para cima, minimizando o impacto acústico no solo.

Vale destacar que o funcionamento dos canhões anti-granizo é autônomo, usando satélites e radares; basta o sistema detectar a ameaça para entrar em ação! Assim que é ativado, começa a disparar explosões hipersônicas a cada 7 segundos, cujas ondas geradas viajam a uma altitude entre 10 e 50 km, interagindo com as nuvens carregadas de gelo. Então, em apenas 15 minutos, uma área de aproximadamente 800 mil metros quadrados já está totalmente coberta e protegida. A turbulência quebra os cristais de gelo em pedaços pequenos que derretem antes mesmo de alcançar o solo.

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Canhão anti-granizo é chamado de SPAG, e é importado da Espanha – Imagem SPAG Divulgação via Quatro Rodas

Sustentabilidade e inovação

Você pode estar se perguntando sobre essa combustão do acetileno. Pois bem, ela resulta apenas em dióxido de carbono e vapor de água, o que torna o processo consideravelmente mais limpo do que outras alternativas usadas no passado, como foguetes de nitrato de prata que chegaram a ser proibidos em vários países por conta dos seus efeitos colaterais ao meio ambiente. Além disso, a Volkswagen e a Renault se dizem comprometidas em encontrar soluções para reduzir ainda mais o impacto sonoro desses canhões anti-granizo, como a instalação de barreiras acústicas.

Por que o canhão anti-granizo é vantajoso para as montadoras?

  • Redução de prejuízos: Evita custos elevados com reparos e atrasos na entrega devido a danos causados pelo granizo.
  • Proteção eficiente: Age em tempo real, detectando e prevenindo danos através de sensores automatizados.
  • Sustentabilidade: Utiliza placas fotovoltaicas e combustíveis de queima limpa, alinhando-se às metas ambientais das montadoras.
  • Benefícios operacionais: Reduz danos materiais significativamente, melhora a imagem da marca, aumenta a produtividade logística e representa um investimento estratégico de longo prazo.
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Fábrica da Volkswagen em São José dos Pinhais, no Paraná – Imagem divulgação VW via Vrum

Quais são as aplicações dos canhões anti-granizo fora do setor automotivo?

Embora possa parecer uma novidade para os brasileiros, a tecnologia dos canhões anti-granizo é bastante antiga na Europa. Por lá, vários fazendeiros utilizam o sistema para proteger suas plantações. Claro que o método foi evoluindo ao longo dos anos até chegar na solução acústica, mais limpa e eficiente. Hoje, vários países utilizam esses canhões também, além das montadoras, em aeroportos e centros industriais. No sul do Brasil, fazendas de uvas e maçãs já demonstram interesse em investir na tecnologia para evitar perdas durante eventos climáticos extremos.

Qual o futuro da proteção meteorológica na indústria?

Apesar dos inúmeros benefícios, o uso dos canhões anti-granizo não está livre de polêmicas. Por exemplo, em 2018, a Volkswagen foi acusada por agricultores no México de causar seca na região depois de “espalhar a chuva” com os seus canhões; a empresa negou, alegando que a tecnologia apenas quebra o granizo, sem interferir na ocorrência de chuvas. Já em outras partes do mundo, muitas pessoas passaram a questionar a sustentabilidade do método ou mesmo a relatar desconforto por conta da emissão de ruído.

A verdade é que dependemos tanto dos produtos dessas indústrias quanto dos empregos que elas proporcionam – e todas vêm sendo desafiadas pelas mudanças climáticas e seus efeitos extremos.

Aqui, no Brasil, espera-se que, com o avanço nos sistemas de monitoramento, aliado a dispositivos mais silenciosos e autônomos, a tecnologia possa ser amplamente utilizada. Se hoje o foco está nas montadoras e na agricultura, futuramente podemos ver aplicações em terminais de carga, centros logísticos e até em condomínios residenciais de alto padrão. E você, o que pensa sobre isso?

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Fontes: Quatro Rodas, UOL, Garagem 360.

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